Por: Jonas | 08 Março 2016
“Foi a graça de Deus que ao tocar meu coração, pôs nele um brilho especial, pôs uma luz especial, pôs uma paz especial, indescritível” (Graça Poderosa, padre Zezinho)
O filme “A Árvore da Vida” (2011), de Terence Malick, é uma verdadeira obra-prima, de uma beleza indiscutível e de um propósito sem igual: despertar o ser humano para coisas grandes, tornando a experiência com o imanente uma possibilidade de transcendência. Trata-se de um verdadeiro coração pulsando, que traz aos que o saboreiam um desejo de vida, de infinitude e de abertura para o mistério. Este filme foi exibido pelo ciclo Cinema e Espiritualidade, promovido pelo CJCIAS/CEPAT, em parceria com a Faculdade Claretiana de Teologia e apoio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, na cidade de Curitiba, no dia 05 de março. Monsenhor Ricardo Hoepers (foto), recém-nomeado pelo Papa Francisco para dirigir a Diocese de Rio Grande, Rio Grande do Sul, foi quem comentou o filme.
Fonte: CJCIAS/CEPAT |
O relato é de Jonas Jorge da Silva, da equipe do CJCIAS/CEPAT.
Para Monsenhor Hoerpers, na interpretação deste filme, não se deve ficar preso a um psicologismo, encerrando-se nas facetas psicológicas das relações familiares que se fazem presentes. Ao contrário, a partir da perspectiva de Malick, é preciso entendê-lo teologicamente. Há uma concepção teológica que é expressão da visão de mundo do diretor, aliás, os personagens têm papel secundário na análise geral do filme, já que o mesmo excede a especificidade do núcleo familiar que o compõe.
Natureza e graça são os dois principais elementos trabalhados pelo diretor ao longo do filme. Aos poucos, percebe-se que a vida pode ser mais e que se o ser humano buscar, indagar e não se conformar com os imediatismos de seu cotidiano, poderá se surpreender com a beleza e com as possibilidades que estão latentes na vida que se manifesta em tudo e em todos.
Terence Malick vai além da narrativa, transformando o filme em uma verdadeira obra poética. Tudo nos fala da graça e ela está aí para todos que a procuram. “Luz da minha vida, eu procuro por você”, confessa um dos personagens do filme. A graça sempre esteve presente, desde o início de tudo, independente das experiências de dor e destruição.
Fonte: CJCIAS/CEPAT |
Monsenhor Hoepers destacou que apesar do filme não contar com uma arquitetura temporal linear, ainda assim é possível organizá-lo a partir de blocos como a memória de um dos personagens, o filho que relembra a abertura persistente da mãe para o dom (graça), o pessimismo asfixiante do pai (natureza) e a doçura e brilho do irmão que morreu muito jovem; o bloco sobre a história da vida, com imagens científicas que contam suas etapas de desenvolvimento; a perspectiva escatológica e a dimensão cósmica. De maneira tal, que é possível dizer que tudo o que é apresentado pelo filme, a partir de níveis poéticos temporais, está relacionado e interconectado.
O filme “A Árvore da Vida” é um impressionante despertar para o mistério da vida. Sua poesia, suas estruturas metafóricas e trilha sonora é um convite à transcendência. Trata-se de um verdadeiro ato de fé, na certeza de que a humanidade não caminha sozinha, que há razões suficientes, como a própria beleza de tudo que existe demonstra, para acreditar na luz, na grandiosidade de Deus e na reconciliação de um mundo ferido. Há razões para se ter esperança, há uma luz e um mar infinito, basta dar o primeiro passo, basta ter coragem de optar. Apesar de todos os sofrimentos e contradições, a humanidade é capaz de transformar e tornar a vida feliz. É preciso confiar nisto.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Luz da minha vida, eu procuro por você”. Exibição e debate sobre o filme 'A Árvore da Vida' de Terence Malick - Instituto Humanitas Unisinos - IHU