03 Agosto 2020
A festa de Santo Inácio tem sido momento para inaugurar oficialmente o Ano Jubilar de 25 anos de serviço itinerante, institucional da família inaciana na Amazônia, que vai se prolongar até maio de 2021. Na verdade, essa inauguração deveria ter acontecido no dia 2 de maio, lembrando o início do Distrito dos Jesuítas da Amazônia, um momento adiado pela pandemia do coronavírus. A inauguração aconteceu na missa presidida pelo arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, acompanhado de vários jesuítas que realizam sua missão pastoral em Manaus e do bispo auxiliar, Dom Tadeu Canavarros, assim como uma representação da família inaciana.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O carisma inaciano promove o espírito missionário, a experiência do amor incondicional de Deus, a busca de encontrar Deus em todas as coisas e em tudo amar e servir. Segundo o Padre David Romero, superior da Preferência Apostólica Amazônica, “quando foi criado o grupo apostólico aqui, algo mais institucional, foi um gesto valorizando a importância da Amazônia”. Ele afirma que “naquele tempo o provincial morava em Salvador, Bahia, muito distante, visitava talvez uma vez por ano. Valorizando a Amazônia, vendo a importância, a Companhia criou essa presença institucional, através de um superior local”.
Padre David Romero, superior da Preferência Apostólica Amazônica. (Foto: Luis Miguel Modino)
A Amazônia tem cobrado uma importância especial nos últimos anos. O atual superior dos jesuítas na região, afirma que “através de Laudato Si', através do Sínodo, o mundo está olhando para a Amazônia”, algo assumido pelos jesuítas, “respondendo aos desafios, inseridos com o povo indígena, o serviço aos migrantes, a evangelização através de nossas paróquias, o SARES, com a articulação socioambiental, também o trabalho da espiritualidade”, segundo o padre David Romero, que destaca que trata-se de um trabalho eco-socio-ambiental. Atualmente são, mais ou menos, 30 jesuítas na região, 15 em Manaus, estando também em Belém e Santarem, no Pará, Boa Vista e Novo Paraíso, uma aldeia indígena, em Roraima, Assis Brasil, no Acre, e Porto Velho, em Rondônia.
O padre David Romero destaca que este momento não é só dos jesuítas, e sim da “família inaciana, porque foi muito importante a parceria com leigos e leigas, religiosos e religiosas, isso cresceu muito ao longo desses 25 anos, queremos frisar muito isso também”. Comemorar os 25 anos é uma oportunidade para “valorizar, saborear, as pessoas, as iniciativas, os valores, as pistas, a presença de tantos leigos, leigas, religiosos, religiosas”, insiste o superior na Amazônia. De fato, ele afirma que “essa sinodalidade, esse trabalhar em rede, são realidades que marcam a Igreja na Amazônia. Esse modo de trabalhar juntos, em rede, em parceria, só pode ir crescendo, amadurecendo”.
(Foto: Luis Miguel Modino)
Esse trabalho, essa forma de entender a caminhada da Igreja na Amazônia, é fruto da espiritualidade inaciana. Segundo o jesuíta, “temos vários leigos que tem participado dos Exercícios Espirituais e dos exercícios na vida cotidiana, porque essa experiência é importante, de poder beber das fontes da espiritualidade inaciana. Isso ajuda a pessoa a se engajar mais na espiritualidade e realmente se torna parte da família inaciana”.
No tempo que vive a Igreja da Amazônia hoje, cobra mais valor aquilo que inspirava a vida do padre Cláudio Perani, primeiro superior do Distrito, ter coragem e ter ousadia diante dos desafios e dificuldades, e deixarmo-nos guiar pelo Espírito. Aquilo que marcou a vida do padre Perani, continua animando o compromisso missionário dos jesuítas na Amazônia. Segundo o atual superior, “continuamos comprometidos com o povo indígena, em Roraima, no Acre, em Manaus. Desde que a Companhia de Jesus chegou no Brasil, no tempo de Anchieta, é uma coisa que continua firme, é uma coisa que não podemos deixar”. Ele lembra do trabalho da Equipe Itinerante, fundada por Cláudio Perani, que tem uma ligação com os povos indígenas e comunidades tradicionais.
Ultimamente, os jesuítas da Amazônia, diante do grande aumento da migração na região, por causa da situação da Venezuela, tem assumido essa causa, “nós temos uma iniciativa em Boa Vista e em Manaus, onde tem um fluxo grande de venezuelanos”, segundo o Padre David Romero. Junto com isso, ele destaca que “outro desafio é a espiritualidade inculturada, encarnada, para respeitar a religiosidade e a espiritualidade do povo que está aqui, enriquecendo juntos, somando, crescendo juntos nesse campo da espiritualidade”, algo que é desenvolvido, principalmente, nas casas de retiro em Manaus e Belém.
(Foto: Luis Miguel Modino)
Nesse campo da espiritualidade, o superior dos jesuítas na Amazônia, enfatiza que “nos últimos anos temos trabalhado os exercícios espirituais ecológicos, marcados pela Laudato Sí' e a ecologia integral, a espiritualidade na linha da ecologia integral”. Segundo o religioso, os jesuítas querem “junto com a Igreja, caminhar buscando novos caminhos para a Igreja nessa região amazônica”.
Jesuítas em Manaus. (Foto: Luis Miguel Modino)
No trabalho pastoral dos jesuítas, destaca sua presença no mundo juvenil, através do programa e o espaço Magis, presente em Belém, Manaus e Santarém. Segundo o padre David, “através desse programa, os jovens começam experimentar a espiritualidade e visão inaciana, e isso para nós é um investimento muito importante, para os jovens irem abraçando essa visão, essa espiritualidade, e assim trabalhando em parceria”. Pensando no futuro, ele insiste em que “a ideia é continuar investindo na juventude, nas pessoas de boa vontade que querem somar conosco, também trabalhando a pastoral vocacional, que pessoas interessadas em abraçar a vida religiosa, a vida sacerdotal, possam ser acompanhadas e encontrar a vontade de Deus para eles”.
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Jesuítas na Amazônia, 25 anos de compromisso com os povos da região - Instituto Humanitas Unisinos - IHU