26 Junho 2020
Jesus chegou à região de Cesareia de Filipe, e perguntou aos seus discípulos:
"Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?"
Eles responderam:
"Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas."
Então Jesus perguntou-lhes: "E vocês, quem dizem que eu sou?"
Simão Pedro respondeu:
"Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo." Jesus disse: "Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe
revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu lhe digo: ‘Você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja,
e o poder da morte nunca poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no
céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu.’"
Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.
Leitura do Evangelho segundo Mateus, capítulo 16,13-19. (Correspondente à Festa de São Pedro e São Paulo, ciclo A do Ano
Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Celebra-se neste domingo a Festa dos apóstolos Pedro e Paulo. Considerados dois grandes pilares da Igreja, é possível conhecê-los melhor nos evangelhos, no caso de Pedro, e no livro dos Atos dos Apóstolos. Neles apreciamos seu grande impulso missionário, mas também as divergências, as discussões e seus modos diferentes de pensar e de agir.
Apesar de suas discordâncias e até choques, por exemplo, a respeito do posicionamento diante dos judeus, eles atuam em comunhão, por isso a Igreja decidiu celebrar estes dois grandes pilares da Igreja juntos.
Aprecia-se assim a diversidade, mas também e comunhão da vida cristã nas primeiras comunidades. No livro dos Atos o protagonista é o Espírito Santo, o Dom de Deus que espalha a Boa Nova de maneira original e não responde aos nossos critérios nem desejos. O Espírito conduz a Igreja por caminhos novos que são gerados muitas vezes pelas divergências diante do costumeiro, do “sempre se fez assim”.
Como recordou Francisco "A deixar-nos guiar pelo Espírito que recorda-nos que não somos seres anônimos, abstratos, seres sem rosto, sem história, sem identidade. Não somos seres vazios ou superficiais. Existe uma rede espiritual muito forte que nos une, ‘nos conecta’ e nos sustenta e que é mais forte que qualquer outro tipo de conexão”.
Nesta festa lembramos de forma especial a vida de Pedro e Paulo que desde sua originalidade souberam abrir novos caminhos sem perder suas raízes, sua história, senão comunicando a novidade do Evangelho que os transformou em profetas e anunciadores da Boa Nova.
E assim Francisco exorta a "abrir caminhos para caminhar juntos e realizar aquele sonho que é profecia: sem amor e sem Deus, nenhum homem pode viver na terra".
No texto evangélico que lemos hoje Jesus e seus discípulos chegam à região de Cesareia de Filipe. Jesus está tentando ensinar seus discípulos sobre seu relacionamento com os fariseus e os saduceus. Previamente tinha-lhes dito: “Prestem atenção, e tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus”. Mas como acontece em outras ocasiões quando os discípulos não compreendem o que Jesus lhes diz, é preciso que eles expressem o que pensam sobre a identidade de Jesus, qual é seu olhar e seu sentir?
Possivelmente Jesus percebe que nas pessoas que o escutavam há uma imagem distorcida dele e por isso é necessário um diálogo a sós com os discípulos/as que o seguiam e estavam junto dele. Quem é ele para aqueles que o escutam, que estão ao seu lado, que o acompanham?
Num primeiro momento pergunta-lhes sobre a opinião das pessoas pela sua identidade: "Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?"
"Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas." Na resposta dos discípulos Jesus situa-se na linha dos grandes profetas, especialmente na busca da justiça como manifestação do Amor de Deus. Assim é reconhecido pelas pessoas que o escutam, que o seguem e foram testemunhas do seu agir.
Mas no ensinamento que Jesus tenta dar aos discípulos isso não é suficiente! Eles precisam esclarecer quem é ele. Neste dia junto com os discípulos também escutamos sua pergunta: "E vocês, quem dizem que eu sou?"
Sua presença leva-nos a perguntar-nos mais profundamente: quem é Jesus? Em quem se baseia a minha fé? Procuro seguir Jesus ou há alguma outra intenção no meu seguimento? Quem é ele para os/as que o escutamos, acompanhamos e seguimos? Jesus questiona-nos sobre sua identidade?
“Tu és Pedro e sobre esta rocha edificarei minha Igreja..."
E sobre ela, ao longo dos séculos, se assentou a fé dos cristãos de todos os tempos. Mas a Pedra da qual Cristo fala não é Pedro, pois a pedra da sua presunção, de sua segurança, de seu orgulho se transformou em cacos com suas negações na noite da Paixão. Mais tarde, Pedro, estará em condição de entender que a Pedra é unicamente Jesus. Somente Ele oferece toda a segurança. Pedro nos alenta na fé: confirma os seus irmãos, mas a fé é em Jesus Cristo. (Texto completo: Quando Jesus é ‘rocha’ em nosso interior)
A resposta de Pedro explicita de forma muito clara nossa fé em Jesus como o Messias. Pensemos que isso não é fácil, considerando que eles tinham sido rejeitados pelos fariseus e saduceus, ou seja, os que se consideravam os donos da fé e deveriam ser os primeiros a reconhecer o Messias. O reinado desse Messias que os judeus aguardavam se manifestaria aqui nesta terra, oferecendo-lhes vida nova, terras novas e igualdade entre eles.
E Jesus não tem nada a ver com isso! Seu reinado se manifesta de outra forma e Pedro consegue ver nele esse reinado esperado. Um Messias que proclama a igualdade e a justiça. Representados na pessoa de Pedro, são os pobres que conseguem perceber a verdadeira identidade de Jesus e podem proclamar nele o Messias esperado.
Cada um e cada uma de nós pode receber a resposta de Jesus a Pedro: na medida em que sejamos pessoas e comunidades pobres, simples, onde habite a igualdade e a justiça, seremos uma rocha para a fé dos nossos irmãos e irmãs.
E como disse o papa Francisco, para seguir o caminho traçado por Jesus e a vida das comunidades cristãs é preciso não perder a alegria de viver, a liberdade do anúncio do Evangelho que se comunica na alegria das pequenas ações de cada dia. “O Evangelho não irá em frente com evangelizadores enfadonhos, amargurados. Não. Somente irá em frente com evangelizadores alegres e cheios de vida. A alegria no receber a Palavra de Deus, a alegria de ser cristãos, a alegria de seguir em frente, a capacidade de festejar sem se envergonhar e não ser cristãos formais, cristãos prisioneiros das formalidades".
E continuam fazendo eco no nosso interior as palavras de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
“A pergunta de Cristo encontrou nas palavras, nas escolhas, na vida e na morte de Pedro e Paulo uma resposta convicta e convincente. Mas essa pergunta continua vibrando, hoje, para cada cristão e para toda a Igreja: quem é Cristo para nós?” (Duas histórias que narram um mistério)
Peçamos ao Senhor que nos conceda a capacidade dos Apóstolos Paulo e Pedro que não perderam a alegria de viver e o entusiasmo pelo anúncio do Evangelho, que souberam reconhecer em Jesus o Messias que traz o Reino da justiça e da verdade.
A festa dos Apóstolos
alegra todo o mundo
até os seus extremos
com júbilo profundo.
Louvamos Pedro e Paulo,
por Cristo consagrados
colunas das Igrejas
no sangue derramado.
São duas oliveiras
diante do Senhor,
brilhantes candelabros
de esplêndido fulgor.
Do céu luzeiros claros,
desatam todo laço
de culpa, abrindo aos santos
de Deus o eterno Paço.
Ao Pai louvor e glória
nos tempos sem fronteiras.
Império a vós, o Filho,
beleza verdadeira.
Poder ao Santo Espírito,
Amor e Sumo Bem.
Louvores à Trindade
nos séculos. Amém.
Hino da Liturgia da Horas
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A rocha da humildade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU