21 Julho 2019
O cardeal peruano Pedro Barreto, um dos homens fortes para o próximo Sínodo para a Amazônia, afirmou que “os Estados de origem” das empresas que se dedicam a atividades extrativas são também “responsáveis” pelos danos causados à região.
A reportagem é de Hernán Reyes Alcaide, publicada por Religión Digital, 18-07-2019. A tradução é do Cepat.
Com o título O Sínodo para a Amazônia e os direitos humanos. Povos, comunidades e Estados em diálogo, Barreto se referiu à reunião de bispos de todo o mundo que ocorrerá em Roma, de 6 a 27 de outubro, em um artigo publicado nesta quinta-feira pela revista jesuíta La Civiltà Cattolica.
No texto, Barreto expõe a “situação de vulnerabilidade” da região amazônica, do ponto de vista ambiental, e indaga acerca das “responsabilidades” dos atores regionais.
“A experiência pastoral de décadas, e de anos recentes como a REPAM, também nos diz que não só são responsáveis alguns Estados em que atuam as indústrias extrativas, como também certas empresas estrangeiras e seus Estados de origem”, denuncia o cardeal peruano.
“Isto é, os Estados que apoiam e propiciam o investimento estrangeiro, público ou privado, fora de suas fronteiras nacionais, aproveitando a riqueza da terra à custa de devastadores impactos sobre o meio ambiente amazônico e suas populações”, explica no artigo.
Nesse marco, Barreto relembra que “a maioria dos Estados deste território são signatários das principais convenções internacionais de direitos humanos e dos respectivos instrumentos associados aos direitos dos povos indígenas e sobre o cuidado do meio ambiente”.
“Portanto, estamos seguros de seu compromisso com o cumprimento dos mesmos. A Igreja deseja ser ponte e colaboradora para conseguir este objetivo para o bem de cada um dos países representados neste território, para a vida digna e plena dos povos que aí habitam, e para o cuidado deste ecossistema essencial para o presente e futuro do planeta”, incentiva o cardeal.
O sínodo dos bispos sobre a Amazônia acontecerá em Roma, de 6 a 27 de outubro, com a presença de padres sinodais de todo o mundo, para discutir os caminhos da Igreja em uma região que representa 43% do território da América do Sul, segundo recorda Barreto em seu artigo.
O território amazônico “está dividido em oito países da América do Sul (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) mais a Guiana Francesa como território de ultramar. Representa 43% da superfície da América do Sul”, acrescenta Barreto, após chamar a atenção para as “situações urgentes” que a Igreja e Estado devem atender e reivindicar, em razão das “dívidas concretas e históricas que não podemos desviar”.
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Amazônia. Para cardeal Barreto, os “Estados de origem” das empresas extrativas também são “responsáveis” pela destruição - Instituto Humanitas Unisinos - IHU