Incêndios aumentam 30% na Amazônia no primeiro ano de Bolsonaro

Manifestações pelo Brasil pelos acontecimentos na Amazônia com devastação total, no vão livre do Masp, em agosto de 2019. Foto: Paulo Pinto | Fotos Públicas

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10 Janeiro 2020

O fogo, que se alastrou também no restante do Brasil, desencadeou em agosto uma grave crise diplomática.

A reportagem é de Naiara Galarraga Gortázar, publicada por El País, 09-01-2020.

Cinco meses depois de os incêndios na Amazônia terem causado uma crise diplomática no Brasil, com duras críticas ao Governo por parte da França e de outros cantos do planeta, dados oficiais indicam que durante o primeiro ano de Jair Bolsonaro no poder eles aumentaram 30% nessa região em comparação com o ano anterior. A maior floresta tropical do mundo teve 89.178 focos de fogo em 2019.

Os incêndios aumentaram em todas as áreas do Brasil, mas especialmente no Pantanal, bioma localizado na fronteira com a Bolívia, onde se multiplicaram por seis. O balanço foi divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), também responsável por medir o desmatamento no Brasil e alvo de ataques e pressões verbais por parte do presidente Bolsonaro.

O pior mês da Amazônia foi agosto, com 30.901 incêndios que provocaram uma forte onda de críticas do presidente francês Emmanuel Macron e de outros líderes mundiais contra Bolsonaro e sua maneira de administrar uma floresta tropical que desempenha um papel fundamental no combate ao aquecimento global. O controverso ultradireitista, que assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2019, foi acusado por todos os ministros anteriores do Meio Ambiente de desmantelar a política ecológica, incluindo mecanismos de controle e punição de crimes ambientais, além de incentivar madeireiros e mineradores ilegais.

O último balanço anual de desmatamento é o pior da última década. A Amazônia perdeu 9.700 quilômetros quadrados entre agosto de 2018 e julho de 2019, segundo informou o INPE em novembro. A destruição ilegal de vegetação e os incêndios provocados são, de acordo com especialistas, parte do processo de criação de pastagens para gado ou plantações. Bolsonaro nunca escondeu que considera exagerada a atual política de preservação ambiental e que seu plano é autorizar a exploração de recursos minerais em terras indígenas.

Apesar do aumento de incêndios registrado no ano passado, eles são inferiores aos de 2017 (com mais de 100.000) e ficaram bem abaixo do recorde de 2004, quando totalizaram 218.000. Em agosto, o presidente brasileiro chegou a acusar as ONGs de estarem por trás dos incêndios. A crise diplomática, que incluiu insultos pessoais via Twitter contra a mulher de Macron, ainda não se encerrou completamente. Apenas alguns dias atrás, o presidente brasileiro censurou Macron por não criticar as autoridades da Austrália pelos incêndios que destruíram milhões de hectares nesse país. Como especialistas em meio ambiente explicaram nos últimos dias na imprensa brasileira, os incêndios que devoram a Austrália decorrem de causas naturais, enquanto a Amazônia é uma selva úmida, onde quase sempre são causados pelo ser humano.

Os incêndios de agosto causaram alarme especial entre os especialistas em meio ambiente, pois, além do aumento em quantidade, ocorreram mais cedo. A partir de setembro, enquanto a polêmica amainava, eles começaram a diminuir porque Bolsonaro decretou a proibição de queimadas para abrir pastagens e enviou milhares de militares para a região.

 

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