23 Fevereiro 2017
Muitas delas estão em perigo por causa da decisão de Trump de suspender o programa que permitia a elas entrarem como refugiados.
Foi o arcebispo de Los Angeles, dom José Gómez, quem levantou a voz em defesa destas crianças no púlpito de Modesto, Califórnia, onde se reuniram as delegações dos movimentos populares para falar do momento histórico atual e das ações mais apropriadas para promover os direitos fundamentais das pessoas.
A reportagem é de Alan P. Durante e publicada por Tierras de América, 21-02-2017. A tradução é de André Langer.
“Para compreender o impacto das batidas policiais realizadas pelos guardas de fronteira dos Estados Unidos em mais de 60 comunidades de todo o país só neste mês de fevereiro”, denunciou o vice-presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, “podemos ouvir as crianças: elas não querem ir à escola, porque acreditam que podem ser tiradas dos seus pais na ausência destes”. As batidas anti-imigrantes foram realizadas em Atlanta, Flórida, Kansas, Texas e Virginia do Norte.
O objetivo das batidas deveria ser a prisão e repatriação dos imigrantes com prontuário. No entanto – informam os meios de comunicação estadunidenses –, estão afetando muitas pessoas que não têm antecedentes penais. Também se encontram em situação de risco muitos menores que fogem da violência nos países da América Central. A ordem do presidente Trump de suspender por 120 dias o programa conhecido como CAM (Programa de Processamento de Refugiados para Menores Centro-Americanos) aumenta as dificuldades daqueles que começam a viagem com o propósito de cruzar a fronteira mexicana com os Estados Unidos e coloca em perigo a sua segurança pessoal.
O programa foi lançado pelo governo Obama no final de 2014 para enfrentar, de alguma maneira, a escalada de violência em El Salvador, Guatemala e Honduras que empurrava milhares de jovens a empreenderem uma viagem para os Estados Unidos para viverem com familiares ou conhecidos que já moravam nesse país. O CAM permitia colocar em marcha um procedimento especial para obter a condição de refugiado ou um visto legal de entrada para os menores provenientes dos três países centro-americanos. E mesmo quando o menor não era reconhecido como idôneo para a entrada como refugiado, o programa permitia um acesso condicionado, posteriormente aperfeiçoado.
O jornal britânico The Guardian publica uma investigação jornalística que assinala que a suspensão disposta por Trump afeta também adolescentes ameaçados de morte porque presenciaram assassinatos de quadrilhas e outros que fogem do recrutamento forçado das quadrilhas criminosas. De acordo com os dados oferecidos pelo jornal londrinense, nos últimos dois anos 80 mil menores foram detidos pelos agentes mexicanos encarregados dos controles migratórios. Outros 100 mil tiveram problemas com traficantes de pessoas, funcionários corruptos e sequestradores para poderem chegar até a fronteira com os Estados Unidos.
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Cresce o número de crianças migrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU