27 Junho 2018
"Francisco quer resolver pacificamente o conflito dos bispos alemães” permitindo que todos façam o que quiserem.
A reportagem é de Christa Pongratz Lippitt, publicada por La Croix International, 26-06-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
De acordo com um relatório no site oficial da Igreja Católica alemã, as observações feitas pelo Papa Francisco em seu retorno de Genebra, no dia 21 de junho, não ajudaram a resolver as divergências acaloradas sobre a intercomunhão de cônjuges não-catolicos. Dois cardeais veteranos, diz o relatório, acreditam que o debate em andamento está prejudicando a Igreja.
Em seu plenário, no início deste ano, cerca de 75% dos bispos alemães aprovaram um comunicado para todos os padres que permitia uma abordagem relativamente não restritiva à intercomunhão. Desde então, discussões sobre a aceitabilidade do material foram realizadas em Roma, na Alemanha e na Igreja em geral.
No avião de Genebra, Francisco disse que apoiava o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), cardeal Luis Ladaria, em pedir que a proposta fosse repensada. Em uma carta publicada este mês, Ladaria disse que a proposta "não está madura o suficiente para ser publicada".
Francisco disse que Ladaria havia agido com a permissão do Papa, e que, de acordo com o Código de Direito Canônico, cabe ao bispo local decidir em que condições a comunhão pode ser administrada a não-católicos, e não às conferências episcopais locais.
"O código diz que o bispo de uma igreja particular é responsável por isso. Está em suas mãos. O problema em ter uma conferência inteira de bispos lidando com tais questões, é que uma coisa trabalhada por uma conferência episcopal se torna rapidamente universal", afirmou o Papa.
No entanto, Francisco passou a elogiar os esforços dos bispos, dizendo que seu documento foi "bem pensado, com um espírito cristão". Seja o que for que a conferência alemã possa apresentar, o Papa disse que provavelmente “será um documento de orientação para que cada um dos bispos diocesanos possa determinar por si mesmo o que o Código de Direito Canônico já permite”.
O relatório da Igreja Católica diz que o cardeal Walter Kasper, ex-presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e o cardeal Gerhard Müller, antigo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, acham que o debate está prejudicando a Igreja. Cardeal Kasper tende a uma visão favorável da intercomunhão, enquanto cardeal Müller está inclinado a uma mais restritiva
Thomas Schüller, renomado advogado de direito Canônico da Universidade de Münster, alertou contra uma “miscelânea pastoral” em um artigo para o jornal Frankfurter Rundschau. Ele ficou "espantado" com a mensagem "ambígua e enigmática" do Papa na entrevista no avião voltando de Genebra sobre a questão da comunhão. A afirmação de que toda decisão de uma conferência episcopal “rapidamente” se torna “universal”, como o Papa alegou, não só está “errada” de acordo com a lei canônica, mas também contradiz a intenção proclamada pelo Papa Francisco de transferir mais competências de Roma para o nível local. “Francisco obviamente quer resolver pacificamente o conflito dos bispos alemães, permitindo que todos façam o que quiserem”
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Bispos alemães: Papa deixa embaçada a questão da intercomunhão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU