16 Mai 2019
Ontem foi dia de sair às ruas na greve geral da educação. Em todos os estados, atos reuniram milhares de... "idiotas úteis", segundo Bolsonaro. "Mais uma vez, ficou claro que a hipótese de 'onda de apatia” é falsa', escreveu Antonio Martins, no Outras Palavras. Ao contrário do que aconteceu no último dia 8, com os atos das universidades públicas, agora a cobertura dos grandes veículos de comunicação foi massiva: ela teve/tem destaque na página inicial dos sites, e na TV não faltaram notícias, o que não é pouca coisa. Também, o movimento nacional foi difícil de se ignorar...
Houve matérias no Estadão, no Globo. O Valor entrevistou algumas pessoas que estavam participando pela primeira vez de uma manifestação. E home do site da Veja destaca a participação de 1,5 milhão de pessoas. Os textos não discutiam, via de regra, a política do governo, mas mais a sua inabilidade. No Globo, por exemplo, Paulo Celso Pereira escreveu que "o debate poderia ter sido técnico se ministro não dissesse que universidades com ‘balbúrdia’ seriam retaliadas".
A informação é publicada por Outra Saúde, 16-05-2019.
O ministro da Educação Abraham Weintraub não se fez de rogado e, na Câmara, voltou a dizer que as ciências humanas produzem "pouquíssimas" publicações com impacto. Afirmou que as bolsas na pós estão nessas áreas que "não geram produção científica". Nem é verdade: os estudos brasileiros em Ciências Sociais aparecem mais entre os 1% de artigos científicos mais citados do mundo do que os da área de engenharia, biologia ou economia, segundo o relatório Web of Science.
Weintraub também mentiu ao dizer que a prioridade do governo é a educação básica (quando só o Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação vai perder mais de R$ 2,5 bilhões , 47% do seu orçamento previsto) e o ensino técnico (onde o bloqueio chega a R$ 1,18 bilhão, ou 34% dos recursos previstos no orçamento federal parla a área).
Enquanto ele falava, alguns deputados se dispersavam e, no cafezinho, olhavam as notícias das manifestações na TV. Comparavam as imagens com as dos atos pelo impeachment de Dilma em 2016, segundo Vera Rosa, do Estadão. Ela conta que nem a bancada do PSL ficou toda até o fim da sessão. E que o Centrão se afastou do governo, mas ainda timidamente. Houve várias confusões, gritaria, xingamentos. "Com a Bíblia na mão, o deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) andava de um lado para o outro e pedia calma. Segurava um cartaz com os dizeres 'Balbúrdia é armar a população e cortar da educação'".
Para quem gosta de números (e é preciso conhecê-los), o artigo de Lucindo Quintans no Intercept tem vários. Inclusive sobre a produtividade, que a Capes muito preza. "O Brasil é atualmente o 14º maior produtor de trabalhos científicos do mundo, segundo revela o recente artigo 'Fábricas de Conhecimento', publicado pelo Jornal da USP. Das 50 instituições que mais publicaram trabalhos científicos no país nos últimos cinco anos, 44 são universidades, sendo que 36 federais, sete estaduais e apenas uma particular".
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As grandes manifestações de rua na greve geral da educação desmentem a 'onda de apatia" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU