24 Abril 2020
Intensificar fiscalizações em áreas protegidas e aperfeiçoar o processo de licenciamento e monitoramento dos planos de manejo florestal sustentáveis são caminhos para reverter esse cenário
A reportagem é de Stefânia Costa, publicada por EcoDebate, 23-04-2020.
Um novo estudo publicado pelo Imazon atestou que 38 mil hectares de floresta foram explorados no período de agosto de 2017 a julho de 2018. Desses, apenas 30% possuíam autorização para exploração, enquanto 70% eram irregulares. O Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (SIMEX) cruza informações das Autorizações para Exploração Florestal (Autefs) operacionais no período, emitidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado do Pará (Semas-PA), com imagens de satélite processadas para verificar a consistência e execução dessas autorizações.
“A exploração não autorizada de madeira concentrou-se principalmente em áreas privadas ou sob disputa (76%), seguida de Terras Indígenas (12%), Assentamentos (8%) e Unidades de Conservação (UCs) (5%). Quanto às áreas privadas, foram mapeados 18.796 hectares em propriedades inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), representando 70% da extração ilegal mapeada no estado”, informa a pesquisa.
Os dados apontam uma redução de 29% na exploração detectada pelo sistema com relação ao período anterior, sendo 47% de exploração autorizada e 17% de não autorizada. Parte desses números se deve ao fato das imagens acabarem comprometidas por nuvens, o que impede a análise.
O estudo também analisou os hectares de desmatamento por município. Entre os que tiveram maiores quantidades de exploração ilegal estão Paragominas, Tomé-Açú, Dom Eliseu, Uruará e Ipixuna do Pará, com um total de 16.640 hectares explorados sem autorização.
“Na comparação com o período anterior (agosto/2016 a julho/2017), observamos reduções expressivas na exploração ilegal de madeira nos municípios de Portel (100%), Dom Eliseu (61%) e Tomé-Açú (54%). Por outro lado, observamos aumentos consideráveis nos municípios de Altamira (845%), Rondon do Pará (206%) e Dom Eliseu (77%). O município de Paragominas, topo da lista, ainda apresentou aumento de 12% em relação ao período anterior”, observa o relatório.
Também foi avaliada a qualidade de exploração e manejo da floresta nas áreas exploradas com autorização. “Dos planos de manejo operacionais, selecionamos 28 Autefs em cujas imagens de satélite foi possível visualizar cicatrizes da exploração de madeira e avaliar sua qualidade. Da exploração detectada nessas imagens, aproximadamente 28 mil hectares (78%) apresentaram qualidade intermediária e cerca de 8 mil hectares (22%) apresentaram qualidade boa. Nenhum caso foi classificado com manejo de baixa qualidade”.
O estudo também traz recomendações para melhorar o monitoramento da atividade exploratória no Pará. São elas: Aperfeiçoar o processo de licenciamento e monitoramento dos planos de manejo florestal sustentáveis; facilitar o acesso a dados sobre os planos de manejo; intensificar fiscalizações em áreas protegidas e verificar a consistência de listas de espécies florestais dos projetos.
“O monitoramento de planos de manejo é fundamental para a prevenção e combate a irregularidades no setor florestal, além de estimular o bom manejo. Dessa forma, com base nos resultados apresentados neste relatório, consideramos crucial melhorar o monitoramento dessa atividade no estado”, finaliza a pesquisa.
Veja o estudo completo aqui.
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70% da exploração madeireira no Pará é ilegal, de acordo com estudo do Imazon - Instituto Humanitas Unisinos - IHU