O Messias revelado aos simples

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25 Agosto 2017

 Jesus chegou à região de Cesaréia de Filipe, e perguntou aos seus discípulos:

"Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?"

Eles responderam:

"Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas."

Então Jesus perguntou-lhes: "E vocês, quem dizem que eu sou?"

Simão Pedro respondeu:

"Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo." Jesus disse: "Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu lhe digo: ´Você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu.´"

Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. 

Leitura do Evangelho segundo Mateus 16,13-20 (Correspondente ao 21° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico).

O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.

O Messias revelado aos simples

A narrativa evangélica de hoje inicia-se com Jesus e seus discípulos que chegam à região de Cesareia de Filipe. Estava na Judeia, onde houve uma discussão de Jesus e os fariseus e saduceus, que pedem para Jesus realizar um sinal do céu. Jesus responde-lhes com dureza e possivelmente com dor: “vocês sabem prever o tempo, mas não são capazes de interpretar os sinais dos tempos".

Logo após atravessar para o outro lado, Jesus tenta instruir seus discípulos: “Prestem atenção, e tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus”.

Porém eles recebem estas palavras num sentido literal e só lembram que esqueceram de levar pães! Jesus lhes dirá então: “vocês não compreendem que eu não estava falando de pão com vocês?” E diz-lhes de novo: “Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus”.

Jesus e seus discípulos estão do outro lado do mar da Judeia e acham-se agora em terra estrangeira, na Cesareia de Filipe. Jesus percebe que há uma imagem distorcida dele. Jesus tinha uma aceitação diferente entre as pessoas que escutavam e recebiam suas palavras e ações.

Começa assim um diálogo com os/as discípulos/as sobre sua pessoa. Quem é ele para aqueles que o escutam, que estão ao seu lado, que o acompanham? Jesus surpreende aos seus com uma pergunta sobre sua identidade, mas ele questiona sobre o Filho do Homem.

"Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?"

Há uma grande variedade nas respostas, mas em geral sempre é identificado com um profeta, como Elias, morto há nove séculos, que retorna ao final dos tempos, ou como João Batista, morto recentemente. Em nenhum momento é reconhecido o Filho do Homem como Jesus.

Num segundo momento a pergunta é dirigida diretamente aos discípulos. Mas a pergunta é um pouco diferente:
“E vocês, quem dizem que eu sou?”.

E hoje ele faz também essa pergunta para cada um e cada uma de nós. Assim como os discípulos discutiram diversas opiniões das pessoas e até as suas sobre a identidade de Jesus, quantas vezes nós debatemos, argumentamos e até polemizamos opiniões sobre Jesus, sua missão, considerando-nos conhecedores de seu Mistério! No início apresenta-se como uma pergunta externa, sobre a opinião dos “outros”, aparentemente sem imiscuir-se em nossa vida.

Mas, em seguida, ele dirige-se a cada um de nós. Entra na nossa interioridade: e nós, que dizemos? Não basta dizer opiniões daqueles que nos rodeiam ou que escutamos no caminho, é preciso ter uma opinião própria que expresse nossas convicções profundas, nós que estamos o dia todo junto com ele, como as e os discípulos que narram o texto evangélico.

Na resposta de Pedro encontra-se uma expressão muito clara de nossa fé em Jesus. Acreditar que uma pessoa como ele seria um Messias não era fácil. Aguardava-se um Messias poderoso, com poder para libertar o povo dos romanos que os oprimiam, com poder político, com poder religioso e com fartura e abundância onde não reinasse a justiça e a igualdade entre o povo. Um Messias triunfador, um “rei como era conhecido geralmente entre os povos”.

Mas Jesus não tem nada a ver com isso! Ele é pobre, sem moradia fixa, um caminhante, menosprezado e até burlado pelas autoridades religiosas, os judeus, saduceus, fariseus, e aborrecido pelos romanos!

“Ele” pode ser o Messias esperado ao longo de tantas e tantas gerações?

O povo simples, representado na fé simples de Pedro é quem tem capacidade para perceber nele o Messias esperado!!

O povo conhecido e amado por Pedro durante anos, na beira do mar de Tiberíades, percebe uma acolhida particular da pessoa de Jesus.

Jesus abre assim os olhos de sua comunidade, alertando-a das dificuldades pelas quais vão passar. Adverte-os de que na vida cristã comprometida com o Reino haverá lutas, oposições, mas nada hão de temer, porque “o poder da morte não poderá sobre ela”!

Desta maneira Jesus antecipa sua vitória, não afasta o sofrimento, nem da sua vida nem da vida da sua comunidade, mas oferece a esperança da vitória, de que a morte não terá a última palavra nem sobre o Cristo, nem sobre seu Corpo!

Fundada numa fé forte como a rocha e confiante nestas palavras de Jesus, as comunidades cristãs caminham entre luzes e sombras, buscando servir os homens e mulheres de todos os tempos como aprendeu de seu Mestre e Senhor, para que todos tenham vida, e vida em abundância.

  

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