10 Novembro 2016
Uma árvore reduz entre 7% e 24% o material particulado, um dos tipos mais prejudiciais de poluição.
Sólidas e serenas, vivas e vibrantes.
As árvores produzem em muitas pessoas um efeito calmante e positivo. Mas viver perto desses gigantes verdes gera um impacto muito concreto na saúde, especialmente nos habitantes das cidades, segundo um novo estudo.
A reportagem foi publicada por BBC Brasil, 08-11-2016.
E as consequências vão desde mudar a qualidade e a temperatura do ar a influir no funcionamento do cérebro.
A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, destacou três efeitos positivos de viver perto das árvores.
Uma árvore reduz a chamada matéria particulada ao seu redor entre 7% e 24%, segundo um estudo publicado recentemente pelo The Nature Conservancy, uma organização internacional dedicada à conservação da biodiversidade sediada nos Estados Unidos.
A investigação avaliou o impacto das árvores em 245 cidades ao redor do mundo.
Um dos contaminantes mais graves no ar das cidades é o material particulado, que pode ser classificado em dois tipos.
O estudo avaliou o impacto das árvores em mais de 200 cidades do mundo; estima-se que em 2050, 66% da população mundial será urbana.
O mais grosso tem 10 ou menos micrômetros (um micrômetro é a milésima parte de um milímetro) de diâmetro, ou PM 10, e resulta do pó da construção e das ruas, entre outras fontes.
Mas o tipo mais prejudicial de material particulado é chamado PM 2,5. Ele tem um diâmetro de 2,5 ou menos micrômetros e resulta da queima de combustíveis fósseis e madeira, entre outras fontes.
Essas partículas finas em suspensão podem penetrar profundamente nos pulmões e estima-se que causem 3,2 milhões de mortes por ano mundialmente, segundo o estudo. O material PM 2,5 está associado a um risco maior de acidentes vasculares cerebrais, problemas cardíacos e enfermidades respiratórias como a asma.
Trata-se de um problema verdadeiramente global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou neste ano que cerca de 90% da população mundial que vivia em centros urbanos em 2014 foi exposta a níveis de material particulado que excederam as recomendações da OMS.
O estudo publicado pela The Nature Conservancy destaca que em ruas com muito tráfego as árvores devem ser plantadas de maneira espaçada para impedir que as copas reduzam a circulação de ar.
O impacto das árvores na temperatura é crucial, dado que as ondas de calor matam cerca de 12 mil pessoas por ano e dificultam a vida de milhões, segundo o estudo.
“A mudança climática fará com que o impacto dessas ondas de calor nas cidades seja ainda mais severo”, afirma o documento.
As árvores reduzem a temperatura em um ou dois graus centígrados, o que é um impacto crucial durante as ondas de calor.
A Organização Mundial da Saúde estima que para o ano de 2015 as mortes anuais por ondas de calor nas cidades poderiam chegar a 260 mil – a menos que os centros urbanos tomem medidas para se adaptar às novas condições.
“Muitos estudos científicos demonstraram que a sombra das árvores, além da transpiração durante a fotossíntese, contribuem para reduzir a temperatura do ar e consequentemente o consumo de eletricidade para ar condicionado”, afirma a investigação do The Nature Conservancy.
“Não posso cuidar da minha saúde e do meu espírito a menos que passe ao menos quatro horas por dia na floresta, totalmente livre de compromissos mundanos”, escreveu no século 19 o americano Henry David Thoreau em seu livro clássico Walden, que relata sua experiência de viver dois anos em uma cabana construída por ele mesmo às margens do lago Walden, em Massachusetts.
Um estudo já conhecido liderado por Roger Ulrich na década de 1980 comparou pacientes de um hospital da Pensilvânia que haviam sido operados da vesícula. Aqueles que estavam em quartos com vista para árvores se recuperaram mais rapidamente que aqueles que estavam em quartos com janelas voltadas para edifícios.
Caminhar na natureza reduz a tendência de “ruminar” – um padrão de pensamento negativo associado à depressão.
E um estudo recente de Gregory Bratman, da Universidade de Stanford, mediu o impacto no cérebro de caminhar durante 90 minutos na natureza.
Um grupo que caminhou em meio a árvores foi comparado com outro que andou em uma rua com muito tráfego. As pessoas que andaram na rua tiveram um aumento da atividade de “ruminar” criticamente sobre si mesmo ou sobre eventos do passado – um padrão negativo de pensamento vinculado à depressão.
Aqueles que caminharam entre as árvores tiveram menos tendência de “ruminar” pensamentos. O estudo também incluiu uma análise por ressonância magnética do cérebro dos participantes e constatou que os que caminharam na natureza mostraram uma atividade menor na região do cérebro associada à autocrítica e ao isolamento social comum de quem “rumina em excesso”.
A importância das árvores nas cidades não pode ser subestimada.
Ainda mais levando em conta que atualmente 54% da população mundial é urbana e que essa porcentagem chegará a 66% em 2050, segundo as Nações Unidas.
“Em muitas cidades o departamento de saúde está de um lado e as árvores do outro”, disse Rob Mc Donald, um dos autores do estudo publicado pelo The Nature Conservancy.
“Uma das metas do nosso estudo é recordar às cidades que esses dois departamentos devem colaborar”.
“Se isso acontecer, minha esperança é que veremos um renascimento das plantações de árvores em centros urbanos”.
Você sabia que a poluição do ar mata mais pessoas do que a desnutrição ou obesidade?
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Três benefícios desconhecidos de viver perto de uma árvore - Instituto Humanitas Unisinos - IHU