12 Janeiro 2024
O comentário é de Consuelo Vélez, teóloga colombiana, publicado por Religión Digital, 10-01-2023.
Naquele tempo, 35 João estava de novo com dois de seus discípulos 36 e, vendo Jesus passar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!”
Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus.
Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: “O que estais procurando?” Eles disseram: “Rabi (que quer dizer: Mestre), onde moras?”
Jesus respondeu: “Vinde ver”. Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde.
André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram a palavra de João e seguiram Jesus. 41 Ele foi encontrar primeiro seu irmão Simão e lhe disse: “Encontramos o Messias” (que quer dizer: Cristo).
Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer: Pedra) (João 1,35-39)
O evangelho deste domingo continua, assim como o do domingo anterior, apresentando os primeiros passos do ministério público de Jesus. Mas, enquanto o evangelho de Marcos destaca como João Batista reconhece em Jesus o Filho amado do Pai em quem Ele se compraz, o evangelho de João enfatiza o discipulado que nasce do encontro com Cristo. Aqui também é João Batista quem indica aos seus discípulos que Jesus é o Cordeiro de Deus. Por isso, os discípulos deixam de segui-lo e seguem a Jesus.
O relato descreve como esse encontro acontece. Jesus percebe que estão seguindo-o e pergunta: 'O que estão procurando?' Eles respondem com outra pergunta: 'Onde você mora?' Notemos que não é um diálogo de conceitos, mas de experiências. Jesus então os convida a segui-lo, e o relato diz que ficaram com Ele naquele dia. Deve ter sido tão impactante a convivência com Jesus que André, um dos dois discípulos, vai e anuncia a seu irmão Simão que encontraram o Messias e o leva para conhecê-lo. Se até então os personagens do evangelho se destacavam por buscar o Mestre, agora é Jesus mesmo quem se dirige a eles: Ele fixa seu olhar em Simão e, mudando seu nome para Pedro, lhe confia uma missão.
Lembremos que cada evangelista narra de maneira diferente o chamado de Jesus aos seus discípulos, portanto, não é importante fazer coincidir dados, lugares ou tempos. O que é evidente é a íntima relação entre o encontro com Jesus e o seguimento, e entre o seguimento e a missão. Os discípulos de João são buscadores do Messias e não hesitam em deixar João Batista para seguir a Jesus. Esse seguimento os torna discípulos que anunciam a própria experiência, dando início assim ao crescimento da comunidade em torno de Jesus, comunidade que mais tarde levará a Boa Nova 'até os confins da terra'.
Esse ministério público de Jesus que os diferentes evangelistas nos relatam não é algo apenas daquele tempo. Também hoje somos convidados a ir onde Jesus vive, que geralmente não coincide com a 'ordem estabelecida'. Jesus está, como os evangelhos relatam, entre os marginalizados de sua sociedade: os pobres, os doentes, as mulheres, os publicanos, as crianças, os pecadores, etc. E esta é a convocação que Jesus nos faz hoje: ir onde Ele está, onde Deus se faz presente com toda certeza, onde o reino se gesta e a partir dali se expande para todos.
Talvez nos falte força e entusiasmo para comunicar nossa vida cristã porque não vivemos onde Jesus vive e pretendemos que os outros o encontrem entre liturgias, normas e ritos que já não dizem quase nada. Que o evangelho de hoje nos permita encontrar o olhar de Jesus, aquele que nos faz olhar para onde Ele olha, viver onde Ele vive, amar como Ele ama.
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Seguir a Jesus onde Ele vive (João 1, 35-42). Comentário de Consuelo Vélez - Instituto Humanitas Unisinos - IHU