08 Agosto 2019
Em julho de 2019 reuniu-se pela nona vez na Califórnia, em Napa Valley, que produz os melhores vinhos da América do Norte, o grupo mais influente de católicos conservadores e tradicionalistas: o Napa Institute. Para este particular "retiro espiritual" em um dos centros de férias mais exclusivos, o ingresso era de US $ 2.600 cada (com desconto para bispos, padres e religiosos), viagem e hotel excluídos.
O comentário é do historiador italiano Massimo Faggioli, professor da Villanova University, nos Estados Unidos, em artigo publicado por Jesus, agosto-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O programa incluía palestras de prelados e intelectuais de claro viés tradicionalista, intercaladas com jantares de gala, degustações de vinhos e charutos, a celebração da missa pré-conciliar em latim e também a oração do "rosário patriótico". Entre os convidados de honra havia também prelados que desafiaram abertamente o Papa Francisco, como o cardeal Burke e os bispos Chaput, Paprocki e Strickland.
Anunciados com toda a pompa, palestraram no retiro também políticos do Partido Republicano, que se distinguiram pelo desprezo pela doutrina social da Igreja, como o ex-governador de Wisconsin, Scott Walker, e o senador Lindsey Graham. Nenhum dos dois é católico: o que importa é a filiação política e o fato de estarem entre os principais artífices da presidência Trump.
A intenção do Napa Institute, fundado em 2010 por Tim Busch, um empresário católico conservador que recentemente financiou e orientou de forma tradicionalista várias atividades educacionais da Igreja Católica nos EUA, é refundar o catolicismo com uma forte identidade política: explicitamente próxima a Donald Trump e hostil ao Papa Francisco.
A presidência Trump revelou a existência de "cristãos" evangélicos “de corte” na Casa Branca. Parece que alguns católicos não querem ficar de fora nesta singular competição.
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