02 Fevereiro 2018
A designação, por parte da Companhia de Jesus, do advogado Waldo Bown para apurar as acusações contra o sacerdote Jaime Guzmán Astaburuaga, assim como também da criminalista Joanna Heskia Tornquist, que verá as denúncias contra outros membros da ordem religiosa foi qualificada como um “primeiro bom passo” pelos ex-alunos do Colégio San Ignacio El Bosque
A reportagem é de Carlos Reyes e Javiera Matus, publicada por La Tercera, 31-01-2018. A tradução é do Cepat.
“Parece-me bom todo gesto que seja orientado a dar transparência à situação e a poder abrir, de forma mais ágil, um espaço para que aqueles que tenham sofrido algum tipo de abuso ou situação desmedida no colégio ou em outro âmbito. E que seja por meio de uma via que não necessariamente é a Companhia de Jesus, é bom, torna mais objetivo e autônomo”, disse Sebastián Milos.
Ele foi um dos mais de 85 ex-alunos do Colégio San Ignacio El Bosque pertencentes às gerações entre 1984 e 1997 que assinaram uma carta, que ficou conhecida nesta quarta-feira, na qual se exige que se torne pública a lista de padres jesuítas condenados por abusos, indicando a data, motivos e a punição aplicada.
Giorgio Stingo, outro dos assinantes da carta, contou que “sou parte da geração que vivemos a situação com o padre Guzmán. Esta situação não era isolada, era comum”. Assim como Milos, valorizou a decisão dos jesuítas de abrir um canal formal para receber denúncias. “Que tenham indicado um advogado é um grande primeiro passo. Há um reconhecimento, um pouco mais de consciência de uma situação anômala e que é necessário olhar com mais minúcia”, indicou.
Milos acrescentou que o fato de “que a Companhia reabra este assunto é um sinal muito bom por parte deles, de que estão acolhendo estes novos antecedentes e que está sendo ouvida esta solicitação de um grupo de ex-alunos do colégio de que há mais casos, de que é importante que se volte a abrir este processo, para que caso haja abusos maiores, possam testemunhá-los. É um bom sinal para recuperar o tempo perdido”.
Uma visão que é complementada por Stingo, para quem “estamos vivendo alguns dias nos quais está sendo mudada a visão de tais tipos de coisas e como não se deseja que ocorra algo assim com um filho, melhor reagir do que ficarmos sentados. Por isso, reunimo-nos, conversamos a respeito do assunto, falamos de fazer a carta e pedir que sejam responsabilizados todos os envolvidos.
Waldo Bown, o advogado que será o responsável em receber as denúncias contra Guzmán, declarou que “para mim esta é uma missão honorável e espero que todas as vítimas e testemunhas se aproximem de mim com total confiança de minha objetividade e dedicação”.
Enquanto isso, a criminalista Joanna Heskia, que reunirá antecedentes sobre outros membros jesuítas acusados de abusos, apontou que “se aborda um tema de transparência com isto. Acredito que, em matéria eclesiástica, é uma coisa inédita que sejam nomeados leigos especialistas em temas de direitos para que recebam a denúncia”.
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Chile. Jesuítas abrem canal para denúncias de abusos sexuais. Ex-alunos apoiam - Instituto Humanitas Unisinos - IHU