27 Fevereiro 2017
“A luta contra os abusos sexuais vai durar muito tempo, e, por isso, é preciso dizer adeus à ilusão de que a simples introdução de regras e de diretrizes será a sua solução. Ela implica uma conversão radical, uma atitude assumida com tamanha decisão que o esforço para fazer justiça às vítimas e o compromisso com a prevenção total não sejam escanteadas quando a atenção do público não for a mesma.”
A reportagem é do Servizio Informazione Religiosa (SIR), 23-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Quem escreveu isso na revista La Civiltà Cattolica foi o padre Hans Zollner, presidente do Centre for Child Protection da Gregoriana, em um artigo que faz uma avaliação sobre “A proteção da infância na Igreja Católica”.
As recentes palavras do Papa Francisco sobre o caso de Daniel Pittet – escreve Zollner - “levam a tirar conclusões precisas e a agir em consequência. Se, nos próximos meses e nos próximos anos, ainda forem divulgadas notícias desse tipo – e ainda haverá muitas, especialmente se considerarmos como a situação se apresenta em todo o mundo –, elas serão mais testemunhos terríveis de descuido, consciente ou tolerado, em relação aos deveres fundamentais, humanos e cristãos, inerentes ao cuidado pastoral, mas também serão chamados que exigem um redespertar resoluto”.
O mundo de referência da Igreja Católica é muito vasto e abrange “situações culturais muito diferentes entre si”. O Pe. Zollner lembra a esse respeito que a Igreja Católica conta com 1,3 bilhão de fiéis espalhados por 200 países. Existem mais de 200 mil escolas, cerca de 1.450 universidades católicas, assim como centenas de milhares de creches, maternais, centros, hospitais e muito mais. Depois, de país para país, há uma diversidade de situações culturais, e também no plano civil e penal podem ser encontrados diversos modos de lidar com casos de abuso.
Os números são bastante altos. Em escala mundial, 10-15% dos meninos e 15-20% das meninas acima dos 18 anos estão expostos a violências ou assédios sexuais. O ambiente mais frequente – mas também mais escondido – em que o abuso ocorre é o das famílias.
Nesse contexto, “a Igreja – escreve o Pe. Zollner – abre o caminho, e isso lhe é reconhecido também pelas instituições não eclesiais”. “Sem dúvida – continua o jesuíta –, nesses últimos cinco anos, aumentou nas autoridades eclesiásticas a sensibilidade para essa temática, junto com a disponibilidade para agir. Mas não se constata por toda a parte um compromisso permanente para dar prioridade absoluta à proteção das crianças e dos jovens em relação aos abusos sexuais e para tornar manifesto esse compromisso com medidas concretas e eficazes”.
Com a finalidade de difundir uma cultura de proteção e prevenção, nasceu o Centre for Child Protection da Gregoriana, “dedicando-se sobretudo àqueles países onde até agora pouco foi feito”.
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"A luta contra os abusos sexuais na Igreja ainda vai durar muito tempo", afirma Pe. Hans Zollner - Instituto Humanitas Unisinos - IHU