28 Agosto 2020
O manifesto "Pela saúde da democracia. Manifesto luterano" foi comentado e discutido por inúmeros leitores/as.
A seguir publicamos alguns dos comentários e a uma consideração dos autores do manifesto.
Comentário enviado por Ephrain Neitzke, 12-08-2020:
Boa tarde. Fiquei surpreso e triste ao tomar conhecimento do teor do chamado - Manifesto Luterano, pela saúde da democracia - assinado por 79 pastores, educadores e outras pessoas, possivelmente membros de nossas comunidades. O documento pretende ser um manifesto dos luteranos, apesar de conter apenas 79 assinaturas. Número pouco representativo. O documento carrega nas tintas de afirmações que podem ser discutíveis como opiniões pessoais dos signatários ou de uma entidade representativa dos luteranos? O documento espelha a opinião dos membros das comunidades da IECLB? Dos inúmeros aspectos citados no documento, destacamos:
1. O documento afirma: "O Brasil ultrapassou a triste marca de 100 mil mortos, vítimas da doença" atribuídas a gestão do coronavirus, sob a responsabilidade do Presidente Bolsonaro. Sobre essa afirmação cabem alguns esclarecimentos:
1.1. O STF retirou do Presidente toda a gestão do coronavirus, atribuindo essa gestão a Governadores e Prefeitos. Cabendo ao Executivo suprir esses entes públicos com recursos. O que foi feito.
1.2. Desde o início da pandemia o Presidente defendeu a quarentena vertical, temendo o desemprego e o fechamento de empresas. Quem defendeu a quarentena horizontal e "lockdown"? Os entes públicos delegados pelo STF. Qual a culpa do Presidente?
1.3. Afirmação do documento: "O Brasil ultrapassou a triste marca de 100 mil mortos, vítimas da doença. O luto de milhares de famílias chorando seus mortos não sensibiliza o governo na alteração de rumos no enfrentamento do covid-19". Dois aspectos a serem considerados:
1.3.1 a gestão não é do Presidente, mas dos Entes públicos designados pelo STF;
1.3.2 O portal da transparência do registro civil apresenta os seguintes dados sobre óbitos no Brasil: Abril19: 103.659; Abril20: 112.372; junho19:103.408; Junho20:128.758; Julho19:119.541; Julho20: 120.835.
2. O poder executivo expediu um Decreto considerando as Igrejas/Templos como "atividade essencial". Os Governadores e Prefeitos, de modo geral, ignoraram. Por que o documento não levanta essa questão junto aos Gestores. Afinal isso interessa a nos luteranos ou não? Esses apenas alguns aspectos que entendi pertinentes para serem destacados. Por último declaro que não me senti representado pelo manifesto, dado seu cunho político. Como Luterano vivendo há mais de 8 décadas jamais presenciei tamanho descompasso entre lideranças da igreja e suas comunidades.
Ephrain Neitzke, Comunidade de Santa Felicidade, Curitiba, Paraná.
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Comentário enviado por Lilian de Bruns Guenther, 12-08-2020.
Estou indignada com o teor do Manifesto Luterano e com todos os que o firmaram. Lamentável! Espero que esta não seja a posição da IECLB, que o legado de Martin Luther ainda seja a base de sustentação de nossa Igreja e da maioria das nossas pastoras, pastores e professores luteranos. Sugiro que todos os que assinaram leiam o que Augusto Césare escreveu em resposta ao Manifesto dos Bispos católicos, também contra Bolsonaro, divulgado há alguns dias pelas redes sociais. Aliás imagino que o Manifesto dos Bispos deve ter inspirado o Manifesto Luterano, são muito semelhantes na tendência claramente esquerdista e na miopia da leitura da realidade. Espero que tenham muitos luteranos indignados como eu! Lílian de Bruns Guenther.
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Comentário enviado por Egor Webster, 19-08-2020:
Prezados Colegas Luteranos,
Recebemos o documento intitulado “PELA SAÚDE DA DEMOCRACIA” e achamos que deveria ser reformulado para atender a uma visão ampla da nossa Igreja sobre a situação atual do país.
Apesar de se tratar da opinião de um grupo de luteranos e não da nossa IECLB, queremos aqui apresentar a opinião de luteranos que não concordam com boa parte das afirmações contidas no documento.
Seria interessante constituir um grupo de trabalho com luteranos de diversas opiniões para congregar e não dividir a nossa casa.
O enfoque canaliza toda a responsabilidade da pandemia ao Presidente da República, como vem fazendo a imprensa, e não cita o verdadeiro responsável por esta catástrofe. Se não puxarmos a orelha desse país, poderá em breve ocorrer nova epidemia com consequências devastadoras.
Além disto, falta uma análise dos outros dois poderes da República que apresentam muitas falhas, como aprovação de medidas de interesse exclusivamente políticas e a constituição do STF por membros indicados politicamente e não por juízes de carreira com extrema competência. Muitos procedimentos deveriam ser alterados para processos não levarem décadas para serem concluídos.
Concordamos totalmente que devemos levar a sério e defender o Meio Ambiente, onde as queimadas e os desmatamentos vem ocorrendo há séculos, em vários países do mundo.
A nossa Igreja deve tomar posições, mas sem a visão exclusivamente política, que aquele documento apresenta.
Temos que estar alertas, pois existem interessados em transformar a América do Sul num grande bloco comunista e com isto prejudicar nossa formação de cunho cristão.
Que nossos pensamentos sempre estejam voltados aos ensinamentos de nosso Criador.
Comunidade Luterana de Santa Felicidade, Curitiba PR
- Egor Webster
- Carl Heinz de Bruns Vogt
- Cora D’Bruns
- Elke Metzner Menegotti
- Emilio Fey
- Erica Telpizov
- Harry de Bruns Vogt
- Lilian de Bruns Guenther
- Soeleni Knop
- Vera Einsiedel
Comunidade Luterana Igreja de Cristo, Curitiba PR
- Elisabet Margarida Mäenich de Jesus Rocha
- Ilona Von Baranow
- José Geraldo de Jesus Rocha
Comunidade Luterana Ascensão, Curitiba PR
- Ana Maria Brackmann
- Ercilia Scholze
- Izabel Regina de Andrade Machado
- Lilian Sukow Meister
- Otto Meister Neto
Igreja Luterana Redentor, Curitiba PR
- Mariane Cristine Machado Scandelari
Comunidade Luterana de Itajai -SC
- Ester Zwiener Nehring
Comunidade Luterana do Rio de Janeiro - RJ
- Solange Maria do Valle
Igreja Luterana de Oxford -São Bento do Sul – SC
- Christa Weiss
- Odenir Osni Weiss
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Comentário enviado por Marlise Heemann Grassi, 21-08-2020:
Em relação ao manifesto luterano tenho algumas perguntas a fazer:
1. Quem são essas pessoas que se autorizaram a publicar um manifesto em nome dos luteranos? As comunidades luteranas, no geral, são integradas por pessoas decentes que AINDA acreditam que estão vinculadas a uma religião e não a uma facção político-partidária.
2. Quem são as pessoas que assinaram o manifesto e que moram no exterior usufruindo as boas condições de vida dos países capitalistas? Se querem opinar venham trabalhar no Brasil, ajudar o país a crescer e só depois palpitar sobre as questões internas.
3. Quem são esses pastores que assinaram o documento? A partir de agora vão pregar as suas "verdades" e não a palavra de Deus? É bom não frequentar os cultos.
Sugestões:
1. É importante atribuir atividades aos manifestantes, que beneficiem comunidades e principalmente aqueles que mais precisam de apoio. Ocupar a cabeça com assuntos importantes é fundamental.
2. Pesquisar melhor certos assuntos. Cuidado com o achismo.
Alerta: 1. O manifesto gerou efeitos contrários aos esperados pelos manifestantes. O conteúdo redundante e repetitivo do texto é pobre e vem gerando revolta e decisões que se opõem ao proposto e pretendido. Respeito opiniões e espero ser respeitada (ao menos desta vez).
Profa. Dra. Marlise Heemann Grassi
· Somos membros da IECLB. Com o manifesto não representamos a instituição eclesiástica, mas expressamos nossa preocupação com o presente e o futuro do País. Fazemos isso como também o fazem outros cidadãos e outras cidadãs. Entendemos que os fatos que arrolamos falam por si; eles nos inquietam existencialmente.
· Respeitamos as posições de outras pessoas, inclusive na própria Igreja, sem desmerecer suas ideias e suas caminhadas no País e fora dele.
· Estamos cientes de que um manifesto como o nosso desperta controvérsias entre membros e não membros. Expressamos nossa convicção de que a discussão franca e livre é saudável. Sem desqualificação pessoal dos que pensam o contrário, tende a crescer o espírito e a prática republicana entre nós.
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“Pela saúde da democracia. Manifesto luterano”. Alguns comentários - Instituto Humanitas Unisinos - IHU