21 Fevereiro 2020
"Tão cheias de expectativas, que pareciam óbvias e necessárias, e encalharam no caminho confuso da Cúria. Muitas perguntas e uma certeza nos assaltam. As perguntas são reclamações para Deus, que também é uma maneira de falar com o Senhor", escreve Nicolás Castellanos, bispo emérito de Palencia, em artigo publicado por Religión Digital e reproduzido por Il Sismografo, 20-02-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Então o Espírito Santo não falou pela voz unânime dos povos originários e dos Padres sinodais? Não era uma oportunidade para exercitar a sinodalidade dos pastores, dos nativos indígenas com o sucessor de Pedro? Por que a voz de autoridade e apreciada dos Padres sinodais se rompeu?
Eu acredito no Espírito Santo e não pode ser um irresponsável quem acredita que o Espírito Santo já tenha dito tudo. Talvez o Espírito Santo tenha evitado um cisma. Não quis que a comunhão fosse rompida.
Estamos imersos no universo de Deus, que circunda, guia e molda a Igreja, que é Mistério de Deus e Povo de Deus.
Aceito com alegria que sejam adiados a imposição das mãos sobre o "Viri Probati" e o exercício do diaconato por parte das mulheres, como na Igreja primitiva. Sou filho da obediência, da comunhão e não da submissão e, acima de tudo, que a comunhão na fraternidade não seja rompida.
Não faltam sinais proféticos: a denúncia do "pecado ecológico", o anúncio e o empenho com a ecologia integral, passando das palavras às ações, a favor da casa comum.
Mas na obscuridade da fé muitas coisas me causam mal estar, que devemos compartilhar.
A Eucaristia faz a comunidade. Não há comunidade sem a Eucaristia. E 20.000 comunidades indígenas às margens do rio Amazonas estão há muito privadas da Eucaristia dominical. Uma lei tardia, um cânon do Concílio Lateranense (1139), priva os povos originários do direito divino de celebrar e participar da Eucaristia dominical.
Quando na Igreja a mulher será colocada em pé de igualdade com o homem? Diga o que quiser, a mulher continua a ser marginalizada na Igreja. Não tem o direito de participar do processo de tomada de decisão. Católicos e muçulmanos discriminam a mulher no século XXI. Quão longe estamos do comportamento de Jesus, que nunca recriminou nenhuma mulher; pelo contrário, as mulheres faziam parte do movimento dos seguidores de Jesus.
Nos dias atuais se insiste muito sobre a necessidade de um status para o papa emérito. O bispo de Roma, o sucessor de Pedro, é um só.
Não se tratava de suprimir o celibato, que é um dom, uma graça e para mim necessária e essencial, mas de permitir algumas exceções.
Ainda há um longo caminho a percorrer, não vamos perder a esperança.
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"Querida Amazônia". “As expectativas encalharam no caminho confuso da Cúria”, afirma bispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU