O comentário é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, comentando o Evangelho da 2ª Semana do Advento – C (Lucas 3,1-6), publicado por Religión Digital, 02-12-2024.
João grita muito. Ele faz isso porque vê as pessoas dormindo e quer acordá-las, vê-as entorpecidas e quer acender em seus corações a fé em um Deus Salvador. O seu grito concentra-se num apelo: “Preparai o caminho do Senhor”. Como abrir caminhos para Deus? Como podemos abrir mais espaço para isso em nossas vidas?
Pesquisa pessoal. Para muitos, Deus está hoje envolto em todo tipo de preconceitos, dúvidas, más lembranças de infância ou experiências religiosas negativas. Como descobrir? O importante é não pensar na Igreja, nos padres ou na missa. A primeira coisa é buscar o Deus vivo, que se revela a nós em Jesus Cristo. Deus deixa-se encontrar por quem o procura.
Atenção interior. Para abrir o caminho para Deus é necessário descer ao fundo do coração. É difícil para aqueles que não buscam Deus dentro de si, encontrá-lo fora. Dentro de nós encontraremos medos, questionamentos, desejos, vazios... Não importa. Deus está lá. Ele nos criou com um coração que não descansará exceto nele.
Com um coração sincero. O que nos aproxima do mistério de Deus é viver na verdade, não nos enganar, reconhecer os nossos erros. O encontro com Deus ocorre quando nasce de dentro esta oração: “Ó Deus, tem piedade de mim, porque sou pecador”. Esta é a melhor maneira de recuperar a paz e a alegria interiores.
O medo fecha o caminho para Deus para muitos. Eles têm medo de conhecê-lo: só pensam em seu julgamento e em possíveis punições — José Antonio Pagola
Numa atitude confiante. O medo fecha o caminho para Deus para muitos. Eles têm medo de conhecê-lo: só pensam em seu julgamento e em possíveis punições. Não acreditam plenamente que Deus é só amor e que, mesmo quando julga os seres humanos, o faz com amor infinito. Despertar a confiança neste amor é começar a viver de uma forma nova e alegre com Deus.
Caminhos diferentes. Cada um tem que fazer a sua jornada. Deus acompanha todos nós. Ele não abandona ninguém, principalmente quando está perdido. O importante é não perder o desejo humilde por Deus. Quem continua a confiar, quem de alguma forma quer acreditar, já é um “crente” diante daquele Deus que conhece profundamente o coração de cada pessoa.