25 Abril 2020
"O Cristianismo Positivo na Alemanha silenciou quando o governo hitlerista partiu para ações de violência contra judeus, ciganos e outros “indesejáveis” enviados para campos de concentração. A versão tupiniquim desta deturpação dos princípios e valores de Jesus tem, conscientemente ou não, apoiado o que é flagrantemente contrário ao que estes cristãos evangélicos e católicos no Brasil dizem acreditar", escreve Carlos Caldas, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Minas em Belo Horizonte.
Não é novidade nenhuma dizer que política e religião andam de mãos dadas. Isto é algo que acontece desde sempre. A relação de simbiose entre trono e altar tem acontecido em praticamente todas as culturas e tradições religiosas, com palácio e templo vivendo em dependência um do outro. Em outras palavras, um “toma lá, dá cá” entre a liderança política e a religiosa.
Mas a história nos ensina também de casos em que o Estado tentou suprimir a religião, assumindo a partir daí características religiosas. Como exemplo, pode ser citado o México revolucionário, que estatizou propriedades da Igreja Católica Romana, e decretou que entidades de fim religioso como as Filhas de Maria fossem mudadas em Hijas de Juárez (“Filhas de Juarez”, em referência ao líder político Benito Juárez)[1]. Neste caso, religião e política se fundiram em uma única instância.
A noção de Estado laico é muito recente na história humana. Mas não raro acontece que um Estado seja laico na teoria, mas não na prática. A ideia é que o Estado não tenha uma crença oficial, mas respeite a confessionalidade dos indivíduos e grupos que constituem a sociedade. É bem verdade que nem sempre é fácil para um Estado manter a laicidade e o tratamento isonômico entre as tradições religiosas que compõem sua população. Talvez este seja um dos desafios mais delicados da nossa época.
Nesta relação complicada entre política e religião pode acontecer que a liderança política utilize símbolos e linguagem (ou linguagens) religiosas de maneira manipuladora. Isso aconteceu à farta na Alemanha de Hitler, quando se viu o movimento dos Deutsche Christen, os “Cristãos Alemães”, uma mescla estranha de crenças cristãs conforme o modelo do chamado “Cristianismo Positivo”, que reinterpretava o cristianismo à luz da ideologia ariana, recebendo ao mesmo tempo influências de tradições pagãs europeias pré-cristãs e de religiões orientais[2]. A escolha da suástica, ou cruz gamada como símbolo do nazismo não é mera coincidência, visto tratar-se de símbolo religioso usado no hinduísmo e no budismo há séculos. Na reinterpretação da tradição cristã levada a cabo pelo “Cristianismo Positivo” (que de positivo só tinha o nome) nazista Jesus foi apresentado como sendo ariano, sem qualquer traço de “judaicidade”.
Em 1933 foi organizada a “Igreja do Reich”. O próprio Hitler tinha interesse em que Ludwig Miller, que era luterano de origem, e partidário ardoroso das propostas nazistas, fosse eleito bispo desta igreja, o que eventualmente veio a acontecer. À “Igreja do Reich” dos “Cristãos Alemães” se opôs à Bekennende Kirche, “Igreja Confessante”, que contou com figuras conhecidas como os luteranos Martin Niemöller (que fora combatente na Marinha alemã na Primeira Guerra Mundial) e Dietrich Bonhoeffer, um dos principais teólogos do século passado e que veio a se tornar mártir da resistência ao nazismo, pois foi enforcado em 9 de abril de 1945 por ordem de Hitler, devido ao envolvimento de Bonhoeffer em um complô para eliminar o Fuhrer[3].
Eberhard Bethge, naquela que é considerada a biografia definitiva de Bonhoeffer conta que a reunião de organização da Igreja do Reich em 1933 se deu exatamente em Wittenberg, local simbólico para o protestantismo alemão, por ter sido o berço da Reforma. Nesta ocasião o bispo Joachim Hossenfelder, diante do túmulo de Lutero dirigiu-se a Miller exclamando: “Eu te saúdo, meu Bispo do Reich”, e nesta hora Franz Hildebrandt, amigo de Dietrich Bonhoeffer cochichou-lhe: “Acredito que Lutero se revirou no túmulo agora” (BETHGE, 2000, p. 320).
O Brasil desde 2019 vive sua própria versão do Cristianismo Positivo alemão da década de 1930. Parte nada desprezível da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 se deve a um contingente razoavelmente grande população evangélica do país, que viu em Jair Messias Bolsonaro um messias. Os “crentes” brasileiros, pentecostais em sua grande maioria, alimentam há décadas o sonho de um presidente evangélico. Com base em leituras superficiais de textos como “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl 33.12 a) e “o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda” (Dt 28.13), a maior parte dos evangélicos brasileiros entendeu que estes versículos se cumpririam no Brasil quando o Presidente da República fosse um “irmão”, um membro de uma igreja evangélica. O dia que isso acontecesse os problemas da nação seriam resolvidos, como que em um passe de mágica. Estes se esquecem que Café Filho (João Fernandes Campos Café Filho), que exerceu a presidência por pouco mais de um ano, entre agosto de 1954 e novembro de 1955) era membro da Igreja Presbiteriana Independente[4].
Além de Café Filho o Brasil teve também o General Ernesto Geisel, luterano, mas este “não contava”, por ser luterano, pois para a maioria dos pentecostais e para muitos outros evangélicos que, sem se darem conta, assimilaram alguns princípios do etos pentecostal, um luterano é pouco diferente de um católico. Logo, “não vale”. Tem que ser um “crente” de verdade. E quando Bolsonaro surgiu, este grande contingente da população evangélica brasileira entendeu que finalmente era chegada a hora de ter um presidente cristão.
Bolsonaro sabia disso já há alguns anos. O fato de ter sido batizado em 2016 no Rio Jordão em Israel por Everaldo Dias Pereira, político e pastor pentecostal não é mera coincidência. Há na mentalidade evangélica brasileira um apelo simbólico muito forte em relação a Israel, que é visto como lugar sagrado, tal como descrito por Mircea Eliade. Bolsonaro foi batizado, mas não se filiou a nenhuma igreja, o que não é, ou pelo menos não deveria ser, praxe para os evangélicos. Além disso, Bolsonaro usou à farta em sua campanha um tema que é muito caro aos evangélicos: a defesa da assim chamada família tradicional, e o ataque à pauta identitária, uma bandeira importante da “nova esquerda”, conforme descrita pelo recentemente falecido filósofo inglês Roger Scruton, bandeira esta defendida por partidos como o PSOL.
O lema bolsonarista “Deus acima de todos” teve o poder de atrair evangélicos como formigas são atraídas pelo açúcar. Tendo recebido voto maciço da população evangélica, Bolsonaro se elegeu presidente. E desde então, tem usado e abusado de gestos que visam garantir o apoio dos evangélicos. Exemplos destas ações não faltam: de acordo com matéria publicada no jornal Extra, só em 2019 Bolsonaro teve 40 compromissos oficiais evangélicos, sendo 23 no Palácio do Planalto e 17 eventos, incluindo duas participações na conhecida Marcha para Jesus[5].
Bolsonaro anunciou publicamente seu desejo que o STF tenha um ministro “terrivelmente evangélico”[6], e anunciou o desejo de transferir a Embaixada do Brasil em Israel de Tel Avi para Jerusalém[7]. “O Brasil é laico, mas o presidente é cristão”, afirmou ele. Esta frase tem servido de combustível que alimenta a fogueira do sonho evangélico de um presidente que defenda o que o grupo entende ser prioridade na agenda cristã: a defesa da família e a “pauta de costumes”.
Todos estes gestos e falas de Bolsonaro seduzem consideráveis contingentes da população evangélica brasileira[8]. Na verdade, não apenas evangélicos se permitem seduzir por este discurso, pois não poucos católicos carismáticos têm manifestado apoio inconteste ao atual governo. Não sem razão o sociólogo anglo-brasileiro Paul Freston aponta Bolsonaro como o primeiro presidente “pan-cristão” da história do Brasil.
Curiosamente, temas de peso muito grande na Bíblia como a defesa dos mais frágeis e desprotegidos na pirâmide social, citados tantas vezes na Bíblia pela tríade “o órfão, o peregrino (ou migrante) e a viúva”, não aparecem no discurso de Bolsonaro e não são cobrados pelas lideranças evangélicas que o assediam e o procuram com tanta frequência. No dia 8 de fevereiro deste ano, Bolsonaro compareceu ao mega evento evangélico The Send no Estádio Mané Garrincha em Brasília. O evento aconteceu ao mesmo tempo na capital federal e na capital de São Paulo. Um cantor norte-americano participando do evento em São Paulo anunciou que Bolsonaro tinha naquele exato momento “aceitado a Jesus”, expressão que no jargão evangélico indica que a pessoa se converteu a Cristo. Ao ouvir o anúncio, a multidão presente foi ao êxtase, em um frenesi coletivo[9].
Não faltam manifestações de apoio da parte de religiosos evangélicos e católicos carismáticos a Bolsonaro que lançam mão de linguagem religiosa. Na Igreja Presbiteriana de Londrina, que faz parte da Igreja Presbiteriana do Brasil, denominação que conforme estudos consagrados pelo uso em sociologia da religião no Brasil, faz parte do assim chamado “protestantismo clássico”, um pastor pediu de público que os membros assinassem uma ficha de afiliação ao pretendido partido político que Bolsonaro quis criar, por ter rompido com o PSL (Partido Social Liberal)[10]. A situação tem se intensificado com a crise do coronavírus, quando o presidente da República, extrapolando de suas funções, convocou um jejum nacional no último dia 5 de abril[11]. Um vídeo com participação de muitos líderes neopentecostais, e alguns poucos líderes do protestantismo clássico endossando a convocação presidencial foi amplamente divulgado.
Imagens de apoio a Bolsonaro com linguagem religiosa estão sendo amplamente divulgadas nas redes sociais. Em uma, que emula a cena dos Evangelhos em que Pedro afunda no Mar da Galileia, mas Jesus o resgata, Jesus aparece segurando o braço de Bolsonaro dizendo: “Coragem Capitão, temos um país inteiro para salvar”. Em outra, aparece uma foto de Bolsonaro e Michele, sua esposa, ambos com a fronte ligeiramente encurvada e olhos fechados, em uma típica postura de prece, e tendo ao fundo uma imagem de Jesus com o Sagrado Coração, encimada pelos dizeres “Ele sofre por nós. Ele levou uma facada por nós. Ele veio para salvar os brasileiros. Mas vai salvar o mundo”, e na parte de baixo da montagem as frases “A cura não é dos cientistas. A cura não é dos médicos. A cura não é dos governadores. A cura é de Bolsonaro”. A única palavra que pode ser usada em uma análise desta imagem em perspectiva teológica é: idolatria. Bolsonaro está sendo literalmente idolatrado. Surgiu uma nova religião no Brasil: a bolsonarolatria, o credo dos bolsonarólatras.
O que mais chama atenção neste grande movimento da parte de evangélicos e católicos carismáticos brasileiros que em sua virtual maioria têm hipotecado apoio irrestrito e acrítico ao presidente é o fato que estes não veem as discrepâncias e incoerências tremendas que há entre os discursos e ações de Bolsonaro e os princípios e valores exarados nos textos bíblicos, que evangélicos e católicos carismáticos dizem ter como revelação divina. Assim como o Cristianismo Positivo alemão reinterpretou o cristianismo de conformidade com os princípios do nacional-socialismo, pela mesma forma vê-se no Brasil uma reinterpretação do cristianismo de conformidade com os princípios e valores do “bolsolavismo”, isto é, o bolsonarismo “raiz”, direcionado pelos ensinamentos de Olavo de Carvalho. Desta maneira, desprezam-se textos como “Não confieis em príncipes nem em filhos dos homens, em quem não há salvação” (Sl 146.3). Prova do desprezo a este texto é o fato que da imagem amplamente divulgada por muitos religiosos evangélicos no Brasil, especialmente em 2019, no início do atual governo, de uma foto em que aparecem lado a lado Bolsonaro, Paulo Guedes e Sergio Moro, e os dizeres “Estes três salvarão o Brasil”. A recomendação do mencionado Sl 146.3 foi esquecida.
Várias recomendações neotestamentárias quanto ao modo de ser e agir dos que querem trilhar o caminho do discipulado, o seguimento de Jesus de Nazaré que são sistematicamente desprezadas por Bolsonaro são mesmo assim aplaudidas por mitos que se dizem cristãos. Exemplos não faltam. Um é a recomendação paulina que diz: “não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe” (Ef 4.29 a), interpretada tradicionalmente pela tradição evangélica como interdito ao uso de “palavrões”. Mas a versão tupiniquim do Cristianismo Positivo não se incomoda com a linguagem chula e de baixo calão que Bolsonaro usa com muita frequência.
Outro exemplo está no conhecido dito de Jesus que recomenda abrir mão da violência como resposta à violência, para não alimentar uma espiral sem fim de vingança: “Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso, mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra” (Mt 5.38-39). Toda a retórica de Bolsonaro vai em direção totalmente contrária, com uma apologia explícita da violência. Não é mera coincidência que o símbolo de sua campanha seja o famigerado gesto da “arminha”.
Uma foto que também circulou amplamente nas redes sociais mostra um grupo de jovens em uma igreja pentecostal com braços para o alto fazendo o gesto. Quando o próprio Bolsonaro fez o gesto que o consagrou em uma das edições da “Marcha para Jesus” que participou, nenhum líder pentecostal ou neopentecostal o criticou por isso.
De igual maneira, silêncio absoluto da parte de líderes neopentecostais com grande visibilidade midiática quando em 2019 em compromissos oficiais Bolsonaro participou de rituais em templo hinduísta na Índia[12] e em santuário xintoísta no Japão[13]. Estas atitudes são consideradas abominação para os evangélicos. Mas nenhuma palavra de crítica quando Bolsonaro as fez. Muito pelo contrário: alguns líderes evangélicos neopentecostais brasileiros que são estrelas da mídia, com centenas de milhares de seguidores nas redes sociais se apresentam como se fossem o Ludwig Miller do Brasil.
O Cristianismo Positivo na Alemanha silenciou quando o governo hitlerista partiu para ações de violência contra judeus, ciganos e outros “indesejáveis” enviados para campos de concentração. A versão tupiniquim desta deturpação dos princípios e valores de Jesus tem, conscientemente ou não, apoiado o que é flagrantemente contrário ao que estes cristãos evangélicos e católicos no Brasil dizem acreditar. Tudo isso faz lembrar o protesto do profeta Isaías: “Não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene” (Is 1.13 b).
A ironia terrível de tudo isso é que os evangélicos brasileiros sempre foram críticos contundentes do que consideravam “idolatria” no catolicismo romano. Mas não veem que estão a praticar idolatria. E se esquecem que uma das críticas mais severas da poesia sagrada de Israel à idolatria do antigo Oriente Médio é a que falava que os ídolos, isto é, os deuses dos povos vizinhos, “têm boca, e não falam, têm olhos, e não vêem, têm ouvidos e não ouvem, têm nariz, e não cheiram. Suas mãos não apalpam, seus pés não andam, som nenhum lhes sai da garganta”. A conclusão do raciocínio do poeta hebreu antigo é terrível: “tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam” (Sl 115.5-8). Quem pratica idolatria se torna semelhante ao ídolo que adora.
BETHGE, Eberhard. Dietrich Bonhoeffer, A Biography. Minneapolis: Fortress Press, 2000.
BONHOEFFER, Dietrich. Resistência e submissão. Cartas e anotações escritas na prisão. São Leopoldo: Sinodal, 2015.
CALDAS, Carlos. Dietrich Bonhoeffer e a teologia pública no Brasil. O conceito bonhoefferiano de “estar aí para os outros” como pressuposto teórico para a construção de uma teologia pública no Brasil. São Paulo: Garimpo, 2015.
MORALES CRUZ, Joel. The Mexican Reformation: Catholic Pluralism, Enlightenment Religion, and the Iglesia de Jesús Movement in Benito Juárez's Mexico (1859-72). Eugene Oregon, Pickwick Publications, 2011.
RANCAÑO, Mario Ramírez. El patriarca Pérez: la Iglesia Católica Apostólica Mexicana. México DF, Universidade Autónoma de México, Instituto de Investigaciones Sociales, 2006.
STEIGMAN-GALL, Richard. O Santo Reich. Concepções nazistas do Cristianismo, 1919-1945. Rio de Janeiro: Imago, 2004.
[1] Não se entrará no detalhamento quanto às relações complexas da Revolução Mexicana com a religião na sociedade mexicana. Para detalhes a respeito consultar, inter alia, RANCAÑO (2006); MORALES CRUZ (2011).
[2] Quanto à relação entre o nazismo alemão e crenças religiosas ditas pagãs, consultar, inter alia, STEIGMANN-GALL (2004).
[3] Apesar de ter tido vida curta, pois tinha apenas 39 quando foi executado, Bonhoeffer escreveu obras que obtiveram impacto enorme na teologia contemporânea. Em Resistência e submissão (2015) publicado postumamente, Bonhoeffer apresenta reflexões teológicas e cartas a familiares e amigos, material produzido quando estava na prisão antes de ser executado. Para uma leitura de Bonhoeffer a partir do contexto brasileiro contemporâneo, consultar CALDAS (2015).
[4] AL homeageia Igreja Presbiteriana Independente Disponível em aqui.
[5] Bolsonaro teve 40 compromissos oficiais com evangélicos só em 2019. Extra. Disponível em aqui.
[6] Para detalhes, consultar aqui.
[7] Para detalhes, consultar aqui.
[8] Para detalhes, consultar aqui.
[9] Bolsonaro confessou Jesus Cristo no The Send em Brasília, diz Todd White.
[10] Em culto, pastor pede assinaturas para criação do partido de Bolsonaro.
[11] Bolsonaro convoca jejum religioso no domingo e é apoiado por pastores.
[12] Bolsonaro se purifica em templo hindu e reza derramando água consagrada a ídolo pagão na Índia.
[13] Bolsonaro participa de ritual de purificação.
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“Não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene”. O “Cristianismo Positivo” tupiniquim. Artigo de Carlos Caldas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU