Cidades de São Paulo onde os evangélicos ultrapassaram os católicos

Foto: Igreja Adventista Central de Porto Alegre | Flickr CC

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05 Janeiro 2018

"O fato é que tudo está em transformação e o ritmo da mudança segue como o avanço do nível do mar e tal qual diz a música de Lulu Santos e Nelson Motta: “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia”.", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 03-01-2018.

Eis o artigo.

O Brasil está passando por uma grande transição religiosa que se manifesta em 4 aspectos: Declínio absoluto e relativo das filiações católicas; Aumento acelerado das filiações evangélicas (com diversificação das denominações e aumento dos evangélicos não institucionalizados); Crescimento lento do percentual das religiões não cristãs; Aumento absoluto e relativo das pessoas que se declaram sem religião.

O quadro que deve surgir num futuro próximo é de mudança de hegemonia entre católicos e evangélicos, com os segundos ultrapassando os primeiros e aumento da pluralidade de crenças e do processo de secularização (grande aumento da desafeição religiosa e da apostasia).

Todavia, este quadro geral segue ritmos diferenciados nas regiões, nos Estados e nas cidades. A Unidade da Federação com menor proporção de católicos é o Rio de Janeiro e a com maior percentagem de evangélicos é Rondônia. O Rio de Janeiro também é a UF com maior pluralidade de crenças e com o maior percentual de pessoas que se declaram sem religião.

No Brasil, em 2010, o percentual de católicos era de 64,6%, de evangélicos 22,2%, outras religiões 5,2% e sem religião 8%. No Estado de São Paulo os percentuais em 2010 eram: católicos era de 60,1%, de evangélicos 24,1%, outras religiões 7,7% e sem religião 8,1%. Portanto, o Estado de São Paulo estava à frente do Brasil na transição religiosa, mas atrás do Rio de Janeiro e Rondônia.

Mas, bem à frente da média estadual, em cinco cidades de São Paulo os evangélicos já ultrapassaram os católicos, conforme mostrado na tabela acima. A cidade de Cajati (28,3 mil habitantes), que fica na Região Administrativa de Registro, no Litoral Sul Paulista, os católicos eram 42,2% em 2000 e caíram para 29,9% em 2010, enquanto os evangélicos subiram de 35,3% para 43,1% no mesmo período. Ressalta-se que o percentual de sem religião é bastante alto (22,3% em 2010).

Na cidade de Jacupiranga (17,2 mil habitantes), também da Região Administrativa de Registro, no Litoral Sul Paulista, os evangélicos estavam com 41,8% em 2010 contra 33,7% dos católicos e 20,1% dos sem religião. Na cidade de Torre da Pedra (2,3 mil habitantes), que fica na Região Administrativa de Botucatu, os evangélicos estavam com 49,9% em 2010 contra 38% dos católicos e somente 8,6% dos sem religião. Na cidade de Nova Campina, que fica na Região Administrativa de Itapeva (quase na divisa com o Paraná), os evangélicos estavam com 46,1% em 2010 contra 39,4% dos católicos e 11,9% dos sem religião. Na cidade de Juquiá, que fica também da Região Administrativa de Registro, no Litoral Sul Paulista, os evangélicos estavam com 41% em 2010 contra 40,6% dos católicos e 15,5% dos sem religião.

Estas cinco cidades são a ponta de lança da transformação religiosa no Estado de São Paulo. São cidades relativamente pequenas e pesam pouco diante dos mais de 41 milhões de habitantes da UF. Mas cidades grandes como a capital São Paulo (com 11,3 milhões de habitantes em 2010) – 58,2% católicos, 22,1% evangélicos e 9,4% sem religião – e Guarulhos (com 1,2 milhão de habitantes em 2010) – 52,8% católicos, 28,4% evangélicos e 10,7% sem religião – também estão passando pela transição religiosa, mas em um ritmo intermediário. O Estado de São Paulo tinha, em 2010, 28 cidades onde os católicos representavam menos de 50% das filiações religiosas.

Resta saber se os dados do censo demográfico de 2020 vão mostrar a transição religiosa paulista mais próxima do ritmo do Rio de Janeiro ou mais próxima do ritmo do Piauí e Santa Catarina. O fato é que tudo está em transformação e o ritmo da mudança segue como o avanço do nível do mar e tal qual diz a música de Lulu Santos e Nelson Motta: “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia”.

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