19 Setembro 2017
Qual será a fonte de energia que moverá os veículos do futuro em substituição ao petróleo? A eletricidade ou os biocombustíveis? Em 2040, o número de carros elétricos no mundo poderia chegar a 150 milhões, ou até mesmo o dobro se outros países seguirem os passos da França, Reino Unido e China que pretendem proibir até essa data, a venda de veículos movidos a combustíveis fósseis. Mas será que os carros movidos a energia elétrica são mesmo sustentáveis ou tudo não passa de marketing?
A reportagem é de Renato Cunha e publicada por Stylo Urbano, 18-09-2017.
A realidade é que os carros elétricos são fortemente subsidiados pelos governos para que as pessoas se interessem em comprá-los, pois geralmente são mais caros do que os carros normais. Se a venda de carros elétricos disparasse, isso significaria não só uma redução na demanda por petróleo, mas também uma redução na demanda por biocombustíveis, como o etanol.
Mas os carros elétricos não vão dominar o mercado antes de 2050 e os biocombustíveis são uma solução imediata para substituir o poluente petróleo. E se essas duas fontes de energia se unissem numa só para movimentar os carros do futuro?
A indústria automobilística está correndo para produzir veículos elétricos (EVs) mais verdes e mais limpos como alternativa aos veículos movidos a petróleo mas os EVs representam apenas 1% do mercado total. Algumas empresas estão apostando que as células de combustível de hidrogênio serão a fonte de energia do futuro, mas a Nissan acredita que o bio-etanol produzido a partir de plantas ou resíduos agrícolas poderia produzir energia elétrica com emissão zero.
A Nissan revelou em 2016 o NV200 SOFC, uma van com a tecnologia de Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC), cujo lançamento foi no Brasil pois o etanol está prontamente disponível em todos os postos de gasolina, ao invés de bombas de hidrogênio. Essa nova tecnologia híbrida da Nissan é perfeita para o Brasil pois o veículo usa 30 litros de etanol para rodar 600 km. A van roda com 100% de etanol ou 55% água e 45% de etanol.
Diferente dos EUA, Japão e Europa, o Brasil não tem postos de recarga para milhões de carros elétricos mas tem postos de combustíveis para carros movidos a etanol. A expectativa da montadora é que a tecnologia chegue às ruas em 2020. O Brasil produz há décadas etanol de primeira geração (1G) feito de cana-de-açúcar e recentemente de milho, mas estão surgindo novas biorrefinarias com a tecnologia do etanol de segunda geração (2G) feito 100% de resíduos agrícolas.
O programa RenovaBio pretende expandir a produção de biocombustíveis no país de 28 bilhões de litros para 50 bilhões por ano até 2030. Uma vez que a tecnologia do etanol 2G se torne mais amplamente utilizada, o Brasil poderia produzir 45 bilhões de litros por ano, utilizando a área já plantada com cana-de-açúcar.
Isto é, para se produzir o etanol 2G não se precisa de mais terra, água e fertilizantes pois ele é feito com os resíduos da colheita e do processamento de cana-de-açúcar, como palha e bagaço. Da mesma forma, pode ser feito com os resíduos de outras plantas e materiais orgânicos.
Um vídeo da Prager University feito por Bjorn Lomborg, presidente do Centro de Consenso de Copenhague, faz uma pergunta interessante: “Os carros elétricos são realmente verdes?”. Em artigo no Wall Street Journal ele disse que: “Os carros verdes têm um pequeno segredo sujo“. Quando um carro elétrico sai da linha de produção, ele já produziu mais emissões de CO2 do que um carro convencional.
Um artigo na BBC, disse que “Carros elétricos são uma ameaça ambiental“. Pelo que a mídia e as empresas automobilísticas dizem, os carros movidos a eletricidade são a melhor coisa do mundo mas quando você analisa como seus componentes, peças e baterias são fabricados, nota que não são exatamente “sustentáveis”.
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Veículos elétricos vs. biocombustíveis, qual é o mais sustentável? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU