29 Agosto 2016
O Papa Francisco quer visitar, o quanto antes, as principais localidades atingidas pelo brutal terremoto que sacudiu esta semana o centro da Itália e que, até este momento, cobrou a vida de 250 pessoas. Mesmo sem haver confirmação oficial Bergoglio revelou sua intenção de mostrar sua proximidade com as vítimas da tragédia, e oferecer sua solidariedade pessoalmente.
A reportagem é de Jesús Bastante e publicada por Religión Digital, 26-08-2016. A tradução é de André Langer.
Bergoglio está vivendo com muita dor as circunstâncias do terremoto, do qual tomou conhecimento minutos após sua ocorrência. Por conta disso, pela primeira vez suspendeu a tradicional catequese das quartas-feiras para substituí-la por uma oração do Terço.
Além disso, publicou em seu Twitter uma mensagem de condolências: “Manifesto a minha dar e a minha proximidade a todas as pessoas presentes nos lugares atingidos pelo terremoto”, afirmava o Pontífice.
Poucas horas depois, anunciou o envio de um contingente dos Bombeiros do Vaticano, aos quais se somou nesta quinta-feira uma brigada de gendarmes, para colaborar com a Defesa Civil na busca de pessoas entre os escombros e na assistência aos feridos, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé.
Os agentes da Gendarmeria, que já se encontram em Amatrice, uma das localidades mais atingidas pelos danos materiais e com cerca de 200 mortos, colaborarão com a Polícia italiana na segurança da localidade e evitar possíveis roubos nas casas abandonadas por seus proprietários após o terremoto.
Na quinta-feira, o Papa celebrou a missa com as clarissas de Santa Maria di Vallegloria. Durante a celebração, o Pontífice rezou por todos os mortos e feridos da catástrofe e depois entregou às religiosas sua recente constituição apostólica Vultum Dei Quaerere dedicada ao tema da vida religiosa contemplativa feminina.
No contexto do Ano da Misericórdia, o Papa Francisco convidou ao Vaticano a comunidade de religiosas de clausura das clarissas da diocese de Foligno, cujo mosteiro, segundo a tradição, foi fundado no ano 560 por discípulos de São Bento e reformado em 1230 por duas discípulas de Clara de Assis, Balbina e Pacífica.
A Itália já se dispõe a reconstruir seu patrimônio histórico destruído pelo terremoto da quarta-feira no centro do país, onde pelo menos 293 edifícios de valor cultural foram seriamente atingidos, segundo o primeiro balanço oficial.
O ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini, deu este número provisório em uma coletiva de imprensa na qual assegurou que, embora a prioridade agora seja salvar vidas, com o tempo pretendem “reconstruir os burgos para manter uma imagem fiel à que tinham”.
Trata-se das zonas históricas das localidades que abrigavam importantes monumentos e que agora ficaram reduzidas a escombros pelo último terremoto de 6 graus de magnitude na escala Richter, que, até o momento, provocou cerca de 250 mortos.
Este é o caso de Amatrice, considerado um dos povoados mais bonitos da Itália, onde havia um catálogo de cerca de 3 mil obras de valor artístico.
Alguns dois edifícios que ali ficaram destruídos são o Museu Cívico, a Basílica de São Francisco, a igreja de Santo Agostinho (ficou em pé apenas seu campanário, ainda que em condições muito precárias) e três portas, como puderam confirmar as autoridades.
Para isso, organismos especializados em patrimônio realizaram uma primeira avaliação dos danos em uma zona limitada.
Cerca de 50 carabineiros foram deslocados até o local, 30 dos quais pertencem ao corpo dos chamados “capacetes azuis da cultura”, de prontidão para este tipo de emergência.
O general do comando dos carabineiros para a proteção do patrimônio cultural, Fabrizio Parrulli, apontou à agência Efe que esse pessoal opera normalmente na Itália e também adestra os corpos de outros países.
Em fevereiro passado, a Itália e a Unesco selaram um acordo de cooperação com o objetivo de preservar o patrimônio artístico prejudicado pelos conflitos ou pelos desastres naturais em nível mundial.
Agora, coordenados com as forças da ordem e da Defesa Civil, esses efetivos estão tendo acesso a algumas zonas afetadas do centro da Itália, se bem que outras seguem inacessíveis.
O ministro destacou a necessidade de que não se retirem os escombros pertencentes aos edifícios históricos. “Se forem retirados, não será possível reconstruir uma fachada do século XIII que tenha caído”, explicou.
“Não devemos esquecer que esses restos são partes do patrimônio”, disse, por sua vez, a secretária-geral do Ministério, Antonia Pasqua Recchia.
Detalhou que depois do reconhecimento das obras será preciso levar as diversas peças a lugares em que possam permanecer cobertas e serem conservadas até sua restauração.
Segundo Recchia, a maior parte dos bens destruídos é eclesiástica, em especial igrejas. Também se tentará resgatar afrescos, quadros e objetos litúrgicos.
Segundo informou o jornal Avvenire, em Amatrice foram avariados lugares importantes, como a Basílica de São Francisco e a igreja de Santo Agostinho. Outro lugar atingido é o campanário de Castelluccio de Nursia, de onde é originário o pai do monacato ocidental, São Bento. Também foram seriamente avariados o Seminário Diocesano e as igrejas de Santa Iluminata e São Bento. Também em Nursia, a pequena torre da catedral moveu-se, assim como aconteceu no terremoto de 1979. Além disso, ficou inapto para o uso o complexo de São Francisco, no município de São Genésio, assim como o convento das irmãs beneditinas e a igreja.
Em Tolentino, caiu a fachada da igreja do Santíssimo Crucificado dos capuchinhos. Em Cingoli, a igreja de São Francisco ficou avariada. Diante desta calamidade, a diocese de Macerata-Tolentino-Recanati-Ciongoli-Treia iniciou as primeiras verificações sobre o estado dos templos. Em Macerata, depois de uma inspeção, verificou-se que a catedral de São Giuliano não está apta para o uso.
Na cidade próxima de Camerino, o terremoto derrubou uma parede do mosteiro de Santa Clara. Avarias também foram verificadas no relógio da catedral. O terremoto de 6,2 graus na escala Richter também foi sentido em Urbino e provocou pequenas rachaduras no lado externo da catedral de tijolo. Em Teramo, foram detectadas graves avarias no interior do Santuário de Nossa Senhora da Graça.
“Um terremoto como o de Amatrice voltará a acontecer”
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Itália. Francisco visitará nos próximos dias as localidades destruídas pelo terremoto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU