Müller ataca a iminente reforma da Cúria: "Será um erro fatal"

Gerhard Müller | Foto: Reprodução

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09 Mai 2019

Foi um dos maiores colaboradores do Papa. Agora, caído em desgraça por sua arrogância e seu enfrentamento às reformas do Papa, o outrora prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller, candidata-se a líder do pequeno grupo de cardeais que se opõem ao pontificado de Francisco, junto a Sarah, Burke ou Brandmüller.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 07-05-2019. A tradução é de Graziela Wolfart.

Agora, o purpurado alemão ataca o projeto de reforma da Cúria, que está a ponto de ser assinado por Bergoglio, depois de seis anos de trabalho do C-9 (agora C-6), e o qualifica como “erro fatal”.

“No esboço, a Doutrina da Fé aparece somente como uma tarefa aleatória do Papa entre muitas outras e, sobretudo, está subordinada a suas obrigações temporárias”, denuncia Müller, que vê “uma surpreendente ignorância teológica entre os autores” do projeto de reforma da Cúria.

Doutrina revelada e o restante da doutrina

Em especial, o cardeal afirma que “os conceitos básicos da teologia católica, como a Revelação, o Evangelho, as Escrituras, a Tradição apostólica ou o Magistério eclesiástico são usados de maneira incorreta”, ao mesmo tempo em que “não se distingue entre a doutrina revelada e o restante da doutrina”.

“Evoca-se a sinodalidade e se usa este termo como uma palavra mágica. Ao mesmo tempo, no entanto, as congregações são abolidas e substituídas pelo conceito funcional de dicastério”, lamenta Müller, que pede que a reformulação do aparato curial “seja feita do zero por um teólogo e canonista reconhecido”.

Periferias e centralismo

Müller critica especialmente a intenção do Papa de “fortalecer a periferia e reduzir o centralismo”, o que, em sua opinião, “pode parecer bom nos meios de comunicação, mas soa estridente e desafinado em um ouvido com formação teológica”.

Se for aprovada a nova Constituição Apostólica, “um conglomerado de ideias individuais subjetivas, desejos piedosos, apelações morais com encontros individuais de textos do Concílio e declarações do Papa atual”, sustenta Müller, se repetirão os erros realizados por Paulo VI, “que converteu a Secretaria de Estado no coração da Cúria”.

É que, para o purpurado ultraconservador, “colocar as tarefas seculares antes da missão espiritual de hoje é um erro que agora deve ser evitado”. “O Papa é só um bispo como todos os outros”, acrescenta Müller.

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