"Jesus, no Evangelho, nos diz ainda que rogará ao Pai para que nos envie outro Defensor. Ao dizer “outro”, o Senhor está também nos lembrando que é Ele mesmo nosso primeiro Defensor; Ele que, como Bom Pastor, protege e defende a nós que somos suas ovelhas, suas discípulas, seus discípulos. A este outro Defensor Jesus chama de Espírito da Verdade: Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós. Nós, que seguimos a Jesus, que guardamos seus mandamentos, conhecemos o Espírito Santo. Trilhando os caminhos do Ressuscitado, vamos aos poucos aprendendo a discernir a ação do Espírito da Verdade. Embora às vezes não lhe demos a devida atenção e não acolhamos suas insinuações, sabemos que o Espírito do Senhor está dentro de nós e permanece junto de nós, desejando conduzir-nos à verdade plena e nos recordando todas as palavras que Jesus nos disse."
Este mesmo Espírito que guiou Jesus em sua vida, que desceu sobre aqueles e aquelas que creram no anúncio de Felipe na Samaria, hoje continua a conduzir a Igreja, chamando-nos especialmente ao aprendizado de um modo de ser sinodal, mais próximo daquele vivido pelas primeiras comunidades cristãs, certamente mais próximo do que foi a vivência do próprio Jesus com seus discípulos e discípulas. E para que possamos realizar esse caminho é que Jesus renova hoje sua promessa: “Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós”. O Senhor Ressuscitado continua conosco neste peregrinar em que vamos buscando como ser hoje anunciadoras e anunciadores do Reino e, por isso, Ele nos diz: Não vos deixarei órfãos. "
A reflexão é de Priscila Cirino Teixeira, fmvd. Ela é missionária consagrada da Fraternidade Missionária Verbum Dei. Ela possui graduação em Comunicação Social na UFMG (1999), graduação em Teologia (2006) e o Mestrado em Teologia Sistemática (2020) pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE, onde atualmente é doutoranda em Teologia Sistemática.
1ª leitura - At 8,5-8.14-17
Salmo - Sl 65(66),1-3a.4-5.6-7a.16.20 (R. 1-2a)
2ª leitura - 1Pd 3,15-18
Evangelho - Jo 14,15-21
Nós estamos nos aproximando das Solenidades da Ascensão do Senhor e de Pentecostes. E a liturgia já vai nos preparando para essas últimas festas, com as quais encerraremos o Tempo Pascal. No entanto, ainda nos restam duas semanas para continuar nutrindo nossa experiência da ressurreição. Duas semanas em que continuaremos exultando de alegria no Senhor, como nos propõe o salmista (Sl 65).
O Evangelho proposto para a liturgia deste domingo (Jo 14,15-21) é retirado do discurso de despedida que Jesus dirige a suas discípulas e seus discípulos antes de sua Paixão. Esse trecho do Evangelho de João pode nos remeter àquele contexto da última ceia. Porém, estamos no Tempo Pascal e, por isso, devemos ouvir essas mesmas palavras como palavras ditas a nós pelo Senhor Ressuscitado. É Ele que, então, nos diz: “eu vivo e vós vivereis”. Jesus nos faz a promessa de que, como Ele e com Ele, seremos agraciadas e agraciados com a vida nova.
Se as três primeiras semanas do Tempo Pascal nos levaram a acompanhar a experiência de encontro com o Ressuscitado daquelas e daqueles que inauguraram para nós a fé pascal, os Evangelhos dos dois últimos domingos e também o de hoje nos convidam a adentrar no mistério da nossa participação na vida de Deus, vida em abundância, vida vivida seguindo os passos daquele que é Ele mesmo o Caminho.
Vejamos, pois, o que o Senhor Ressuscitado nos diz no Evangelho deste domingo: “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Se me amais, guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco”. Em primeiro lugar, Jesus nos recorda que o amor a Ele se expressa em seguir seus ensinamentos. “Guardar seus mandamentos” significa muito mais do que recordar o que Ele nos disse. Significa, principalmente, viver como Ele. É isso o que vemos, por exemplo na primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos (At 8,5-8.14-17): quando Felipe se dirige a uma cidade da Samaria, anuncia aí o Evangelho, expulsa espíritos maus, cura paralíticos e contagia grande alegria entre os que o veem e o escutam. Podemos dizer, então, que Filipe é exemplo de discípulo que guardou os mandamentos do Senhor, colocando-os em prática. Também nós hoje somos convidadas e convidados a guardar os mandamentos de Jesus, a praticar seus ensinamentos, a anunciar a Boa Nova da ressurreição, a expulsar o mal, a contagiar alegria.
Jesus, no Evangelho, nos diz ainda que rogará ao Pai para que nos envie outro Defensor. Ao dizer “outro”, o Senhor está também nos lembrando que é Ele mesmo nosso primeiro Defensor; Ele que, como Bom Pastor, protege e defende a nós que somos suas ovelhas, suas discípulas, seus discípulos. A este outro Defensor Jesus chama de “Espírito da Verdade”: “Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós”. Nós, que seguimos a Jesus, que guardamos seus mandamentos, conhecemos o Espírito Santo. Trilhando os caminhos do Ressuscitado, vamos aos poucos aprendendo a discernir a ação do Espírito da Verdade. Embora às vezes não lhe demos a devida atenção e não acolhamos suas insinuações, sabemos que o Espírito do Senhor está dentro de nós e permanece junto de nós, desejando conduzir-nos à verdade plena e nos recordando todas as palavras que Jesus nos disse.
Este mesmo Espírito que guiou Jesus em sua vida, que desceu sobre aqueles e aquelas que creram no anúncio de Felipe na Samaria, hoje continua a conduzir a Igreja, chamando-nos especialmente ao aprendizado de um modo de ser sinodal, mais próximo daquele vivido pelas primeiras comunidades cristãs, certamente mais próximo do que foi a vivência do próprio Jesus com seus discípulos e discípulas. E para que possamos realizar esse caminho é que Jesus renova hoje sua promessa: “Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós”. O Senhor Ressuscitado continua conosco neste peregrinar em que vamos buscando como ser hoje anunciadoras e anunciadores do Reino e, por isso, Ele nos diz:“Não vos deixarei órfãos”.
Não somos órfãos, porque Jesus, o Filho, partilhou conosco sua herança e, por graça, somos também filhos e filhas de um mesmo Pai. “Não vos deixarei órfãos”, “não vos deixei órfãos”. Por isso, “não deixem que irmãs e irmãos nossos vivam como órfãos”. Isso também nos diz Jesus hoje!
Quantas injustiças e quanta violência privam a tantos irmãos e irmãs de viverem a vida em abundância que é para todos! Quantas estruturas sociais corroídas pelo pecado e pelo mal institucionalizam e perpetuam sistematicamente situações de morte! Se o Espírito da Verdade está em nós e permanece em nós, não podemos compactuar com essas realidades. Guardar os mandamentos do Ressuscitado é também cuidar de muitos irmãos e irmãs que vivem como órfãos, desprovidos de amor, de consolo, de justiça, de alimento, de paz, de esperança... E, assim, as palavras de Jesus ressoarão em nós com ainda mais sentido: “Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”.
Hoje e em cada dia de nossas vidas, Jesus quer nos fazer participar de sua comunhão com o Pai, quer nos fazer experimentar a força de seu Espírito atuando nas nossas vidas! Por isso, o Ressuscitado se manifesta a nós. Deixemos ressoar as promessas que Jesus nos faz neste domingo e, acolhendo sua Palavra, sejamos também portadoras e portadores do seu Amor que é comunhão, da sua Verdade que liberta, do seu modo de defender a Vida que faz com que ninguém esteja fora da Casa do Pai!