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O Ocidente vítima de sua própria covardia

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11 Março 2020

"Estamos perdendo progressivamente o senso de uma civilização comum, de um pertencimento que obviamente comporta diferenças inclusive agudas, mas que de alguma forma é - foi? - uma língua mental e sentimental comum. O que chamamos de Ocidente se põe porque perde o senso de sua própria unidade subjacente às diversidades e às divergências".

A opinião é do escritor italiano Claudio Magris, ex-senador da Itália, ex-professor das universidade de Turim e de Trieste, e prêmio Príncipe de Astúrias de Letras de 2004. O artigo foi publicado por Corriere della Sera, 10-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

A noite cai duas vezes no Declínio do Ocidente; o pôr do sol da civilização no próprio nome da terra em que cai, o Ocidente, Abendland, como se fala em alemão, o País da Noite. É assim chamado não apenas por sua localização geográfica, mas também porque, e sobretudo em suas temporadas mais fúlgidas de grandeza e de poder, é - seria? - permeado pelo senso de seu próprio declínio.

Foi sobretudo a cultura alemã - herdeira da cultura grega e, especialmente, a tragédia grega como essência da vida, individual e coletiva - que sentiu e expressou esse senso trágico da existência e da História. Pôr-se, para Friedrich Nietzsche, também significa se superar e é trágico que se superar signifique, para o indivíduo e ainda mais para as civilizações, se pôr. Não é por acaso que o complicado, pletórico, fascinante, às vezes genial e às vezes brega best-seller de Oswald Spengler tenha aparecido em 1918, quando a fé iluminista no progresso estava desmoronando, o naufrágio do Titanic havia arrastado consigo o entusiasmo pela técnica e uma guerra mundial catastrófica para os vencidos e para os vencedores havia provocado a explosão da edificação da civilização e da ordem europeia, ou seja, mundial, em um terremoto ainda agora e talvez cada vez mais em curso.

Ter republicado, em uma versão esplêndida e esplendidamente cuidada de Giuseppe Raciti, os dois grossos volumes de Spengler é um mérito adicional da editora Aragno, que com régia imperturbabilidade nos oferece e nos permite a leitura e o conhecimento de muitos textos fundamentais, sem preocupar-se em demasia com a distribuição e as vendas e, assim, fazendo cultura no sentido forte do termo. Não são muitos os editores que, mesmo podendo se permiti-lo, façam o mesmo. Uma liberalidade assim é um pequeno antídoto para a devastação da cultura.

O famigerado e grandiloquente livro de Spengler relata o nascimento e o declínio das e da civilização como florescimento e decadência dos organismos vivos e, portanto, perecíveis, ainda que gloriosos. As categorias nas quais ele se baseia são substancialmente reduzidas a uma, a antítese entre Kultur, palavra na qual Carlo Antoni sentiu um pathos histórico-existencial, e Zivilisation, ou seja, a antítese entre visão do mundo e de valores (e, para ele, também de vontade de poder) e progresso técnico e tecnológico com a sua ideologia política.

Thomas Mann tornou famosa essa antítese, mas ele certamente não foi o único. As discussões sobre a técnica e sobre a tecnologia são, há décadas, um tema fundamental do debate filosófico e da experiência cotidiana, nas transformações cada vez mais vertiginosas da vida que fazem o indivíduo concreto parecer cada vez mais desorientado e superado, deslocado e estrangeiro em uma realidade em que o artificial está se tornando cada vez mais a natureza do homem. Já para Spengler – aliás, megafone mais poderoso do que o descobridor original de uma crise, de um ocaso verdadeiro ou presumido, mas ainda assim repetidamente anunciado - as civilizações declinam e morrem quando se apaga sua unicidade orgânica, aquela que permite falar de e sobre civilização grega, cristã, árabe, renascentista e assim por diante. O orgânico é a obsessão e o ideal de Spengler.  Agora - isto é, há mais de um século, dado que seu livro é de 1918 - é ou seria a vez do Ocidente declinar, a não ser que já tenha se posto em sua unidade orgânica e global.

O livro de Spengler é uma grande narrativa, às vezes um romance ou um novelão, rico de pathos e de ênfases, de intuições geniais e cenários espetaculares digno de Kolossal. É óbvio que sua obra foi rejeitada com preocupação por Benedetto Croce ou por Antoni e celebrada por Julius Evola, que a traduziu, e por outros representantes - especialmente, mas não apenas alemães - do irracionalismo, fascinados por sua admiração pelo homem como animal de presa. Podemos apenas imaginar o que teria dito sarcasticamente Nietzsche sobre esse livro, que também é novelão, uma caricatura do Super-Homem - ou melhor, Além-Homem, tradução muito feliz de Gianni Vattimo da palavra alemã Übermensch.

Mas esse compêndio transbordante de História Universal não é apenas, como Musil escreve em uma crítica de 1921, a miscelânea de alguém que "junta, como quadrúpedes, cães, mesas, cadeiras e equações de quarto grau". É também uma obra confusamente genial e desagradavelmente atual; alerta para algo que Spengler ainda não podia realmente conhecer, mas apenas imaginar, ou seja, uma crise real no Ocidente, cada vez mais atual e iminente. Estamos perdendo progressivamente o senso de uma civilização comum, de um pertencimento que obviamente comporta diferenças inclusive agudas, mas que de alguma forma é - foi? - uma língua mental e sentimental comum. O que chamamos de Ocidente se põe porque perde o senso de sua própria unidade subjacente às diversidades e às divergências.

O Ocidente também declina porque não tem vergonha de se pôr de forma desastrada.

Há uma chave dupla para esse processo. A civilização que chamamos de ocidental foi enriquecida, ao longo dos séculos, pelo encontro, mesmo conflituoso, mas frutífero, com outras civilizações. Não seríamos quem somos - fomos? - sem a civilização árabe, à qual, entre outras coisas, devemos tantos conhecimentos da base fundadora de nossa cultura, a civilização grega. O Ocidente cometeu erros e horrores como todas as civilizações, mas sua estrutura profunda foi e só pode ser universalista. O edito de Caracala, que torna todos cidadãos do Império Romano; o Direito romano que regula para sempre as relações públicas e privadas que não são válidas apenas para os Romanos. Os bárbaros que invadem o Império e depois são seus defensores, como Écio ou Estilicão, que, no final, reafirmam a glória das legiões. Os Francos sem os quais o Sacro Império Romano não existiria, realidade europeia por excelência. O Iluminismo que não é de uma única nação, a tríade Liberté-Egalité-Fraternité válida para além de qualquer fronteira. A arte figurativa, profundamente enraizada em uma ou outra tradição organicamente europeia; o pensamento filosófico que não pertence a um único povo.

Agora, porém, o Ocidente, por exemplo, diante do problema de novas migrações dos povos - problema real a ser enfrentado com humanidade e racionalidade, sem histeria e sem coração mole - reage com acentos e gestos bárbaros, nutre e cultiva um racismo visceral e desumano, faz ressurgir pesadelos, se autocontagia de doenças mortais, renegando aquele universalismo e aquele humanismo que forma a razão de sua vida e de grandeza. Quando se veem, em Varsóvia - na Varsóvia décadas atrás destruída pelos nazistas - chauvinistas poloneses marchando agitando bandeiras hitlerianas e suásticas, é como ver, com o ventre aberto, um câncer que se espalha agressivamente.

O Ocidente declina também por outro motivo, apenas aparentemente contrário. Morre porque tem vergonha de si mesmo e de seus valores mais elevados; morre por medo e retórica, acreditando estupidamente que está fazendo o bem e, ao contrário, muitas vezes está fazendo o mal, negando com seus comportamentos os ideais que acredita afirmar. A regressão, vanguarda da barbárie, assume eventualmente a face do politicamente correto, como no caso daquela juíza alemã que absolveu, há vários meses, um turco muçulmano que estuprou uma mulher, porque, segundo ela, essa ação fazia parte de sua cultura, sem perceber que estava ofendendo assim todos os muçulmanos, considerando-os implicitamente estupradores.

O Ocidente declina quando, como aconteceu há alguns anos na Dinamarca, as autoridades – acredito que escolásticas - censuraram nos livros didáticos (por exemplo, em algumas fábulas de Andersen) as referências e os símbolos cristãos, para não ofender alunos, cada vez mais numerosos, de outras religiões. Dessa maneira, eles contribuíram para dificultar e criar obstáculos ao diálogo entre religiões e culturas diferentes, tanto mais frutífero quanto mais recíproco.

É desejável que muçulmanos e budistas conheçam o evangelho e que nós conheçamos seus grandes livros sagrados. Séculos atrás, Akbar, o Grande, sultão de um vasto império no qual viviam hindus, cristãos, budistas, muçulmanos, fez traduzir os textos sagrados das várias confissões para as várias línguas do império, para que todos pudessem se conhecer e, portanto, o Estado fosse assim mais unido e mais sólido. Não se trata de dissolver tudo em uma sopa disforme, mas de conhecer-se e enriquecer-se nas respectivas diversidades.

Mas muitos não se dirigem para as grandes religiões universais e para o seu diálogo - o Dalai Lama que comenta a Carta de São Tiago Apóstolo - quanto às suas imitações.

O Ocidente declina, por exemplo, porque muitos vegetarianos, que se abstêm de carnes, especialmente no nobre objetivo de poupar aos animais o máximo de sofrimento possível, tornam-se veganos, no desejo de ser uma espécie de seita iniciática mais que uma comunidade.

O Ocidente morre de covardia disfarçada de mentalidade aberta e evoluída. Hesita em punir adequadamente os autores de abjetas violências que envergonham, os torcedores enfurecidos que se exaltam destruindo bares e lojas e, assim, aniquilando os esforços da vida de alguém, os loucos que, nas mídias sociais, exaltam o nazista norueguês autor de um horrível e múltiplo massacre.

O Ocidente declina porque a "meia cultura", grosseira e à la page, se espalha; porque ninguém lê e todos escrevem, naturalmente romances. Eu não sou uma editora, mas recebo em média quatro ou cinco textos por dia que me pedem para ler, vinte por semana, oitenta por mês.

O Ocidente se põe quando me perguntam por que não li o Código Da Vinci, ignorando que é necessário um motivo para fazer algo, não para não fazê-lo. Não entendo por que ninguém, nem mesmo aqueles que conhecem minha paixão por Dostoiévski, me perguntem por que não li seu romance Uma criatura gentil - nesse caso, diferentemente do Código Da Vinci, não sou condenado por não ter encontrado o tempo, a vontade e a possibilidade de fazê-lo.

Um símbolo e um momento do ocaso do Ocidente foi o medo circunspecto da União Europeia de inserir entre seus fundamentos a civilização cristã ou judaico-cristã. Não é por acaso que a União Europeia, infelizmente, parece cada vez mais anquilosada, incerta, artificial, depauperada daquela natureza orgânica, sem a qual não há verdadeira cultura.

O Ocidente atual às vezes se assemelha àquela cópia cansada de si mesmo que Spengler, em suas exaltadas fantasias proféticas, imaginava iria aparecer no Leste, entre a Vístula e a Mur, para depois desaparecer.

Se o Ocidente declina, não é porque não existem mais aqueles vikings temerários e brutais de que Spengler tanto gostava; nem tanto os vikings que desafiam o oceano quanto os vikings que gostam de brigar em muitos filmes. Talvez sorrir com respeito e com uma grande distância da eloquência de Spengler possa ajudar a refletir, racionalmente e sem ênfase, sobre o admirável mundo novo, aquele Mundo Novo, que Aldous Huxley, já em 1932, retratava tecnologicamente apocalíptico e no qual ainda e sempre mais vivemos.

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