8º domingo do tempo comum – Ano C – O bom tesouro de convicções e valores que transbordam em ações

Por: MpvM | 25 Fevereiro 2022

 

A liturgia deste 8º domingo do Tempo Comum nos apresenta uma imagem rica de sentido e que aparece na 1ª leitura, no salmo e no evangelho: a árvore. O salmo 91 vai comparar o justo à palmeira (mais especificamente à tamareira, muito presente em terras semitas e considerada sagrada por oferecer sustento aos povos no deserto) e ao cedro (que representava a grandeza, força e resistência) plantados na casa do Senhor. Aqueles que têm suas raízes no Senhor dão frutos sempre, mesmo na velhice, são vigorosos porque cheio de seiva, de vida.

 

A reflexão é de Carolina Mureb Santos, religiosa da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Ela é mestranda em teologia moral na Pontifícia Universidade de São Paulo - PUC-SP, membro do Grupo de Pesquisa PHAES (Pessoa Humana, Antropologia, Ética e Sexualidade) da PUC-SP e bacharel em Teologia, também pela PUC-SP. Além disso, é especialista em Ensino Religioso Escolar pela UNISAL e licenciada em Pedagogia pela PUC-SP. Atua no ministério da orientação espiritual e na formação de leigos/as e consagrados/as.

 

Eis o vídeo e o texto

 

 

 

Leituras do Dia
1ª Leitura - Eclo 27,5-8 (gr.4-7)
Salmo - Sl 91,2-3.13-14.15-16 (R. Cf. 2a)
2ª Leitura - 1Cor 15,54-58
Evangelho - Lc 6,39-456, 39-45

 

A liturgia deste 8º domingo do Tempo Comum nos apresenta uma imagem rica de sentido e que aparece na 1ª leitura, no salmo e no evangelho: a árvore. O salmo 91 vai comparar o justo à palmeira (mais especificamente à tamareira, muito presente em terras semitas e considerada sagrada por oferecer sustento aos povos no deserto) e ao cedro (que representava a grandeza, força e resistência) plantados na casa do Senhor. Aqueles que têm suas raízes no Senhor dão frutos sempre, mesmo na velhice, são vigorosos porque cheio de seiva, de vida.

 

O Justo, por excelência, é o Messias anunciado no Antigo Testamento e revelado no Novo Testamento em Jesus de Nazaré. Assim, Jesus nos ensina no Evangelho (Lc 6,39-456, 39-45) que o discípulo deve se parecer com o Mestre. Nossa configuração com Jesus, nosso Mestre, é progressiva, construída diariamente através da ação da graça e de nossas escolhas. Esta semelhança deve se desenvolver através de nossas palavras e atitudes.

 

Sobre as palavras, a 1ª leitura (Eclo 27,5-8) nos ensina: elas devem ser escutadas com atenção e peneiradas para se conhecer quem fala porque como pelo fruto se conhece árvore cultivada. Assim as palavras revelam o coração de quem as pronuncia. Seguir o exemplo de Jesus é se perguntar honestamente:

 

E não nos iludamos: nem sempre palavras retiradas da Bíblia e discursos em nome de Deus e que o citam promovem vida! Há discursos e mensagens com aparência religiosa, mas com finalidade bem diferente das palavras e do projeto de Jesus.

 

Com relação às atitudes, o evangelho nos dá um exemplo do que devemos evitar: a arrogância de se considerar melhor do que o(a) outro(a). Em certa medida, todos somos cegos porque dificilmente conseguimos enxergar e compreender tudo e todos. Temos pontos cegos, isto é, existem muitas perspectivas que escapam da nossa visão e compreensão. Além disso, nossos pecados e limitações podem ser maiores que o “cisco” do irmão e da irmã e nos impedir de ver com clareza.

 

Exatamente por isso, Jesus nos ensina que não devemos julgar e condenar. É importante lembrar que julgamento é diferente de correção fraterna, que Ele mesmo disse que devemos praticar, e que não se pode ser omisso em relação à verdade usando o discurso de “não querer julgar”.

 

Julgar, corrigir ou se omitir são ações que decorrem do que carregamos no mais profundo de cada um nós, por isso Jesus ensina que o “homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração”. Nosso coração deve ter um bom tesouro de convicções e valores que irão transbordar e se concretizar em ações, no modo como vivemos e nos relacionamos: “A boca fala do que o coração está cheio”.

 

Podemos nos perguntar:

 

Por fim, a 2ª leitura (1Cor 15,54-58) nos recorda que a conversão é processo: um árvore leva tempo para crescer, estender suas raízes com profundidade, fazer circular a seiva que irá nutri-la e fazê-la dar folhas, flores e frutos. Da saúde das raízes depende a vida da árvore. Da nossa união com o Senhor e comprometimento em viver seus ensinamentos depende a mudança de nossa vida e a construção do Reino. São Paulo, em toda a sua sabedoria, nos estimula: “Sede firmes e inabaláveis, empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos que vossas fadigas não são em vão, no Senhor”.

 

Renovar nosso empenho na obra do Senhor que somos todos nós, parece uma boa proposta para o tempo da Quaresma que iremos iniciar. Toda árvore precisa de poda e de cuidado para crescer forte, sadia e do jeito adequado à sua natureza.

 

Que a liturgia deste domingo nos ajude a rezar a nossa vida e pedir ao Senhor que aumente nosso desejo de sermos semelhantes ao Mestre, que nos ajude a identificar as podas que devemos fazer em nossas palavras e atitudes e que encha nosso coração com sua graça para sermos transparência do Seu amor, da Sua bondade e misericórdia neste país tão sofrido no qual vivemos.

 

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