Ao ser questionado sobre a estrutura, os EUA não informou o que estará em seus andares subterrâneos por motivos de segurança.
O artigo é de Alexandre da Silva Francisco, membro da equipe do Instituto Humanitas Unisinos - IHU
Certa vez em uma entrevista Vladimir Safatle disse que precisamos mais do que nunca nomear as coisas do jeito que elas realmente são. Dessa forma "temos que chamar um gato de gato", quando ele de fato é um gato.
A nova "embaixada" americana que será construída em Brasília, não é um gato, mas também não é uma embaixada. O governo dos EUA está investindo cerca de 3,5 bilhões de reais na construção de uma grande estrutura militar e de espionagem com 9 andares subterrâneos, a poucos metros do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF. A soberania brasileira será amordaçada de vez.
Foto divulgação da nova "embaixada" americana
Ao ser questionado sobre a estrutura, os EUA não informou o que estará em seus andares subterrâneos por motivos de segurança.
Por óbvio está mais do que claro, eu diria que cristalino, que o local é como uma iceberg, na superfície encontramos belos jardins, pessoas simpáticas na recepção, e eventos regados a coquetéis pomposos. Porém, ao começar a descer, numa espécie de peregrinação de Dante e Virgílio no Inferno, percebemos a furada que o Brasil se meteu ao permitir a construção dessa fortificação militar com paredes grossas para aguentar a pressão de uma possível hecatombe nuclear mundial, e servir de centro de espionagem e influência geopolítica no coração de um dos mais importantes países integrantes dos BRICS.
A verdade é que o EUA e o ocidente não tem nada a oferecer ao Brasil. Eles assistem a ascensão dos BRICS, com a raiva espumando pela boca. Principalmente se considerarmos que nos anos 2000 os países imperialistas do G7 representavam mais de 60% de toda a economia mundial, hoje porém, minguam os 30%. Eles estão desesperados.
Entretanto, não sejamos ingênuos. Toda troca de poder não é feita de forma pacífica. Os EUA e a Europa não vão largar o osso que por tanto tempo roeram com tanto prazer e fartura. Também não vão aceitar a perda das vantagens econômicas que por tanto tempo exploraram de países pobres e enfraquecidos do Sul Global, para sustentar o American Dream e o American Way of Life.
Os EUA sempre tiveram "a parte do Leão" como dizia Marx no 18 de Brumário, a expressão alude à figura do leão na fábula de Escopo e, p.ex., La Fontaine, em que o leão quase sempre representa a força bruta e o poder. Com a expressão em questão, Marx alude a uma fábula específica em que o leão, a raposa, o chacal, e o lobo fazem um acordo para caçar juntos e dividir entre si o que conseguirem abater. Na primeira experiência que fizeram, mataram um veado e o leão mandou dividir a presa em quatro parte iguais, depois se colocou diante desses pedaços e informou aos seus três parceiros que ficaria com o primeiro pedaço por ser o rei dos animais, com o segundo por ser o responsável pela partilha, com o terceiro por ser a parte que lhe cabe de direito na sociedade e também com o quarto por não acreditar que alguém estivesse disposto a disputá-lo com ele. Daí se origina a expressão "a parte do leão", que comunmente é entendida como "a maior e melhor parte do bolo".
Assim, enquanto a China demonstra uma pujante economia, estreitando laços comerciais com países menos desenvolvidos e estimulando o desenvolvimento e a soberania dessas nações, os EUA e a OTAN só possuem vantagem bélica e militar, estimulando conflitos para lucrarem com venda de armamentos, matando inocentes em Gaza, influenciando conflitos em países pobres, levando o mundo inteiro para o buraco em nome da propriedade privada e do lucro a qualquer custo; endividando até o pescoço por meio de juros abusivos parte da própria população americana, para que meia dúzia de filhos de banqueiros possam esquiar nos alpes suíços.
Por fim, cabe o alerta: a estrutura bélica e de espionagem ainda não foi finalizada, pelo contrário, está em viés de construção inicial. O buraco ainda não foi feito, o Brasil ainda tem uma chance. Cabe ao Governo Federal barrar essa afronta a soberania brasileira. Caso contrário toda a diplomacia brasileira e os interesses nacionais estarão por livre e espontânea vontade entregues e a disposição dos Estados Unidos e do Ocidente, inclusive as negociações estratégicas econômicas e militares junto dos BRICS.
Está na hora de provar se o Brasil é de fato um país soberano e o líder dos BRICS, ou a republica das bananas.