Arcebispo alemão pede debate aberto sobre a ordenação de mulheres na Igreja

Foto: Tiffany Education/Wikipedia

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24 Agosto 2020

O arcebispo de Hamburgo, na Alemanha, Stefan Hesse, pediu um debate aberto sobre a ordenação de mulheres na Igreja Católica.

A reportagem é de Colleen Dulle, publicada por America, 20-08-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“É preciso permitir que se pensem e discutam as questões”, disse o arcebispo alemão no dia 19 de agosto. Ele argumentou que a Ordinatio sacerdotalis, a carta de São João Paulo II de 1994 que afirmava que a Igreja não pode ordenar mulheres como padres, se posicionou como uma resposta àqueles que consideravam que a ordenação de mulheres estava “aberta ao debate” e afirmou o sacerdócio exclusivamente masculino “para que todas as dúvidas pudessem ser removidas sobre um assunto de grande importância”.

O arcebispo Hesse disse que novos argumentos surgiram no debate sobre a ordenação de mulheres e que precisam ser abordados. “A perspectiva histórica é uma coisa, mas não é tudo”, disse ele.

O arcebispo Hesse é membro do fórum sobre “Mulheres nos ministérios e ofícios da Igreja”, no projeto de reforma do Caminho Sinodal, lançado pela Igreja Católica da Alemanha.

O projeto coloca os leigos – representados pela proeminente organização leiga alemã Comitê Central dos Católicos Alemães – em diálogo com os bispos daquele país sobre uma série de temas relevantes para a Igreja hoje, incluindo a sexualidade, o celibato sacerdotal e os papéis das mulheres. O comitê dos leigos defende abertamente a ordenação de mulheres tanto como diáconas quanto como sacerdotes.

O arcebispo disse esperar que os debates sobre a reforma examinem questões controversas e que os bispos repassem os resultados a Roma. “Mas também tenho a visão realista de que isso não vai responder ou resolver as questões”, disse ele.

O projeto de reforma, anunciado em 2019 como um “processo sinodal vinculante” em resposta a um relatório de 2018 sobre os abusos sexuais na Igreja alemã, chamou a atenção do Papa Francisco e do Vaticano.

Em junho de 2019, antes da primeira reunião do grupo, o Papa Francisco escreveu uma carta ao grupo que foi interpretada como uma sugestão de que a Igreja na Alemanha fizesse um “caminho sinodal” separado e semelhante, com foco na evangelização.

Isso foi seguido por uma revisão legal do Vaticano em setembro passado, que declarou que o plano do Caminho Sinodal de chegar a decisões vinculantes significava que a reunião era, na verdade, um “concílio plenário”, o que exigiria a aprovação do papa.

Um porta-voz da Conferência dos Bispos da Alemanha descartou a preocupação do Vaticano, dizendo que Roma não tinha visto os documentos de planejamento atualizados, que omitiam “algumas passagens às quais a avaliação se refere”. O porta-voz disse que o cardeal Reinhard Marx, então presidente da Conferência Episcopal, planejava se reunir com o cardeal Marc Ouellet, cuja carta acompanhou a revisão legal, para “esclarecer quaisquer mal-entendidos”.

Por fim, concluiu-se que as decisões do Caminho Sinodal não são canonicamente vinculantes e não precisam ser aprovadas por Roma. Mas, como Francisco afirmou em sua carta, qualquer reforma deve seguir o ensino católico. A implementação das decisões caberá a cada bispo e diocese alemães.

O novo presidente da Igreja alemã, o bispo Georg Batzing, pediu um sínodo para toda a Igreja, a ser realizado em Roma para discutir as conclusões do Caminho Sinodal.

Alguns participantes se afastaram do Caminho Sinodal, incluindo Marianne Schlosser, membro da Comissão Teológica Internacional, e um bispo auxiliar de Colônia, que citou preocupações pelo fato de o grupo endossar ou ter fixação em mudar os ensinamentos da Igreja.

Aos 54 anos, o arcebispo Hesse é o bispo mais jovem da Alemanha e tem se posicionado claramente sobre as mudanças climáticas e a crise imigratória europeia.

Em nome dos bispos alemães, o arcebispo Hesse distribuiu 100 milhões de euros em ajuda aos migrantes e designou 800 propriedades da Igreja não utilizadas para o alojamento de migrantes.

Quando questionado sobre se defendia a ordenação sacerdotal de mulheres e de pessoas que não se identificam como homens, o arcebispo Hesse disse que estava entrando nos debates sobre a reforma com a mente aberta. “Se os resultados já estão fixados desde o início, então eu não tenho nenhum interesse no Caminho Sinodal.”

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