06 Abril 2019
"A população destes sete países vai, praticamente, dobrar até 2045, trazendo sérios desafios para a redução da pobreza e para a conservação do meio ambiente. A África do Sul e o Egito lutam para atingir o estágio de renda média, enquanto os demais países lutam para sair da pobreza e a República Democrática do Congo luta para abandonar a situação de extrema pobreza", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 05-04-2019.
Os sete maiores países da África, em termos demográficos, no ano de 2018, eram Nigéria (196 milhões de habitantes), Etiópia (108 milhões), Egito (99 milhões), República Democrática do Congo (84 milhões), Tanzânia (59 milhões), África do Sul (57 milhões) e Quênia (51 milhões).
Mas como mostra o gráfico acima, com dados da projeção média da Divisão de População da ONU, esta ordem vai mudar nos próximos 40 anos. A Nigéria continuará sendo o país mais populoso da África e será o terceiro mais populoso do mundo até 2045, quando terá 371 milhões de habitantes. A Etiópia, com 179 milhões em 2045, continuará sendo o segundo país africano em termos populacionais. A República Democrática do Congo alcançará o terceiro lugar (177 milhões) em 2045, ultrapassando o Egito que deverá ficar com 146 milhões (quarto lugar). A Tanzânia com 123 milhões ficará em quinto lugar. O Quênia, com 88 milhões de habitantes em 2045 ficará em sexto lugar e a África do Sul, com 71 milhões, cairá para o sétimo lugar. Em 2015, os 7 países, em conjunto, tinham uma população de 607 milhões e devem saltar para 1,16 bilhão de habitantes em 2045.
Em termos econômicos, segundo dados do FMI, em poder de paridade de compra (ppp), o país que tinha o maior Produto Interno Bruto (PIB) do continente, em 1980, era a África do Sul (US$ 135 bilhões). Em segundo lugar vinha o Egito (US$ 91 bilhões). O FMI não tem dados para a Nigéria na década de 1980 (mas provavelmente ela estava em terceiro lugar). A RD Congo vinha em quarto lugar com US$ 20 bilhões. O Quênia (com US$ 16 bilhões) estava em quinto, a Tanzânia com 11 bilhões estava em sexto e a Etiópia com US$ 10,7 bilhões estava em sétimo lugar. Em 1990 esta ordem não tinha mudado.
Mas em 2020, o FMI aponta o Egito em primeiro lugar, com PIB de US$ 1,5 trilhão, a Nigéria em segundo (US$ 1,3 trilhão) e a África do Sul, com US$ 857 bilhões em terceiro lugar. Em quarto lugar, com PIB de US$ 271 bilhões, aparece a Etiópia (que em 1980 estava em sétimo lugar). A Etiópia é, ao longo dos anos 2000, o país com maior crescimento econômico do continente africano e pode ultrapassar a África do Sul nos próximos 20 anos. Em quinto lugar a Tanzânia (US$ 209 bilhões), em sexto o Quênia com PIB de US$ 206 bilhões e em sétimo a RD do Congo com somente US$ 82 bilhões. No conjunto, os sete maiores países da África terão um PIB de US$ 4,4 trilhões em 2020 (equivalente ao PIB da Indonésia).
O país com a maior renda per capita é a África do Sul, que manteve um nível acima de US$ 10 mil durante quase todo o período entre 1980 e 2020, mas teve uma renda praticamente estagnada e deve ser ultrapassada pelo Egito em 2020, com renda pouco acima de US$ 12 mil (o Brasil deve ter uma renda per capita de US$ 15 mil em 2020). Em terceiro lugar vem a Nigéria, com renda entre US$ 6 mil e US$ 5 mil na última década (mas com viés de baixa). Em quarto e quinto lugares aparecem o Quênia (US$ 3,5 mil) e a Tanzânia (US$ 3,4 mil), em 2020. Em sexto lugar está a Etiópia com renda per capita de US$ 2,4 mil, em 2020 (embora seja o país que apresenta o maior crescimento da renda per capita). Por último, aparece a República Democrática do Congo com somente US$ 741 mil, em 2020.
Em geral, os países com maiores taxas de crescimento demográfico são os que apresentam menor crescimento da renda per capita, com exceção da África do Sul, que apresenta as menores taxas de crescimento, tanto da população, quanto da economia. O melhor desempenho nas duas últimas décadas é da Etiópia, que é chamada a “China da África”. A República Democrática do Congo tem o pior desempenho e é claramente um país preso na armadilha da extrema pobreza. Quênia e Tanzânia também são países presos à armadilha da pobreza e a Nigéria é o país com o maior número absoluto de pessoas em situação de pobreza e de extrema pobreza.
Dos sete maiores países da África, nota-se uma tendência de alto crescimento demográfico (com exceção da África do Sul) e de baixo crescimento econômico (com exceção da Etiópia nas duas últimas décadas). A população destes sete países vai, praticamente, dobrar até 2045, trazendo sérios desafios para a redução da pobreza e para a conservação do meio ambiente. A África do Sul e o Egito lutam para atingir o estágio de renda média, enquanto os demais países lutam para sair da pobreza e a República Democrática do Congo luta para abandonar a situação de extrema pobreza.
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Os sete maiores países da África - Instituto Humanitas Unisinos - IHU