30 Novembro 2018
«Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados. Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.»
Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vocês. Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a face de toda a terra. Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé diante do Filho do Homem.»
Leitura do Evangelho de Lucas 21, 25-28.34-36. (Correspondente 1º Domingo de Advento, do ciclo C do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
No domingo passado celebrou-se a Solenidade de Cristo Rei do Universo, concluindo o Ano Litúrgico. O Reinado de Jesus é um reinado de liberdade e vida para todo ser humano. É um reinado que gera vida e paz nos corações das pessoas que o acolhem como seu rei e protetor.
Neste domingo inicia-se o Ano Litúrgico C com o Tempo de Advento. Nesse período a liturgia oferece-nos seguir o evangelho de Lucas.
Lembre-se de que “A liturgia da Igreja Católica organiza-se na sequência de anos A, B e C. Em cada ano, a Liturgia da Palavra dos domingos (a proclamação dos textos bíblicos nas missas) é centralizada por um dos evangelistas: Mateus no ano A, Marcos no B e Lucas no C –são os três textos sinóticos, ou seja, inspirados por uma fonte comum, que apresentam enorme paralelismo em suas narrativas, sequência e até uso de palavras.”(Texto completo disponível: Os católicos estão celebrando seu Ano Novo)
Lucas, chamado também o Evangelho da misericórdia de Deus, comunica o amor e a ternura de Deus para com todos os homens e mulheres. Manifesta um Deus compassivo e sensível com os pobres, os pecadores. Espelha o carinho do Pai que está sempre junto às pessoas e procurando sua amizade.
Um Deus próximo dos pecadores, dos pobres, dos marginalizados, dos pagãos, dos excluídos. Lucas era companheiro de viagem de Paulo. Tinha nascido em Antioquia e escreve duas obras que apresentam o caminho de Jesus narrado no Evangelho e o caminho da Igreja relatado no livro dos Atos dos Apóstolos.
Juntos formam o caminho da salvação. Como disse Lucas no início do seu texto: “após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever para você uma narração bem ordenada, excelentíssimo Teófilo. Desse modo, você poderá verificar a solidez dos ensinamentos que recebeu” (Lucas 1, 3-4).
Teófilo significa pessoa que “ama a Deus” ou “é amada por Deus”. Possivelmente Lucas não se refere a uma pessoa determinada, mas aos cristãos convertidos do paganismo, os que eram chamados “tementes de Deus”. Seu desejo é esclarecer sua fé, que possam confirmar e convalidar a solidez do ensino recebido.
No seu Evangelho, Lucas testemunha uma proposta de libertação e salvação universal que se estende a todos e a tudo “porque está no plano libertador e salvífico do Deus da vida favorecer toda a humanidade e toda a biodiversidade”.
Lucas apresenta Jesus como um homem de oração, de uma profunda sensibilização, de ternura humana. Descreve-o também como um profeta por excelência, o novo Elias, a encarnação do amor do Pai no meio de nós.
O que significa celebrar o tempo de Advento?
O tempo de Advento é um tempo sagrado, de silêncio e fundamentalmente de escuta. É um tempo que a Liturgia nos oferece para receber o Senhor que chega, a presença de Deus no meio de nós.
Como disse o sacerdote jesuíta Adroaldo Palaoro, “o Advento nos possibilita renovar uma atitude tão escassa e tão necessária em nossa cultura: escuta das vozes frágeis do nosso entorno. São as vozes dos tristes, dos deprimidos, dos cansados e tantas outras vozes que se encontram nas margens sociais e religiosas. Essa escuta nos conduz à voz frágil d’Aquele menino Deus que sempre quer nascer onde há necessidade de mudança, de busca, de melhora, de um novo começo.” [...] “Mas o Advento também nos faz mais sensíveis para captar as vozes frágeis de nossa interioridade; elas querem se expressar, mas não encontram ambiente favorável, devido aos ruídos e sons estridentes que nos ensurdecem.” (Disponível: Advento: as vozes que fazem a diferença)
O Advento significa a presença já iniciada do próprio Deus. Lembra-nos duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento.
Junto com a escuta das vozes frágeis do nosso entorno e da nossa interioridade, somos convidados e convidadas a refletir: Onde descobrimos a Presença de Deus? Onde se revela e se manifesta em nosso mundo hoje?
Os cristãos e cristãs vivemos na certeza consoladora de que «a luz do mundo» já foi acesa na noite escura de Belém e transformou a noite da morte, do pecado humano, na noite santa da vida humana em plenitude.
O apelo do evangelho de hoje é levantar e erguer nossas cabeças, porque o Filho de Deus já irrompeu na história humana, foi tecido nas entranhas da humanidade: “levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima”.
Seguindo a tradição do Antigo Testamento, na descrição de diferentes fenômenos cósmicos que Lucas apresenta no início do evangelho de hoje, o manifesto de Deus está presente na nossa vida, está agindo no mundo por meio de tantas pessoas de diferentes raças, culturas, religiões...
Somos nós que temos que descobrir sua Presença, e mais ainda, somos também nós que, por meio de nossa fé, esperança e amor, somos convidados a fazer brilhar continuamente sua Luz na noite do mundo.
Agora vem a outra orientação importante do evangelho de hoje: “Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”.
Neste tempo, na esperança de Deus que continua vindo e agindo em nosso mundo, somos convidados/as a aliviar nosso coração daquilo que nos desumaniza, para ter um coração mais fraterno e solidário.
Dessa forma Deus se fará presente, “nascerá” uma vez mais no Belém que cada um e cada uma prepare com amor para recebê-lo, porque onde dois ou mais estejam reunidos em meu nome, eu estarei presente no meio deles.
O que era noite
O que era noite tornou-se dia,
O que era treva resplandeceu!
O que era morte tornou-se vida
Porque há um Deus que hoje nasceu!
Sobre a terra pesa a noite
Sobre os pobres pesa a opressão
Sobre os braços dos pequeninos
Jesus, Deus menino, traz a redenção!...
Caminheiros vêm de longe,
Uma estrela vem do céu
Confundindo a reis e tiranos
Se cumprem os planos benditos de Deus!...
Zé Vicente
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