12 Agosto 2016
“Jesus não precisa roubar de Deus seu fogo, Eles partilham o mesmo fogo, o Espírito de Amor, paixão libertadora e geradora de vida”.
O comentário do Evangelho, correspondente ao 20º Domingo do Tempo Comum (14-07-2016), é elaborado por Maria Cristina Giani, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Evangelho de Lucas 12,49-53
«Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra! Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas, e duas contra três. Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.»
Eis o comentário
A leitura do primeiro versículo de hoje logo me fez lembrar do fogo aceso na pira olímpica dos Jogos Olímpicos que estamos vivendo.
Quanta expectativa se tinha pela chegada desse momento, quem levaria a tocha até o final? Como seria acesa? Como seria o cenário desse momento?... E foi sem dúvida um dos momentos mais bonitos da cerimônia, quando a pequena tocha acende a pira e um sol de fogo e luz parece tomar conta do espaço e do coração de todos os presentes.
Voltando ao evangelho, escutamos as palavras de Jesus: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!”.
Cabe a pergunta, a que fogo Jesus se refere? Sabemos que na antiguidade o fogo tinha um sentido sagrado. O significado do fogo olímpico, por exemplo, é tomado da mitologia grega, a qual afirma que o fogo foi roubado de Zeus (deus dos deuses) por Prometeus, conhecido como o titã defensor dos direitos da humanidade, e entregue aos mortais.
Jesus não precisa roubar de Deus seu fogo, Eles partilham o mesmo fogo, o Espírito de Amor, paixão libertadora e geradora de vida.
Esse é o fogo pelo qual o Filho do Homem veio ao mundo e com o qual quer acendê-lo desde dentro, desde suas entranhas.
Para que isso aconteça, o evangelista afirma que Jesus deve receber um novo batismo e coloca nos lábios de Jesus quanto ele deseja que isso aconteça: “como estou ansioso até que isso se cumpra!”
Lucas utiliza uma frase similar no capítulo 22: “Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal...” (15), a qual nos auxilia para compreender de que batismo Jesus está falando.
Vai ser na sua Páscoa, na cruz e ressurreição que Jesus nos entrega seu fogo, seu Espírito para que a humanidade possa renascer como filha de Deus: “E vocês não receberam um Espírito de escravos para recair no medo, mas receberam um Espírito de filhos adotivos, por meio do qual clamamos: Abba! Pai!” (Rm 8, 15).
Isto é o que celebramos no batismo sacramental! Peçamos a Jesus que nos renove nesta graça batismal, para vivê-la com consciência, gratidão e responsabilidade e assim possamos continuar “passando” a chama do Espírito que habita em nós.
Rezemos juntos/as
Batiza-me Jesus
com o sol e a brisa
de tua graça cotidiana,
discreta criação
escorrendo por minha fronte.
Submerge meu corpo
na bondade do povo
que corre pelo leito
de seus caminhos fundos,
abertos com seus pés
de trabalho e encontro.
Veste-me de branco
ao emergir das águas
respiração contida,
e acolhe-me em teu peito
com o abraço comunitário
de mil braços abertos.
Dissolve um grão de sal
no céu de minha boca,
para que a vida nova
se conserve inteira
com os sabores fortes
do evangelho.
Unge-me a fronte
com tua cruz de sofrimento,
e unge-me o peito
com a dor do povo.
Carregarei até o calvário
a cruz de teu mistério.
Que se alegre o cosmos
no ruído natural
do metal e a madeira,
e que cantem as gargantas
hoje, dia primeiro
da nova criação.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O novo batismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU