Por: Jonas | 18 Agosto 2012
A saúde não tem preço: “Mais respeito pelos direitos”. No Peru se intensifica o enfrentamento e o L’Osservatore Romano apoia os católicos de Cajamarca contra o projeto de mineração Conga, que ameaça o ecossistema da região e coloca em perigo a saúde dos habitantes.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 16-08-2012. A tradução é do Cepat.
Uma chamado à responsabilidade foi enviada pelos mediadores católicos: o arcebispo de Trujillo, dom Miguel Héctor Cabreros Vidarte e o sacerdote Gastón Garatea, que trabalham na tentativa de diálogo entre o Governo peruano e os dirigentes cívicos de Cajamarca, após o anúncio da prorrogação de mais 30 dias de estado de emergência, proclamado em três províncias que se opõem ao controvertido projeto de mineração.
O arcebispo Cabrejos Vidarte e o padre Garatea exortaram à população para “aprender a resolver os problemas dentro de um clima de tolerância e respeito à dignidade humana”, após a reação do governador regional, Gregorio Santos, à ampliação da medida, rejeitando retornar à mesa de negociações. Numa nota, os mediadores da Igreja peruana responderam Santos, convidando-lhe a continuar nas difíceis negociações, “para propiciar que as partes que se enfrentam se escutem”.
Segundo declarações do Ministro do Interior, Wilfredo Pedraza, o governo peruano justificou a medida definindo-a como necessária para “garantir as atividades dos cidadãos que não estão envolvidos no conflito social e para manter a segurança”. Isto depois que, no último mês, a mobilização contra o chamado projeto Conga, um plano avaliado em quase cinco bilhões de dólares, que visa desfrutar os recursos auríferos locais, degenerou em graves batalhas entre as forças de segurança e os manifestantes, com pelo menos cinco mortes e dezenas de feridos. Para o governador de Cajamarca, a prorrogação do estado de emergência “coloca fim aos progressos obtidos”, graças aos mediadores.
Enquanto isso, para os dias 21 e 22 de agosto, foi anunciada uma nova mobilização também nas três províncias em que foram suspensas as liberdades constitucionais: Cajamarca, Celendín e Hualgayoc, segundo o jornal da Santa Sé. “Faremos uma greve de 48 horas – destacou o dirigente social Idelso Hernández – e conseguiremos que nos escutem. O Governo enganou aos cidadãos”. Segundo Hernández, “o trabalho dos mediadores chegou ao fim”.
Temendo danos irreversíveis às fontes hídricas locais, há algum tempo Cajamarca se opõe ao projeto Conga, promovido pela empresa mineradora estadunidense “Newmont”, que trabalha na área desde os anos 1990, e que se considera a maior mina de ouro da América Latina. Assim, pois, a situação no Peru é cada vez mais tensa, por causa do contravertido projeto de mineração da região peruana de Cajamarca. O projeto, durante as últimas semanas, foi objeto de manifestações hostis durante as quais morreram cinco pessoas, mas pôde contar também com o apoio silencioso de boa parte da população local, uma das mais pobres do país.
O plano de desenvolvimento da mina de ouro de Conga, preparado pela sociedade americana Newmont, de fato, representa o maior investimento do setor, em todo o país (4,8 bilhões de dólares). “É o mais importante de todos os que foram apresentados, em Cajamarca, em mais de 20 anos”, disse Luis Guerrero, ex-prefeito e líder do Coletivo por Cajamarca. O Coletivo, que reagrupa os residentes e comerciantes da cidade que são a favor do projeto, rejeita os argumentos de seus adversários, de que a água desta cidade de 230.000 habitantes seria contaminada com a nova mina. “Não”, assegurou Guerrero, “a água não seria contaminada, não há alumínio na água, está muito abaixo das normas internacionais”, acrescentou o ex-prefeito, justificando que o projeto continua sendo uma prioridade para o Peru. Segundo Guerrero, estariam em jogo numerosos interesses políticos nas manifestações pela água, e “o argumento de que a água poderia ser contaminada não é mais que outra forma de enganar as pessoas pobres”.
“Nós não somos contra a mina, mas contra a contaminação provocada por esta”, comentou um morador do lugar, que é contra o projeto. Na região foi decretado Estado de emergência. O presidente peruano Ollanta Humala deixou nas mãos de dom Miguel Cabrejo, bispo de Trujillo, a missão de mediação.
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O projeto de mineração no Peru e a peleja entre Igreja e Governo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU