30 Abril 2018
Os católicos estão manifestando indignação a respeito da renúncia forçada de um sacerdote que era capelão da Câmara dos Representantes dos EUA desde 2011.
O padre jesuíta Pat Conroy renunciou, a pedido do porta-voz da Câmara, Paul Ryan, de Wisconsin, segundo um artigo do jornal The Hill.
"Pelo meu trabalho com o pe. Conroy, ficou claro que seu ministério é bipartidário, e ele leva as necessidades de todos – bem como dos republicanos e democratas — em seu coração", disse a Irmã do Serviço Social Simone Campbell, diretora da NETWORK, uma organização dedicada à promoção da justiça social, numa declaração no dia 26 de abril.
A reportagem é de Heidi Schlumpf, publicada por America, 26-04-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
De acordo com o The Hill, Conroy se recusou a comentar o que ocorreu na quinta-feira, mas quatro fontes — duas de cada partido — confirmaram que foi pedido que o padre se aposentasse, sob pena de ser expulso. Sua renúncia passa a ser válida no dia 24 de maio.
Alguns membros da Câmara especularam que a expulsão foi motivada pelo convite de Conroy a um clérigo muçulmano para fazer uma oração de abertura, ou por causa de uma oração conduzida por Conroy que supostamente criticava o projeto de lei republicano de corte de impostos.
Campbell disse ter "sérias dúvidas" sobre os motivos que levaram à renúncia "e fortes objeções quanto à ideia de que foi pelo convite a um clérigo muçulmano para fazer uma oração de abertura ou por suas palavras pelo bem comum na manhã da votação [sobre o corte de impostos]", declarou.
A oração de Conroy do dia 6 de novembro dizia: "Que todos os parlamentarem tenham consciência de que as instituições e as estruturas de nossa grande nação garantem as oportunidades que permitiram que alguns alcançassem um grande sucesso e outros continuassem lutando. Que seus esforços hoje garantam que não haja vencedores e perdedores nas novas leis fiscais, mas benefícios equilibrados e partilhados por todos os americanos".
Algumas fontes pensaram que a oração indicava que Conroy se alinhava mais com os democratas do que com os republicanos, e os capelães da Câmara devem ser apartidários.
Conroy foi nomeado como 60º capelão da Câmara pelo antigo porta-voz John Boehner, de Ohio, e tomou posse em 25 de maio de 2011.
Membro da província de Oregon da Companhia de Jesus desde 1973, ele foi ordenado em 1983, em Seattle. Conroy é mestre em filosofia, mestre em divindade, em sagrada teologia e bacharel em direito, de acordo com sua biografia no site da capelania da Câmara.
Conroy atuou como advogado das tribos da reserva de Colville, a Colville Confederated Tribes, em Omak, Washington, representou refugiados salvadorenhos no escritório de imigração da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, em San Francisco, enquanto estudava teologia, e depois voltou a trabalhar com as tribos de Colville, ajudando a desenvolver seu processo do tratado do direito à pesca, em meados dos anos 80.
Depois de sua ordenação, ele trabalhou com os povos nativos dos Estados Unidos, no Escritório Jesuíta de Ministério Social (Jesuit Office of Social Ministries) e no ministério acadêmico das universidades de Georgetown e Seattle. Também foi superior e assistente provincial para a formação na sua província.
Quando ele foi nomeado capelão, Nancy Pelosi, representante da Califórnia, que é católica, levantou questões sobre as conexões de Conroy com a província jesuíta de Oregon, que tinha acabado de aceitar o pagamento de US$ 166 milhões para vítimas de abuso sexual, mas depois de vetos acabou consentindo com sua indicação.
O jornal The Hill relatou que membros do grupo de Pelosi responsável por coordenar a votação estavam "chocados" com a expulsão de Conroy, assim como parlamentares católicos de ambos os partidos.
Ryan, que também é católico, nomeou Doug Collins (Republicano do Estado da Geórgia), um capelão das Forças Aéreas dos EUA, bem como Mark Walker (Republicano do Estado da Carolina do Norte) e Tim Walberg (Republicano do Estado de Michigan), ambos ex-pastores, para liderar a busca por um substituto.
Um grupo bipartidário de autoridades legislativas está planejando enviar uma carta a Ryan solicitando mais informações sobre a saída de Conroy, relatou o The Hill.
Campbell afirmou: "Não cabem estratégias partidárias para nomear um líder religioso no pregar aos membros do Congresso de ambos os lados".
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Paul Ryan expulsa capelão jesuíta da Câmara - Instituto Humanitas Unisinos - IHU