22 Abril 2019
Duplos votos do Papa Francisco a Bento XVI "com especial carinho". Para a Páscoa e para o aniversário que ocorreu neste 16 de abril. O encontro aconteceu no último dia 15 à tarde e logo em seguida foi divulgado com uma declaração aos meios de comunicação e uma fotografia do diretor "interino" da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti. "No início da Semana Santa – pode ser lido na nota - o Papa Francisco foi visitar no Mosteiro Mater Ecclesiae para levar os votos de Páscoa a Bento XVI.
A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 16-04-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O encontro também ofereceu uma oportunidade para o Santo Padre apresentar, com especial carinho, seus cumprimentos pelo aniversário ao papa emérito, que completará 92 anos no dia 16." O encontro - agora tradicional por ocasião das festividades (não só as de Páscoa, mas também de Natal) - este ano assume um valor particular, dada a polêmica – pelo bem da verdade toda de origem midiática (com as mídias sociais fazendo a parte do leão) - decorrentes da publicação, na última quinta-feira, das anotações com as quais Bento XVI pretendia oferecer sua contribuição de ideias contra o flagelo dos abusos contra menores cometido por clérigos. Texto que levou alguns a até mesmo à hipótese de uma ruptura das relações até agora fraternas entre o Papa Bergoglio e seu antecessor. Evidentemente, esse não é o caso, e o encontro afetuoso confirma, caso exista a necessidade, que não é possível manipular o artigo do papa emérito para contrapor o pensamento deste último à ação pastoral de Francisco.
No último dia 15, a esse respeito, L'Osservatore Romano na primeira página e o Vatican News em seu site, publicou um texto assinado por Andrea Tornielli e intitulado "Aquela via penitencial que une dois pontificados", que retorna sobre a questão dos abusos para enfatizar “a abordagem que tanto Bento XVI quanto seu sucessor Francisco assumiram diante dos escândalos e dos abusos contra menores". Uma resposta, continua o diretor editorial do Dicastério de Comunicação, "pouco mediática e pouco bombástica, que não se presta a ser reduzida a slogans". Essa mesma resposta "não confia nas estruturas (embora necessárias), nas novas normas emergenciais (igualmente necessárias) ou nos protocolos cada vez mais detalhados e precisos para garantir a segurança das crianças (embora indispensáveis): todas ferramentas úteis já definidas ou em via de definição”. Aquela de Bento primeiro e de Francisco depois, ainda lembra o artigo do jornal, "é uma resposta profunda e simplesmente cristã".
Depois são citadas as três cartas (duas de Bergoglio e uma de Ratzinger) que apoiam a tese apresentada. Na de Bento XVI aos fiéis da Irlanda (2010), o remédio proposto é a redescoberta do essencial da fé e de uma Igreja "penitencial", que se reconhece necessitada de perdão e de ajuda do Alto. Na de Francisco para os chilenos (2018) o Papa insiste no fato de que a Igreja não se constrói sozinha, não confia em si mesma. E finalmente, na carta para o povo de Deus em agosto de 2018 sobre o tema dos abusos é sempre Bergoglio que ressalta: "Oração e penitência serão de grande ajuda". Portanto, conclui Tornielli, "Francisco sugere um caminho penitencial, muito longe de qualquer triunfalismo, como reiterou na homilia do Domingo de Ramos, e da imagem de uma Igreja forte e protagonista que busca esconder as suas fraquezas e o seu pecado. A mesma proposta de seu predecessor”.
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Francisco visita Ratzinger: votos pelos seus 92 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU