15 Novembro 2017
Chegou nessa segunda-feira, 13, a condenação por parte do presidente conservador polonês, Andrzej Duda, à maciça “Marcha da Independência”, que ocorreu no sábado, em Varsóvia, da qual participaram forças nacionalistas e xenófobas, e na qual foram proferidos slogans anti-islâmicos e antijudaicos.
A reportagem é de Paolo M. Alfieri, publicada no jornal Avvenire, 14-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Duda estigmatizou as “ênfases nacionalistas, xenófobas e antissemitas da marcha”, deplorando a presença de “faixas carregadas por pessoas irresponsáveis, cuja mensagem é inaceitável para todas as pessoas honestas na Polônia, porque não se pode igualar patriotismo e nacionalismo”.
A marcha despertou alerta também em Israel. “Trata-se de uma marcha perigosa, organizada por elementos extremistas e racistas”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon. “Expressamos a nossa confiança – acrescentou – de que as autoridades poloneses atuem contra os organizadores. A história ensina que esses fenômenos de ódio racial devem ser enfrentados rapidamente e com determinação.”
No sábado, mais de 60 mil pessoas de extrema direita desfilaram pela capital por ocasião do Dia da Independência. A manifestação atraiu ativistas de toda a Europa, incluindo Tommy Robinson, ex-líder da England Defence League (grupo britânico que combate a expansão do Islã no Reino Unido), e Roberto Fiore, da Forza Nuova, da Itália.
A manifestação, na qual não faltaram slogans xenófobos, antissemitas e laudatórios à supremacia branca, acabou “obscurecendo” as celebrações oficiais do dia, o aniversário do fim da Primeira Guerra Mundial, que deu nova soberania à Polônia, apagada por mais de um século (123 anos) dos mapas geográficos.
Também participaram da cerimônia o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que chegou ao país justamente a convite de Duda. Na praça, a extrema direita desfilou com o slogan “Queremos Deus”, uma frase de uma velha canção tradicional polonesa.
Os oradores do palco lançaram gritos contra os liberais e pediram que se defendam os valores cristãos das supostas invasões islâmicas e do liberalismo. Participaram da marcha especialmente jovens, muitos com o rosto encoberto e com a bandeira verde pró-fascista dos anos 1930.
“Foi uma bela visão”, comentou o ministro do Interior, Mariusz Blaszczak, enquanto a TV pública TVP descreveu os manifestantes como “patriotas que expressaram o seu amor pelo país”, e não como extremistas.
Há muito tempo, Varsóvia entrou em rota de colisão com Bruxelas por causa da questão da redistribuição dos requerentes de asilo, sofrendo um procedimento de infração por parte da Comissão Europeia pela não realocação dos refugiados.
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Polônia: 60.000 pessoas em marcha xenófoba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU