Dez anos depois que o Papa Bento XVI permitiu um maior uso da missa latina anterior ao Concílio Vaticano II, o Papa Francisco, aparentemente, está fazendo todo o possível para revogar essa autorização.
A reportagem é publicada por La Vanguardia, 14-09-2017. A tradução é de André Langer.
Os defensores da antiga missa celebrada em latim estiveram em Roma nesta quinta-feira para a sua peregrinação anual, em meio à indiferença e inclusive uma franca resistência à sua causa por parte do Papa Francisco.
Dez anos depois que o Papa Bento XVI permitiu um maior uso da missa latina anterior ao Concílio Vaticano II, Francisco, aparentemente, está fazendo todo o possível para revogar essa permissão ou simplesmente fingir que nunca existiu.
Nas últimas semanas, o Pontífice afirmou com "autoridade magistral" que as reformas do concílio da década de 1960 que abriram a possibilidade de celebrar a missa nas línguas vernáculas, em vez do latim, são "irreversíveis". Mais recentemente, o papa autorizou as Conferências Episcopais locais a supervisionarem as traduções dos textos litúrgicos, em vez do Vaticano.
Em mais de um sentido, essas velhas guerras em torno da liturgia na Igreja católica são muito vivas e constituem um microcosmo das diferenças que opõem católicos conservadores e tradicionalistas e o Papa Francisco, desde que ele se recusou a usar o tradicional pluvial, uma capa vermelha, na sua primeira aparição pública como pontífice em 2013.
Demonstrações de não levar em conta o outro parecem recíprocas
Em uma conferência celebrada nesta quinta-feira, 14 de setembro, por ocasião do décimo aniversário do decreto com o qual Bento XVI autorizou a missa em latim, o organizador do encontro, o padre Vincenzo Nuara, nem mesmo mencionou o papa em seu discurso de abertura. O atual pontífice foi mencionado de passagem pelo segundo orador, e o terceiro o omitiu completamente.
Também eram muito reveladores os participantes da primeira fila que prestigiaram o papa emérito Bento XVI e o seu decreto de 2007: o cardeal Raymond Burke, proeminente crítico do atual papa, que Francisco destituiu em 2014 do cargo de juiz da Suprema Corte do Vaticano; o cardeal Gerhard Ludwig Müller, recentemente destituído por Francisco do cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; e o cardeal Robert Sarah, nomeado por Francisco para o cargo de prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, mas marginalizado na prática por um representante papal.
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