09 Agosto 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 12,32-48, que corresponde ao 19° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Lucas compilou no seu evangelho umas palavras, cheias de afeto e carinho, dirigidas por Jesus aos seus seguidores e seguidoras. Com frequência passam despercebidas. No entanto, lidas hoje com atenção nas nossas paróquias e comunidades cristãs, ganham uma surpreendente atualidade. E o que precisamos ouvir de Jesus nestes tempos não é fácil para a fé.
“O Meu pequeno rebanho”. Jesus olha com imensa ternura para o seu pequeno grupo de seguidores. São poucos. Têm vocação de minoria. Não hão de pensar em grandeza. É assim que Jesus sempre os imagina: como um pequeno “fermento” escondido na massa, uma pequena “luz” no meio da escuridão, um punhado de “sal” para dar sabor à vida.
Depois de séculos de “imperialismo cristão”, os discípulos de Jesus devem aprender a viver em minoria. É um erro desejar uma Igreja poderosa e forte. É um engano procurar o poder mundano ou pretender dominar a sociedade. O evangelho não se impõe pela força. É contagiado por aqueles que vivem ao estilo de Jesus tornando a vida mais humana.
“Não tenhais medo”. É a grande preocupação de Jesus. Não quer ver seus seguidores paralisados pelo medo nem afundados no desânimo. Não devem preocupar-se. Também hoje somos um pequeno rebanho, mas podemos permanecer muito unidos a Jesus, o Pastor que nos guia e nos defende. Ele pode-nos fazer viver estes tempos com paz.
“O Vosso Pai quis dar-vos o reino”. Jesus lembra-lhes uma vez mais. Não devem sentir-se órfãos. Têm a Deus como Pai. Confiou-lhes seu projeto do reino. É seu grande presente. O melhor que temos em nossas comunidades: a tarefa de fazer a vida mais humana e a esperança de encaminhar a história para sua salvação definitiva.
“Vendam os vossos bens e deem esmolas”. Os seguidores de Jesus são um pequeno rebanho, mas nunca hão de ser uma seita fechada nos seus próprios interesses. Não viverão de costas às necessidades de ninguém. Serão comunidades de portas abertas. Compartirão os seus bens com os que necessitam de ajuda e solidariedade. Darão esmola, isto é, “misericórdia”. Este é o significado do termo grego.
Nós, cristãos, todavia necessitaremos de algum tempo para aprender a viver em minoria no meio de uma sociedade secular e plural. Mas há algo que podemos e devemos fazer sem esperar por nada; transformar o clima que se vive nas nossas comunidades e torná-las mais evangélicas. O papa Francisco assinala-nos o caminho com os seus gestos e o seu modo de vida.
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Viver em minoria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU