09 Fevereiro 2018
Será que um pastor evangélico se tornará presidente da Costa Rica em abril, um pacato país apelidado de “Suíça da América Central”?
A reportagem é de Gilles Biassette, publicada por La Croix International, 07-02-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Esse cenário parece provável agora, depois que Fabricio Alvarado, 43 anos, ficou no topo da primeira rodada da eleição presidencial no dia 4 de fevereiro.
Com resultados de 75,1% das urnas, ele recebeu 24,9% dos votos, na frente do cessante ministro do Trabalho, Carlos Alvarado (centrista, sem partido), com 21%.
Até o fim de 2017, Fabricio Alvarado era apenas um parlamentar como qualquer outro, o único representante do partido evangélico Restauração Nacional na Assembleia Nacional.
Em novembro, os pesquisadores o colocaram no fim da lista de presidenciáveis, com apenas 2% das intenções de voto a seu favor.
Isso foi antes que a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), uma instituição da Organização dos Estados Americanos, apresentasse uma opinião que mudou o jogo. Em 9 de janeiro, a corte, em resposta a uma moção do governo da Costa Rica, convocou os Estados regionais a reconhecerem o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A corte decidiu que todos os direitos de propriedade decorrentes de relações familiares entre pessoas do mesmo sexo devem ser protegidos sem discriminação, comparados aos dos casais heterossexuais.
Por enquanto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal na Argentina, Brasil, Colômbia, Uruguai e em alguns Estados mexicanos. Chile e Equador reconhecem uniões civis.
Embora a decisão seja consultiva, ela forneceu argumentos aos militantes favoráveis à legalização dessas uniões e levaram a um debate na região. Na Costa Rica, onde 60% da população dizem se opor ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, isso provocou uma reação candente que beneficiou seu adversário mais fervoroso entre os presidenciáveis, Fabricio Alvarado.
“Desde sua criação, o Partido da Restauração Nacional caracterizou-se pela defesa decidida dos mais básicos valores cristãos, aos quais a imensa maioria dos costarriquenhos adere, como a defesa da vida e do casamento entre um homem e uma mulher”, disse Fabricio Alvarado em seu programa de governo, que o exibe com sua esposa e suas duas jovens filhas.
Embora geralmente se sinta que seu sucesso – que ainda precisa ser confirmado na segunda rodada no dia 1º de abril – deve muito à opinião da CIDH, contudo, isso confirma dois fenômenos importantes na América Latina.
O primeiro é a crescente presença dos evangélicos na cena política, mesmo em um país onde a maioria da população é católica (62%, de acordo com as estatísticas oficiais).
O segundo fenômeno é o sucesso de “forasteiros” em uma região abalada por grandes escândalos de corrupção.
Fabricio Alvarado era jornalista de TV antes de dedicar sua vida à sua fé como pastor e “cantor cristão” em 2009. Ele só descobriu a política em 2014, quando se tornou parlamentar.
Sua carreira é uma reminiscência da de Jimmy Morales, um comediante de TV que se tornou presidente da Guatemala em 2015 ao evidenciar sua fé evangélica.
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Um pastor evangélico à frente da Costa Rica? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU