13 Mai 2020
“Honestamente, eu não entendo”. Mahmoud Asfa é presidente do Conselho de Administração da Casa da Cultura Islâmica em Milão e Imã. Na Itália há 35 anos, pertence à mesquita de Padova 144, o mesmo bairro que Silvia Romano. A notícia de sua libertação o encheu de alegria, mas não esconde dúvidas sobre sua conversão.
A entrevista com Mahmoud Asfa é editada por Chiara Baldi, publicada por La Stampa, 12-05-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
O que deixa você perplexo?
Algumas questões. Em primeiro lugar, pergunto-me como é possível considerar livre a adesão a uma religião enquanto você está há meses nas mãos de sequestradores tão violentos quanto aqueles do Al Shabaab. Depois, o fato de ela escolher se tornar muçulmana depois de ler o Alcorão em italiano. Lembramos que muitas traduções são imprecisas, erradas ... Além disso, eu, que sou um falante nativo do árabe, frequentemente acho difícil entender o que está escrito no Texto Sagrado.
Silvia Romano (Foto: Leggilo.org)
Em que sentido?
É um livro complexo. Mesmo conhecendo perfeitamente o árabe, você precisa do suporte de outros textos para interpretá-lo.
Existe um rito para se tornar muçulmano?
Não. A conversão ocorre quando você está realmente convencido dos valores islâmicos. Basta dizer ‘não há outra divindade além de Deus e Maomé é seu mensageiro’.
Você acredita que Silvia Romano sofreu violências que a convenceu a abraçar a fé islâmica?
Isso não tenho como saber. Sabemos que o Al Shabaab é um dos grupos terroristas mais violentos, afiliado à Al Qaeda. Não sei que tipo de islamismo eles propuseram, pois não representam essa religião. Raciocinando, não consigo entender como uma pessoa que foi sequestrada possa abraçar a religião de seus captores. Posso acrescentar uma coisa?
Silvia Romano (Foto: Sullastrada.org)
Claro.
Vamos deixar Silvia em paz por um tempo, deixá-la aproveitar o retorno para casa, sua família, a liberdade e depois entenderemos o que aconteceu ... Teremos tempo para entender.
Silvia Romano (Foto: Vatican Media)
Você acolherá Silvia Romano em sua mesquita?
Minha família e eu daremos as boas-vindas por seu retorno para casa e não porque se converteu ao Islã. Isso é uma coisa pessoal e íntima. Se mais tarde, quando o caminho da conversão estiver claro, quiser frequentar à nossa mesquita, será bem-vinda.
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“Difícil pensar em uma decisão livre nascida em cativeiro”, Imã em Milão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU