18 Mai 2017
“O nosso Deus não está inerte; permito-me dizer que o nosso Deus é um sonhador, que sonha a transformação do mundo e a realizou no mistério da ressurreição”. O Papa Francisco dedicou a catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 17 de maio de 2017, a Maria Madalena, que, enquanto caminhava até o sepulcro de Jesus, “espelha a fidelidade de tantas mulheres que são devotas por anos nos caminhos dos cemitérios”. Cristo ressuscitado aparece a ela chamando-a por seu nome: “A revolução de sua vida, a revolução destinada a transformar a existência de cada homem e mulher, começa com um nome que ressoa no jardim do sepulcro vazio”, disse Francisco. O Papa saudou os familiares das vítimas do Hotel Rigopiano, soterrado por uma avalanche no centro da Itália, que estavam presentes na audiência.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada por Vatican Insider, 17-05-2017. A tradução é de André Langer.
A primeira pessoa que chega ao sepulcro de Jesus – recordou o Papa, que nestes meses está desenvolvimento o ciclo de catequese sobre a esperança cristã – é Maria Madalena: “No caminho para o sepulcro, ela espelha a fidelidade de tantas mulheres que são devotas por anos nos caminhos dos cemitérios, em memória de alguém que já não está mais ali. Os vínculos mais autênticos não são interrompidos nem mesmo pela morte: há quem continua a amar mesmo que a pessoa amada tenha ido embora para sempre”.
“O Evangelho – prosseguiu Francisco – descreve Madalena evidenciando imediatamente que ela não era uma mulher que se entusiasma facilmente. De fato, depois da primeira visita ao sepulcro volta decepcionada ao lugar onde os discípulos se escondiam, comunica que a pedra não estava na entrada do sepulcro e sua primeira hipótese é a mais simples que se poderia formular: alguém deve ter roubado o corpo de Jesus. Assim, o primeiro anúncio que Maria leva não é o da ressurreição, mas de um roubo que desconhecidos teriam perpetrado enquanto toda a Jerusalém dormia. Depois, os Evangelhos relatam uma segunda ida de Madalena ao sepulcro de Jesus. Era teimosa, eh? – destacou Jorge Mario Bergoglio –, não se convencia... Desta vez, seus passos eram pesarosos. Maria sofre duplamente: primeiro pela morte de Jesus, depois pelo inexplicável desaparecimento do seu corpo”.
“Enquanto ela se abaixa perto da sepultura, com os olhos cheios de lágrimas, Deus a surpreende da maneira mais inesperada”, porque ela “descobre o evento mais surpreendente da história humana quando finalmente é chamada por seu nome: ‘Maria!’ Como é belo pensar que a primeira aparição do Ressuscitado, segundo os Evangelhos, tenha ocorrido de modo tão pessoal! Há alguém que nos conhece, que vê o nosso sofrimento e a nossa desilusão, que se comove e nos chama pelo nome”.
“Em volta de Jesus – disse Francisco –, há muitas pessoas que buscam a Deus; mas a realidade mais prodigiosa é que, muito antes, há um Deus que se preocupa com a nossa vida, que quer nos levantar e para isso nos chama pelo nosso nome, reconhecendo o rosto pessoal de cada um. Cada pessoa é uma história de amor que Deus escreve sobre esta terra. A cada um de nós Deus chama pelo nome, nos olha, nos espera, nos perdoa, tem paciência conosco. É verdade ou não?”
O Papa insistiu na particularidade do anúncio da ressurreição comunicado com o chamado pessoal, “Maria”: “A revolução da sua vida, a revolução destinada a transformar a existência de cada homem e de cada mulher, começam com um nome que ressoa no jardim do sepulcro vazio. Os Evangelhos nos descrevem a felicidade de Maria: a ressurreição de Jesus não é uma alegria que vem como conta-gotas, mas é como uma cascata que se expande por toda a vida. A existência cristã não é marcada por pequenas felicidades, mas por ondas que arrastam tudo”.
“Vocês também procurem pensar neste instante, com a bagagem de decepções e de derrotas que cada um de nós traz no coração, que há um Deus perto de nós que nos chama pelo nosso nome e nos diz: ‘Levante-se, pare de chorar, porque vim libertá-lo’. Jesus não se adapta ao mundo, tolerando que prevaleçam a morte, o ódio, a destruição moral das pessoas… O nosso Deus não está inerte; permito-me dizer que nosso Deus é um sonhador, que sonha a transformação do mundo e a realizou no mistério da Ressurreição”.
Concluindo a catequese, o Papa exortou os fiéis: “Na hora do pranto e do abandono, ouvir Jesus Ressuscitado, que nos chama pelo nome, e com o coração repleto de alegria anunciar: ‘Eu vi o Senhor!’ Mudei de vida porque vi o Senhor; agora sou diferente, sou outra pessoa, porque vi o Senhor. Esta é a nossa força e esta é a nossa esperança.”
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Papa Francisco: Deus é um sonhador que sonha a transformação do mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU