Por: João Flores da Cunha | 11 Abril 2017
O governador do estado peruano de Callao, Félix Moreno, foi preso pelas autoridades do país no dia 8-4. Ele é acusado de ter recebido suborno da Odebrecht para favorecer a empreiteira brasileira na construção de uma autoestrada em Callao.
Moreno saiu preso de uma audiência judicial sobre o caso. A acusação da promotoria é de que a Odebrecht teria pago uma propina de 4 milhões de dólares, dos quais 60% teriam sido encaminhados para o governador, para vencer a licitação da estrada da Costa Verde do Callao.
Os outros 40% seriam para o empresário israelense Gil Shavit. Ele teria sido o elo entre o governador e a Odebrecht. Shavit, que também é sendo investigado no caso, está colaborando com a Justiça peruana para tentar atenuar sua pena. Sua delação serviu de base para a acusação contra o governador.
O juiz decretou a prisão preventiva de Moreno, que tem validade de até 18 meses. Ele é acusado de ter cometido os crimes de lavagem de dinheiro e de tráfico de influência. O governador nega envolvimento nos delitos.
#HaceInstantes #FelixMoreno es trasladado a la carceleta del Poder Judicial #Odebrecht pic.twitter.com/twjkxVhB4f
— Poder Judicial Perú (@Poder_Judicial_) 9 de abril de 2017
Moreno é governador do estado desde 2011, tendo sido reeleito em 2014. De tendência centro-direitista, ele é filiado ao Chim Pum Callao, partido cujo fundador, Álex Kouri, está preso por envolvimento em outro caso de corrupção, também de construção de uma estrada em Callao.
Kouri antecedeu Moreno no cargo de governador. Callao, na costa do oceano Pacífico, é um estado importante economicamente: seu território, nos arredores da capital Lima, abriga o maior porto e o maior aeroporto do país.
Na semana passada, em declaração à imprensa, Moreno havia afirmado não ter recebido sequer um sol (moeda local), dólar ou real da Odebrecht. Ele deu a declaração após três imóveis de sua propriedade serem vasculhados pelas autoridades peruanas. Na audiência judicial, Moreno reiterou a afirmação, e disse: “podemos ter cometido erros administrativos, mas não roubei”.
Há indícios de enriquecimento ilícito e de propriedades incompatíveis com a renda do governador. Ele dispõe de uma mansão, que teria sido comprada por sua esposa com dinheiro vivo.
Em dezembro de 2016, a Odebrecht firmou um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em que admite ter pago 29 milhões de dólares em propinas no Peru. Deste então, o caso se tornou o centro do noticiário no país.
Um ex-presidente, Alejandro Toledo, teve a prisão decretada, e está foragido. Acredita-se que ele esteja na Califórnia, nos Estados Unidos. Outro ex-presidente, Alan García, também foi denunciado por corrupção.
O vice-governador de Callao, Walter Mori, assumiu temporariamente o posto de Moreno após a prisão deste. Porém, Mori também é investigado em casos de corrupção. Em janeiro deste ano, a Controladoria-Geral da República pediu que o vice-governador seja inabilitado por conta de uma sentença emitida em primeira instância contra ele.
#LOÚLTIMO Policía allana vivienda del gobernador del Callao Félix Moreno https://t.co/Jk4H5DjHoU pic.twitter.com/jibndSYOeJ
— Diario La República (@larepublica_pe) 3 de abril de 2017
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Peru. Governador é preso acusado de receber propina da Odebrecht - Instituto Humanitas Unisinos - IHU