05 Julho 2017
A reportagem é de Zuberoa Marcos e Noelia Núñez, publicada por El País, 30-06-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Perry Chen garante que não estudou "nada" na universidade. Ficou matriculado em marketing e publicidade por um ano, mas na maior parte do tempo se envolveu em projetos artísticos e musicais. Também não tem ideia de programação. Não consegue escrever uma única linha de código. E, no entanto, seu nome aparece junto ao de grandes gurus de tecnologia, como Mark Zuckerberg ou Sergey Brin quando se fala da revolução digital e das novas formas de negócio sustentadas pela Internet. O motivo de sua presença nesta lista privilegiada deve-se ao fato que Chen é um dos responsáveis pelo surgimento de um conceito cada vez mais popular, o de crowdfunding (ou financiamento coletivo) on-line. É um sistema de financiamento através da Internet no qual os usuários fazem doações financeiras aos criadores de uma ideia, trabalho ou produto para que possa ser realizado.
Em 2002, depois de uma tentativa fracassada de organizar um concerto em New Orleans, Perry Chen teve a ideia de criar um site onde as pessoas pudessem apoiar projetos artísticos financeiramente. Sete anos depois, com Yancey Strickler e Charles Adler, ele fundou o Kickstarter, que foi aclamada pela revista Time como uma das melhores invenções de 2010. A peculiaridade do Kickstarter em comparação com outras plataformas semelhantes é que ele coloca um conjunto de regras para quem quer arrecadar dinheiro através do seu site: os criadores devem estabelecer um valor mínimo ao qual devem chegar em um tempo limitado, senão o dinheiro deve ser devolvido. Além disso, os autores têm de oferecer alguma recompensa (algum reconhecimento) a quem colaborar.
Os projetos propostos também passam pelo crivo da equipe do Kickstarter, que avalia cada uma das ideias e decide se podem ou não ser incluídas na plataforma. Às vezes, as propostas são magníficas e, depois de realizadas, têm uma grande carreira comercial.
E outras são ocorrências originais (Chen argumenta que a arte não pode ser avaliada numa base comercial) que, no entanto, conseguem o financiamento pretendido. Entre as últimas estão casos curiosos como uma salada de batata, uma gigantesca escultura da cabeça de Lionel Richie, moldes de pastel em forma de bandeira pirata, censo dos esquilos de um parque em Atlanta ou contratar um piloto para escrever frases estúpidas no ar com seu avião.
Chen, que deu esta entrevista ao 'El Futuro el One', durante o evento TED em Vancouver, acredita que o sucesso de sua ideia não está nas possibilidades econômicas que abre aos criadores, mas no vínculo emocional que o apoio de uma comunidade gera: "acho que fomos nós que estabelecemos o modelo. Não se trata de dinheiro, não é que alguém te dê um cheque gigante. Tem é muita gente por trás de um projeto, sentindo-se conectada a esse projeto. E eles querem vê-lo ter sucesso. Isso é extremamente poderoso."
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"O poder do Kickstarter é a conexão emocional entre os criadores e seus doadores", diz Perry Chen, co-fundador da Kickstarter - Instituto Humanitas Unisinos - IHU