27 Outubro 2017
Chegou ao Vaticano a voz do povo Mapuche, graças à presença de uma delegação convidada na última audiência geral do Papa. Rosario Railaf Zuñiga, ativista mapuche da região da Araucania chilena exilada com sua família após o golpe de Pinochet de 1973, e hoje militante da Coordenação Europeia Mapuche, Juan Carlos Carrilaf, artista mapuche-tehuelche, da província de Rio Negro, na Argentina e Alex Mora, de origem mapuche e ativista na Alemanha na Associação para os Povos Ameaçados, entregaram sua carta ao Papa Francisco, expressando as expectativas para a sua visita ao Chile em janeiro próximo.
A reportagem é de Claudia Fanti, publicada por il Manifesto, 26-10-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Depois participaram de uma reunião na Casa dos Povos – Aiasp, em parceria com a EcoMapuche e grupo Caos, ilustrando a luta de um povo indomável que não sucumbiu aos colonizadores de ontem nem aos invasores de hoje: indústrias petrolíferas e de mineração, empresas agro-alimentares e grandes latifundiários, apoiados pelos governos de ambos os lados da Cordilheira.
Um povo que continua a sofrer violência e abuso, da feroz repressão da comunidade mapuche Pu Lof, na Patagônia argentina (quando morreu, foi morto ou foi deixado para morrer Santiago Maldonado) até a aplicação, contra a resistência mapuche no Chile, da lei antiterrorismo promulgada durante a ditadura de Pinochet.
Em sua carta ao Papa Francisco, os Mapuches reafirmaram o desejo de diálogo, com base no direito à autodeterminação, contra todo paternalismo e todo colonialismo do qual, eles escrevem: "temos sido objeto até hoje", denunciando a usurpação do território mapuche e de seus recursos com a "aquiescência do Vaticano”, de quem agora esperam um repúdio claro da "Doutrina da descoberta", para aquele encontro entre dois mundos que nunca aconteceu.
"Esperamos do senhor - escreveram ao Papa - uma enfática declaração sobre a necessidade de compensação pelos danos causados ao povo Mapuche, ao seu patrimônio territorial e cultural, de modo a alcançar uma paz estável e duradoura com base na verdade e na justiça".
Assim, por ocasião da visita do Papa ao Wallmapu, o seu território ancestral, os Mapuches lembram a Bergoglio a sua necessidade de ouvir palavras distintas de um genérico apelo para a paz: "Nós gostaríamos - concluem – que o senhor assumisse como seu o nosso apelo para estabelecer a verdade, a justiça e a paz na Araucania”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Chile. Os Mapuche com o papa: "Compensação por todos os abusos" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU