Católicos rejeitam petição pela candidatura presidencial do cardeal de Kinshasa

cardeal de Kinshasa, Laurent Monsengwo | Foto: Reprodução/Youtube

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26 Julho 2018

Comunidade cristã suspeita que o governo orquestrou a petição para desacreditar o cardeal Monsengwo, lhe atribuindo intenções políticas

A reportagem é de Lucie Sarr, publicada por La Croix International, 25-07-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

Cardeal Monsengwo para presidente?

É isso que um grupo recém-formado na República Democrática do Congo - chamado de "Dinâmica Cristã para Unidade e Democracia" (DCUD) - está pedindo.

Numa coletiva de imprensa em 20 de julho, o DCUD, coletivo composto por congoleses de diferentes denominações cristãs, convidou o cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, de Kinshasa, para ser candidato nas eleições presidenciais de 23 de dezembro.

Em uma tentativa de convencê-lo a se candidatar a presidente, a DCUD lançou uma petição com o objetivo de obter apoio.

No entanto, os membros do Comitê Leigo de Coordenação - coletivo católico que organiza as marchas de protesto do Presidente Kabila - não expressaram interesse nesta petição, que tem sido amplamente divulgada na mídia congolesa.

"Acreditamos que aqueles no poder estão buscando desmobilizar os cristãos que estão prontos para a marcha de protesto, marcada para o dia 12 de agosto. Pessoas de boa fé também acreditam nisso, mesmo sem levar em conta as implicações políticas", disse o comitê ao La Croix Africa, em 24 de julho.

O Comitê Leigo de Coordenação anunciou em 07 de julho, que se Joseph Kabila se apresentasse como candidato a um terceiro mandato presidencial, haveria protestos em massa que iriam iniciar domingo, 12 de agosto, continuando até terça-feira, 14 de agosto.

No momento, o presidente Kabila ainda não anunciou que vai concorrer às eleições. No entanto, isso será decidido antes de 08 de agosto, último dia para o registro de candidatos presidenciais.

Até agora, o Comitê Leigo de Coordenação organizou três marchas de protesto contra o abuso de poder de Kabila, em 31 de dezembro, 21 de janeiro e 25 de fevereiro. Isso resultou em 17 mortes. Kabila se tornou presidente em 2011. Seu segundo e último mandato constitucional terminou em 19 de dezembro de 2016, mas Kabila ainda mantém seu poder.

Desde 31 de dezembro de 2017, os padres católicos, bispos, leigos e instituições eclesiásticas, estiveram na linha de frente do protesto contra seu regime.

Durante a coletiva de imprensa, no dia 20 de Julho, o DCUD afirmou que gostaria que o cardeal Monsengwo assumisse a presidência da República por um período de transição de cinco anos, permitindo eleições livres, transparentes e pacíficas em 2023.

De acordo com Odette Babandoa, secretária executiva nacional do DCUD e presidente da União dos Patriotas Republicanos (UPR) - partido político -, a Igreja Católica deveria "dar liberdade ao cardeal Monsengwo" para o bem da República Democrática do Congo e sua estabilidade.

Além disso, o DCUD apelou aos líderes da oposição, a personalidades conhecidas da sociedade e a potenciais candidatos presidenciais, para apoiarem a candidatura do cardeal Monsengwo.

Segundo o DCUD, o Comitê Leigo de Coordenação seria mais útil ao eleger Monsengwo como presidente do que “organizar regularmente marchas de protesto”.

Em novembro de 2017, o movimento de cidadãos, Paz e Solidariedade, organizou uma pesquisa de votação, chamada “votação cidadã”. No início de 2018, os resultados dessa pesquisa pública designaram o cardeal Monsengwo como a pessoa mais apropriada para “administrar”, antes de uma transição política.

Monsengwo havia sido escolhido por 3.581.423 eleitores, à frente de importantes personalidades congolesas, como Denis Mukwege, ativista de direitos humanos, pastor André Bokunda, Presidente da Igreja de Cristo do Congo, e o arcebispo Marcel Utembi Tapa, Presidente da Conferência Episcopal.

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