• Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
close
search
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
search

##TWEET

Tweet

Os medos que o poder transforma em mercadoria política e comercial. Artigo de Zygmunt Bauman

Mais Lidos

  • As tensões surgiram pela primeira vez na véspera do conclave: o decano não mencionou Francisco na homilia e parabenizou Parolin no final

    LER MAIS
  • Esquerdas governamentais, conciliatórias e apaziguadoras reduziram-se a “salvar o capitalismo dele mesmo” e não conseguem canalizar inconformidade e indignação, tarefa que o fascismo desejado e reivindicado pelas massas tomou para si com sucesso

    A internacional fascista como modo de vida. Entrevista especial com Augusto Jobim do Amaral

    LER MAIS
  • Prevost, eleito Papa Leão XIV: o cardeal americano cosmopolita e tímido

    LER MAIS

Vídeos IHU

  • play_circle_outline

    MPVM - 4º domingo de Páscoa – Ano C – A missão de cuidar da vida e cuidar da humanidade

close

FECHAR

Image

COMPARTILHAR

  • FACEBOOK

  • X

  • IMPRIMIR PDF

  • WHATSAPP

close CANCELAR

share

12 Janeiro 2017

“Assim como a água, o medo se tornou um produto de consumo e foi assujeitado à lógica e às regras do mercado. Depois, foi transformado em mercadoria política, em moeda útil para conduzir o jogo do poder.”

A opinião é do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, falecido no último dia 9 de janeiro, em artigo publicado no jornal Corriere della Sera, 10-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças que geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das coisas humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza física e à inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe de apagar a “mãe de todos os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência da nossa mortalidade e da impossibilidade de fugir da morte.

Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o principal motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber a cultura como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo de morrer que nos tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.

A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E, se por puro acaso, nos tornássemos imortal, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente, como compreenderam tanto Joseph Cartaphilus de Esmirna, o incansável buscador da Cidade dos Imortais idealizado por Jorge Luis Borges, quanto por Daniel, o herói da possibilidade de uma ilha de Michel Houellebecq destinado a ser clonado e reclonado infinitamente.

Joseph Cartaphilus verificou pessoalmente que Homero, tendo se dado contra da própria imortalidade e sabendo “que, em um tempo infinito, a cada homem acontecem todas as coisas” e que, portanto, por essa mesma razão, seria “impossível [...] não compor, ao menos uma vez, a Odisseia”, está destinado a voltar a ser troglodita. E Daniel compreende que, uma vez apagada a perspectiva do fim do tempo e assegurado o caráter infinito da existência, “só o fato de existir já é uma chaga” e a tentação de renunciar à prerrogativa da clonagem adicional indo rumo a “um nada simples, uma pura ausência de conteúdo”, torna-se irresistível.

Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade ou probabilidade de que as visões permaneçam irrealizadas, os projetos, incompletos, e as coisas, não feitas que impulsionaram os homens a agir, e a imaginação humana, a alçar voo. Foi essa consciência que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.

Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto focal das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas.

Os nossos progenitores, quando tinham sede, bebiam a sua dose cotidiana de água dos córregos, dos rios, dos poços, até mesmo das poças... Nós compramos em uma loja uma garrafa de plástico selada, cheia de água, carregamo-la durante todo o dia conosco, aonde quer que vamos, e às vezes bebemos um gole. É isso hoje que “faz a diferença”, a mesma diferença que existe entre os medos contemporâneos e os dos nossos antepassados. Em ambos os casos, a diferença é a comercialização. Assim como a água, o medo se tornou um produto de consumo e foi assujeitado à lógica e às regras do mercado. Depois, foi transformado em mercadoria política, em moeda útil para conduzir o jogo do poder. A quantidade e a intensidade do medo nas sociedades humanas não refletem mais a gravidade objetiva ou a iminência do perigo, mas a abundância de ofertas no mercado e a intensidade da promoção (ou propaganda) comercial.

Leia mais:

  • “Bauman só podia estar de acordo com um papa como Francisco”. Entrevista com com Gianni Vattimo
  • Bauman, o Holocausto e o nexo entre horror e modernidade. Artigo de Donatella Di Cesare
  • Zygmunt Bauman representava algum conforto em um mundo cada vez mais cinzento
  • Morre Zygmunt Bauman, o filósofo polonês autor da "Vida Líquida"
  • "Trump é um veneno, vendido como antídoto aos males de hoje." Entrevista com Zygmunt Bauman
  • Cidadania vigiada. A hipertrofia do medo e os dispositivos de controle
  • Medo do outro (e de si mesmo). Entrevista com Zygmunt Bauman
  • Medo, o triunfo da intolerância. Entrevista especial com Roberto Romano
  • Morte. Uma experiência cada vez mais hermética e pasteurizada. Revista IHU On-Line N°. 496
  • "O medo e o ódio têm a mesma origem." Entrevista com Zygmunt Bauman
  • "Se cedermos ao medo, a democracia morrerá." Entrevista com Zygmunt Bauman

Notícias relacionadas

  • “Vivemos em dois mundos paralelos e diferentes: o on-line e o off-line”. Entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman

    LER MAIS
  • Como as redes sociais mudaram a forma de lidar com o luto e a morte

    As redes sociais estão modificando as formas de luto e o diálogo sobre a morte no âmbito público. Duas sociólogas da Universi[...]

    LER MAIS
  • Poluição custa US$ 4,9 bi/ano ao Brasil

    LER MAIS
  • Toda sociedade produz o seu estrangeiro. Artigo de Marco Aime

    A ideia de sociedade proposta por muitos movimentos xenófobos europeus é a de uma comunidade fechada, limitada e reservada aos a[...]

    LER MAIS
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato

Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo - RS
CEP 93.022-750
Fone: +55 51 3590-8213
humanitas@unisinos.br
Copyright © 2016 - IHU - Todos direitos reservados