30 Outubro 2017
Em Lutero, “palpitava uma veia constante de mística que o fazia confessar: diante de Deus, ‘somos todos mendicantes’”.
A opinião é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 29-10-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Ó amado Pai, acolhe a minha cara e pobre alma em teus braços! Agradeço-te e te bendigo com todas as criaturas. Embora, para mim, tenha chegado o fim, conserva longamente a tua palavra! Abençoa-me, amado Deus, na morte e na vida.”
No dia 31 de outubro de 500 anos atrás, eram afixadas na porta da igreja do Castelo de Wittenberg as célebres 95 teses com as quais Lutero dava início a um dos eventos capitais da cristandade e da própria civilização ocidental, ou seja, a Reforma protestante. A imagem sanguínea que o pintor Lucas Cranach (imagem acima) nos deixou é confirmada, muitas vezes, pelas páginas candentes do Reformador.
Porém, nele palpitava uma veia constante de mística que o fazia confessar: diante de Deus, “somos todos mendicantes”. Até mesmo a docíssima invocação à beira da morte que citamos acima é o testemunho de um fim que desemboca na confiança amorosa.
“Como criança desmamada no colo de sua mãe, assim é a minha alma”, cantava o Salmista (131, 2). É o dom raro da serenidade da consciência, precioso para crentes e não crentes.
Escrevia ainda Lutero: “A misericórdia de Deus é como o céu que sempre permanece firme acima de nós. Debaixo desse telhado, estamos seguros onde quer que nos encontremos”.
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Lutero, o místico. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU