Não só crise econômica

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20 Setembro 2019

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 16,1-13, que corresponde ao 25° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

«Não podeis servir a Deus e ao dinheiro». Essas palavras de Jesus não podem ser esquecidas nestes momentos por aqueles de nós que se sentem seus seguidores, pois contêm a advertência mais grave que Jesus deixou à humanidade. O dinheiro, convertido em ídolo absoluto, é o grande inimigo para construir esse mundo mais justo e fraterno, amado por Deus.

Desgraçadamente, a riqueza converteu-se, neste nosso mundo globalizado, num ídolo de imenso poder que, para subsistir, exige cada vez mais vítimas e desumaniza e empobrece cada vez mais a história humana. Nestes momentos encontramo-nos apanhados por uma crise gerada em grande parte pelo desejo de acumular.

Praticamente tudo se organiza, se move e dinamiza a partir desta lógica: procurar mais produtividade, mais consumo, mais bem-estar, mais energia, mais poder sobre os outros. Essa lógica é imperialista. Se não a pararmos, pode colocar em perigo o ser humano e o próprio Planeta.

Talvez a primeira coisa seja tomar consciência do que está acontecendo. Esta não é apenas uma crise econômica. É uma crise social e humana. Nestes momentos já temos dados suficientes à nossa volta e no horizonte do mundo para perceber o drama humano em que vivemos imersos.

É cada vez mais óbvio ver que um sistema que conduz uma minoria de ricos a acumular cada vez mais poder, deixando em fome e miséria milhões de seres humanos, é uma loucura insuportável. É inútil olhar para o outro lado.

Já nem as sociedades mais progressistas são capazes de assegurar um trabalho digno a milhões de cidadãos. Que progresso é este que, lançando- nos a todos para o bem-estar, deixa tantas famílias sem recursos para viver com dignidade?

A crise está arruinando o sistema democrático. Pressionados pelas exigências do Dinheiro, os governantes não podem atender às verdadeiras necessidades dos seus povos. O que é a política se já não está ao serviço do bem comum?

A diminuição dos gastos sociais em diversos campos e a privatização interesseira e indigna de serviços públicos como a saúde continuarão a bater nos mais indefesos, gerando cada vez mais exclusão, desigualdade vergonhosa e fratura social.

Os seguidores de Jesus não podem viver encerrados numa religião isolada deste drama humano. As comunidades cristãs devem ser nestes momentos um espaço de conscientização, discernimento e compromisso. Devemos nos ajudar a viver com lucidez e responsabilidade. A crise há de tornar-nos mais humanos e mais cristãos.

 

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