19 Fevereiro 2018
Cerca de 300 jovens de todo o mundo devem chegar ao Vaticano no próximo mês para uma conferência de uma semana em preparação para o encontro dos bispos de outubro sobre os desafios atuais da juventude.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 16-02-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
O cardeal Lorenzo Baldisseri, um dos organizadores do evento, que deve ocorrer de 19 a 24 de março, disse, num briefing à imprensa no dia 16 de fevereiro, que o intuito da conferência é ajudar os prelados a aprenderem a conversar com os jovens, e não sobre eles.
No evento, disse Baldisseri, “os jovens são os atores e protagonistas".
"Não estamos falando apenas 'sobre' eles, mas 'com' eles. Eles vão conversar conosco na sua própria língua, com seu entusiasmo, sua sensibilidade", disse.
O encontro dos bispos de outubro, conhecido como um sínodo, acontecerá de 3 a 28, com o tema: "os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Baldisseri, líder do gabinete do Sínodo do Vaticano, disse que o evento de março vai ajudar os bispos a direcionar os preparativos para o encontro posterior.
O cardeal falou na reunião de 16 de fevereiro, ao lado de seu subsecretário, o bispo Fabio Fabene, e dois jovens que participarão da conferência de março.
Os prelados disseram que a reunião pré-sinodal começará em 19 de março, quando os jovens vão se encontrar com o Papa Francisco para uma sessão de perguntas. Depois, os participantes serão divididos em grupos, com base em suas línguas, e serão convidados a discutir temas específicos, no intuito de criar um documento final a partir da reunião.
Esse documento será entregue ao Papa Francisco no dia 25 de março e será usado para ajudar a construir o documento inicial de trabalho do sínodo, conhecido em latim como Instrumentum Laboris.
"Na verdade, o próximo Sínodo dos Bispos não busca ser apenas um sínodo 'sobre' os jovens, mas 'para' os jovens, e não um sínodo 'de' jovens, mas 'com' os jovens", disse Baldisseri.
O sistema do sínodo foi criado pelo Papa Paulo VI, depois do Concílio Vaticano II de 1962-65, como forma de manter viva a atmosfera do concílio de discussão entre os prelados da Igreja.
Francisco realizou dois sínodos, em 2014 e 2015, centrados em questões da vida familiar, resultando na Exortação Apostólica Amoris Laetitia ("A alegria do amor”), em 2016.
O escritório do Sínodo do Vaticano começou os preparativos para o encontro de 2018 no ano passado, com o lançamento de uma pesquisa on-line perguntando aos jovens sobre sua vida e os desafios que enfrentam. Baldisseri disse, no briefing, que a pesquisa recebeu cerca de 221.000 respostas, e aproximadamente 100.500 jovens a responderam na íntegra.
O cardeal afirmou que 58% dos participantes que responderam a pesquisa na íntegra eram mulheres e 50% eram homens, entre 16 e 19 anos. Mais da metade (56,4%) era da Europa, 19,8% da América do Sul, e 19,1% da África. Quase três quartos (73,9%) identificaram-se como católicos praticantes.
A maioria dos jovens que vão participar da reunião de março foi selecionada pelas conferências dos Bispos ao redor do mundo, das quais todas enviarão delegações. O gabinete do sínodo também convidou alguns seminaristas, jovens membros dos movimentos eclesiais e estudantes de universidades e faculdades católicas.
Segundo Baldisseri, também foram convidados professores, padres e trabalhadores das paróquias, para que a conferência possa "ouvir também os que vivem lado a lado dos jovens e podem ser instrumentos de uma melhor compreensão de sua situação".
O gabinete do sínodo preparou um traccia di lavoro (esboço de trabalho) para os participantes, o qual será usado pelos grupos, divididos em seis idiomas, para orientar seus trabalhos. O esboço tem três partes, cada uma com cinco perguntas para ajudar a iniciar a discussão nos grupos.
Fabene disse que a conferência também vai incluir um espaço para oração. Ele disse que o grupo deve fazer uma visita especial ao Cemitério de São Calisto, um dos maiores conjuntos de catacumbas de Roma, onde vão realizar uma oração da Via Sacra aberta ao público.
Filippo Passantino, delegado italiano da reunião de março, disse no briefing que ele e seus colegas estão convencidos de seu poder de "plantar sementes de esperança no mundo atual". Ele disse que vê o sínodo como "uma ocasião preciosa para convidar os que têm qualquer tipo de responsabilidade para não fechar portas para os jovens".
Durante sua viagem ao Chile no mês passado, Francisco afirmou que decidiu manter o foco do sínodo nos jovens porque a Igreja precisa aprender a ser "profundamente desafiada por seus filhos e filhas".
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Vaticano considera a reunião pré-sínodo de março como uma oportunidade de conversar com, e não sobre, os jovens - Instituto Humanitas Unisinos - IHU