A conversão financeira das Igrejas alemãs

Igreja da Baviera | Foto: Pixabay

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10 Agosto 2018

Na Alemanha as autoridades, católicas e protestantes estão à procura de investimentos mais lucrativos que as obrigações do tesouro. E se dirigem aos bancos para consultoria e gestão de vultosos patrimônios.

A reportagem é de Francesco Bertolino, publicada por Milano Finanze, 09-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Benditos investimentos. As igrejas alemãs, católica e protestante, estão à procura de profissionais para administrar e investir seus patrimônios. De acordo com a Bloomberg, se trataria de centenas de milhares de milhões de euros, embora, na ausência de balanços, os valores sejam aproximados. "Com base em minhas estimativas", disse ao sítio norte-americano Carsten Frank, um perito do setor, "as duas Igrejas, incluindo suas empresas, reúnem um patrimônio no valor de cerca 345 bilhões de euros, excluindo a organização Càritas e Diakonie (a associação de caridade protestante, nde)". Somas significativas investidas, no passado, de forma nem sempre eficiente.

A Diocese de Eichstätt (na rica Baviera), por exemplo, apelou para a ajuda dos bancos, depois de perder muitos milhões em investimentos imobiliários arriscados.

A abastada arquidiocese do Mônaco, guiada pelo Cardeal Reinhard Marx, que também é presidente do Conselho para a economia da Santa Sé, é uma das poucas a publicar demonstrações financeiras: pelo último disponível resulta um patrimônio de 3,5 bilhões de euros, incluindo 1,5 bilhões em investimentos financeiros. Nessas escolhas, confirma o porta-voz Christoph Kappes, o parecer de profissionais é essencial.

A empurrar as igrejas nos braços de consultores financeiros também contribui o BCE: taxas baixas e Quantitative Easing tornaram pouco rentável a tradicional estratégia de investimento dos religiosos. Os rendimentos seguros, mas modestos, das obrigações do tesouro não são mais suficientes para sustentar as custosas iniciativas de caridade. Especialmente quando se considera que, como o resto da população europeia, também o pessoal das igrejas está envelhecendo e, portanto, os custos com pensões das duas igrejas estão em ascensão.

Monolíticas na fé, em suma, as duas instituições religiosas estão à caça de diversificação financeira. "Eles buscam propriedades imobiliárias, mas também private equity", explica para a Bloomberg, Axel Rogge, responsável pelos clientes institucionais do Bethmann Bank (ABN Amro), "depois seguem as tendências como a sustentabilidade, que há muito tempo interessa às igrejas."

Não se sabe se também na Itália o Vaticano e seus ramos locais sejam clientes de bancos e empresa de investimento. Certamente, no entanto, a finança ética e sustentável é um dos principais temas do papado do Papa Francisco que, em 17 de maio, publicou o documento Oeconomicae et pecuniariae quaestiones (questões econômicas e financeiras). Na carta, o Papa enfatizava que "lucro e solidariedade não são mais antagonistas", mas "o lucro não deve ser perseguido a qualquer custo nem como objetivo único da ação econômica." Ao lado daquela islâmica, portanto, poderia em breve nascer também uma finança católica.

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