03 Outubro 2018
"Apesar do terrorismo de mercado e da ação nefasta das aves agourentas da mídia hegemônica e do reacionarismo da classe política conservadora, o bom senso prevalecerá", escreve Eugênio Magno, doutor em Educação e assessor do Centro de Formação Fé e Política - CEFEP, em artigo publicado por CartaCapital, 03-10-2018.
É forçar muito a barra vender para a população brasileira a ideia de que nessas eleições existe uma polarização entre a extrema direita e a extrema esquerda. Nada mais falacioso.
Na verdade, o que temos é a disputa entre um projeto que pretende recuperar conquistas sociais e recolocar a classe trabalhadora entre as prioridades de governo contra uma proposta de ampliação dos cortes das políticas sociais, em nome de uma ordem subjetiva e do capital. De um lado, a extrema direita, representada militarmente, inclusive, por um capitão que tem como vice um general. Do outro lado, um grupo político que já esteve no poder e que, ao longo de 14 anos de governo, jamais adotou qualquer agenda extremista.
O PT, embora taxado pelas elites como partido radical, se comporta de forma bastante moderada, muito mais próximo da chamada centro esquerda. A escolha, portanto, não é entre dois extremos, mas entre um grupo cuja orientação é claramente radical e um campo democrático – com acento no social – que defende a soberania popular, o funcionamento republicano das instituições e o estado democrático de direito.
É importante que o eleitorado se dê conta do medo que está sendo imposto à população por uma fatia mínima da sociedade que controla a mídia e o capital e é formada pelos setores mais conservadores e atrasados do país.
A sensatez, o equilíbrio e o reposicionamento do Brasil entre os países mais importantes do mundo, assegurando dignidade aos mais pobres e garantias democráticas, não depende de nenhuma terceira via. Até porque essa maluquice de que “o Brasil poderá se tornar uma Venezuela ou Cuba” é uma estupidez. A grande imprensa tem que parar com essa orquestração desafinada e não esconder a real: o maior risco que corremos é de nos tornar uma Argentina, de Macri, se o país cair em mãos erradas e as reformas neoliberais se aprofundarem por aqui.
Recolocar o país nos trilhos do desenvolvimento e avançar nas reformas que garantam à população o direito a ter direitos, regule as relações comerciais, incentive a geração de trabalho e renda e salvaguarde a dignidade da vida humana é dever de Estado e obrigação dos governantes.
Haddad não representa nenhum risco à institucionalidade do país e, dentre os presidenciáveis, é o único com chances reais de fazer parar a força reacionária que semeia o ódio, tem promovido grande estrago nas relações humanas e sociais e pode levar o Brasil do caos às trevas.
Não acredito que pessoas de bem, com um mínimo de informação, cometerão o voto envergonhado, de cidadão acuado, refém do medo. Elas sabem que a pátria pode sangrar e que suas consciências irão gritar.
Diante do quadro eleitoral que se formou, quero crer que as lideranças mais sensatas do país terão lucidez suficiente para contribuir com Fernando Haddad para que ele possa ser bem-sucedido na repactuação da democracia e em seu projeto de retomada do desenvolvimento e crescimento econômico com justiça social.
Apesar do terrorismo de mercado e da ação nefasta das aves agourentas da mídia hegemônica e do reacionarismo da classe política conservadora, o bom senso prevalecerá.
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Bolsonaro x Haddad: Não existem dois extremos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU